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Stuart Angel

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Comissão da Verdade quer esclarecer circunstâncias da morte de Stuart Angel

Criado em 30/05/14 16h40 e atualizado em 30/05/14 17h31
Por Isabela Vieira Edição:Luana Lourenço Fonte:Agência Brasil

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) deve lançar novo relatório sobre a morte do ativista político Stuart Angel Jones. O objetivo é esclarecer as circunstâncias da morte do jovem, desparecido aos 25 anos, e o destino dado ao corpo dele, depois de uma série de torturas. A informação foi divulgada hoje (30) pelo presidente da comissão, Pedro Dallari, que fez uma diligência pericial na Base Aérea do Galeão, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Ele espera que o novo relatório sirva de referência para abertura de inquérito criminal pelo Ministério Público.

“Aqui foi um centro de tortura e, possivelmente, de morte. O caso de Stuart Angel, por exemplo, é um caso em que a comissão está com muita convicção que ele morreu aqui. E isso é um indicativo da relevância dese lugar do ponto de vista da repressão”, disse Dallari. Ele esteve na no local para identificar quatro pontos de tortura e prisão ilegal na base, ao lado de José Carlos Dias, Maria Rita Kehl e Rosa Cardoso, que também integram a comissão, além peritos, ex-presos políticos e testemunhas de tortura. 

Integrante da luta armada, Staurt Angel, filho da estilista Zuzu Angel, foi preso e levado para as dependências da base área, onde foi "terrivelmente torturado", segundo relataram outros presos políticos da unidade, citados em relatório preliminar da CNV, de fevereiro de 2014. Em carta à Zuzu na epoca da morte do jovem, Alex Polari de Alvarenga, preso no mesmo local, contou que viu Stuart depois de sair do pau-de-arara, “com a pele já esfolada”, amarrado e obrigado a inalar gás de escapamento de uma viatura.

Convidado a participar da diligência, o ex-cabo da Aeronáutica José Bezerra da Silva, uma das testemunhas de que Stuart foi torturado na unidade, reafirmou ter visto o ativista ainda vivo "entrar em uma ambulância". Ele indicou aos peritos da comissão o local exato onde o jovem foi colocado na viatura. “Foram torturando ele pelo caminho, da ambulância até o dentista [torturador]. Lá tiraram o capuz da cabeça dele, ele estava apavorado, e vi que tinha grandes hematomas no rosto. Daí, me tiraram de lá e não vi mais”, contou.

Silva também confirmou a versão de que Stuart foi arrastado e colocado para respirar no escapamento de uma viatura. “Eu não vi, mas ouvi os comentários na manhã seguinte, porque o rapaz morreu de madrugada. Os colegas e o motorista do jipe comentaram que os torturadores mandavam acelerar e ele [o motorista] acelerava”, afirmou. Na ocasião, o ex-cabo criticou a brutalidade da prática com os colegas e acabou sendo retaliado e submetido a uma sessão de tortura na unidade.

Para complementar o relatório sobre a morte de Stuart Angel, a CNV também espera receber da Aeronáutica, até agosto, o resultado de uma sindicância. Conhecido como “República da Galeão” nos testemunhos prestados por uma série de ex-presos políticos, a estimativa é que centenas de ativistas contrários o regime militar tenham sido torturados no local. “Mesmo a época, a tortura era ilícita, essa é uma prática que nunca foi legalizada”, destacou o presidente da CNV. 

A partir do novo relatório sobre a morte de Stuart,  Dallari espera  que o Ministério Público Federal possa abrir inquérito para responsabilizar criminalmente militares da Aeronáutica envolvidos no caso. O mesmo procedimento foi usado para processar os envolvidos no atentado do Riocentro e na morte deputado Rubens Paiva – também torturado na unidade e sobre o qual a CNV também produziu um relatório específico.

A Base Aérea do Galeão é uma das sete unidades militares onde a tortura era uma prática institucionalizada, segundo a CNV. Para investigar a prática, o Ministério da Defesa ordenou a abertura de sindicâncias administrativas. A Aeronáutica não comentou a tortura na base do Galeão e a morte de presos políticos. Em nota, aformou que mantém relação colaborativa com a CNV.

Editor Luana Lourenço

Creative Commons - CC BY 3.0

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