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Rio de Janeiro - O presidente do Comitê Organizador Local (COL), José Maria Marin, durante lançamento do poster oficial da Copa de 2014, que foi apresentado pelos embaixadores do evento

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CBF defende Marin sobre caso Vladimir Herzog

Criado em 15/03/13 19h51 e atualizado em 29/05/15 13h25
Por Leandro Melito - Portal EBC

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Rio de Janeiro - CBF defende o presidente da instituição José Maria Marin em seu site oficial (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

Depois de afirmar que o abaixo assinado que circula na internet pedindo a saída de José Maria Marin da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não dizia respeito à instituição,  a CBF publicou em seu site nesta quinta-feira (14) um comunicado com o título Desmascarando uma Falsidade em que nega que Marin tenha participado da perseguição ao jornalista Vladimir Herzog, assassinado por oficiais do regime militar em 1975.

“Desenvolve-se pela imprensa torpe campanha, visando a tentar desestabilizar a atuação do Sr. José Maria Marin à frente da Presidência da CBF” diz o comunicado que atribui a as matérias veiculadas sobre o assunto a “pseudos-jornalistas” que “empenharam-se na desmoralização de pessoas de bem, para satisfazer maus instintos, entretendo-se em atirar, em quem os mira de cima, a lama em que chafurdam esses delinquentes”.

Com quase 40 mil assinaturas, a campanha na intenet pela saída de Marin da CBF foi uma iniciativa de Ivo Herzog, filho do jornalista assassinado, após o conhecimento de falas de Marin na Assembleia Legislativa de São Paulo em que pedia que o governo paulista tomasse “providências” em relação ao jornalismo da TV Cultura, dirigido por Vladimir Herzog, que era acusado de infiltração comunista.

“A CBF afirmava que o assunto não dizia respeito a eles e que não iria responder, então agora passou a ser um assunto e eles terão que responder”, afirmou Ivo que espera a petição online alcançar 50 mil assinaturas para entregá-la às confederações de futebol em todo o país e à própria CBF.

Câmara dos Deputados

O tema esteve presente no Congresso Nacional nesta quinta-feira (15), na voz do deputado federal  Romário (PSB-RJ). “As suspeitas sobre o Presidente da CBF são graves e constrangedoras. Nós, atletas e ex-atletas, ficamos muito desconfortáveis com esse tipo de situação, principalmente num momento em que o Brasil se expõe ao mundo, ao se preparar para receber megaeventos esportivos', disse o deputado.

“Será que merecemos ter à frente do nosso esporte mais querido, mais popular, um esporte que orgulha o nosso povo, uma pessoa suspeita de envolvimento, ainda que indireto, com tortura, assassinato e a supressão da democracia?”, questionou Romário. O deputado solicitou uma audiência pública com a presença da Comissão Nacional da Verdade para discutir temas relacionados à ditadura e ao futebol.

Discursos

Audálio Dantas no velório de Vladimir Herzog
Audálio Dantas, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo em 1975 durante o velório de Vladimir Herzog (Acervo Instituto Vladimir Herzog)

A polêmica teve início com o resgate de um discurso feito por Marin à época em que era deputado estadural por São Paulo. Ele apoiou a fala do também Wadih Helu, que pedia medidas contra elementos de esquerda no Canal 2, cujo departamento de jornalismo era comandado por Vladimir Herzog. “Temos lido semestralmente na Coluna Um, de Cláudio Marques, denúncias de infiltração de elementos de esquerda no Canal 2”, disse o deputado da Arena, partido que deu sustentação política ao regime autoritário.

José Maria Marin, correligionário de Helu pediu um aparte que concluiu da seguinte maneira. “É preciso mais do que nunca uma providência, a fim de que a tranquilidade volte a reinar não só nesta Casa, mas principalmente, nos lares paulistanos”. O discurso foi feito em 09 de outubro de 1975. No dia 25 daquele mês Vladimir Herzog se apresentou ao Doi-Codi em São Paulo, órgão de repressão do regime militar, de onde não saiu com vida.

“Esse discurso veio num contexto que era de uma campanha jornalística encomendada pelos militares que dizia que a imprensa estava infestada pelos comunistas”, lembra Audálio Dantas, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo na época do assassinato de Vladimir Herzog.

Autor da biografia As Duas Mortes de Vlado Herzog, publicada ano passado, Audálio não incluiu o aparte em seu livro por considerar um trecho menor no sentido histórico, “ele era apenas um serviçal menor da ditadura, aproveitou a oportunidade do discurso para agradar os militares”,  mas considera que a fala mostra a responsabilidade de Marin na perseguição ao jornalista. “Foi apenas um aparte, mas um aparte ofensivo, ele tem responsabilidade”.

Audálio considera que Marin fazia o papel de circular a voz da linha dura do regime militar com uma aparência de democracia. “Esses auxiliares estavam aí para fazer circular as vozes dos porões da ditadura militar”.

Atestado de óbito

A família de Vladimir Herzog recebeu nessa sexta-feira (15) o atestado de óbito que reconhece e aponta como causa da morte lesões e maus-tratos sofridos por Herzog durante interrogatório no DOI-Codi, orgão de repressão do regime militar. Na versão anterior, sustentada pelo Exército na época, a causa apontada foi asfixia mecânica por enforcamento, indicando que o jornalista teria cometido suicídio.

O Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo foi a primeira entidade a questionar publicamente a versão da morte de Vladimir Herzog por meio de um comunicado veiculado em seu jornal em que pedia esclarecimentos do Estado com relação à morte do jornalista.

Creative Commons - CC BY 3.0

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