one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Meninos e meninas que vivem nas ruas do Distrito Federal acusam policiais militares de agressão física e sexual

Imagem:

Compartilhar:

Moradores de rua de Brasília denunciam higienização social por causa da Copa

Criado em 20/06/14 16h22 e atualizado em 20/06/14 16h53
Por Edwirges Nogueira - Repórter do Radiojornalismo da EBC Edição:Luana Lourenço Fonte:Agência Brasil

 

O Brasil inteiro está no clima da Copa do Mundo, mas, como também acontece em outras cidades-sede,  pessoas em situação de rua que vivem no Distrito Federal não se sentem contemplados com a festa do futebol mundial.

Para Francisco* e Paulo*, que vivem nas ruas de Brasília, a repressão demonstra que eles não foram convidados para a festa. “Nós que somos da rua, estamos sendo escorraçados, na verdade eles querem a gente longe dessa Copa, querem tirar nosso direito de ir e vir”, desabafou Francisco. Paulo também lamenta a perda da liberdade. “Essa liberdade a gente perdeu com a Copa. Eu já tô na rua, e eu não posso ficar a aqui, eu vou pra onde?”, questionou.

No começo de junho, o Ministério Público do Distrito Federal (MP-DF) enviou uma recomendação ao governo do Distrito Federal para que os órgãos que fazem abordagem e acolhimento de pessoas em situação de rua tenham respeito com essa população durante o período do Mundial.

Segundo o promotor Thiago Pierobom, o MP está acompanhando as ações do governo local. “A grande preocupação do Ministério Público é que, no momento em que essas pessoas forem abordadas na rua, especialmente nesse momento de Copa do Mundo, elas não sejam simplesmente obrigadas a sair da rua e a entrar nos abrigos.”

Apesar da recomendação, profissionais e voluntários que atuam com esse público já perceberam a ausência de grupos que antes eram encontrados em alguns locais da capital. “A gente notou essa diferença, notou que os moradores de rua estão sumindo e os que estão permanecendo no lugar estão sendo alvo de violência. Tanto se fala em legado da Copa, mas o único legado que a gente tem visto é a higienização da população de rua”, avaliou o orientador social de uma das equipes do projeto Cidade Acolhedora,  Rafael de Souza, que já viveu na rua.

“A gente nota que há uma ameaça. Eles ficam com medo e vão procurando locais mais distantes até passar o evento. Depois que passar, eles voltam”, contou Maria do Socorro Nery, voluntária em um grupo de abordagem a pessoas em situação de rua.

O Centro Nacional de Direitos Humanos da População de Rua encaminhou denúncia ao MP-DF sobre o desaparecimento de algumas pessoas que vivem nas ruas, especialmente na área central de Brasília. Os casos já estão sendo investigados pelo órgão.

A Copa do Mundo motivou a A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do Distrito Federal (Sedest)  a antecipar a criação de vagas para abrigar pessoas em situação de rua. Cem novas vagas destinadas a adultos e famílias e 20 para crianças e adolescentes foram criadas.

A coordenadora de Proteção Social Especial, Meire Lia Lima, no entanto, negou que a ação do órgão tenha a intenção de esconder a realidade e garantiu que as pessoas não estão sendo abrigadas à força. “De maneira alguma é feita ação de retirada de população em situação de rua ou de qualquer outro público do espaço da rua. Essa é uma oferta dentro da perspectiva da garantia do direito da proteção social especial, que é garantir um espaço onde a pessoa possa ter uma proteção integral”, argumentou.

Sobre os casos de violência praticada contra a população em situação de rua, a Sedest e a Polícia Militar orientam que as denúncias sejam encaminhadas para a Corregedoria da Polícia e para órgãos de defesa de direitos, como Defensoria Pública e Ministério Público.

 

* Paulo e Francisco são nomes fictícios e foram usados para preservar a identidade dos entrevistados

Editor Luana Lourenço

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário