one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

Comissão da Verdade lembra expulsão de professores da USP durante ditadura

Criado em 11/09/14 09h19 e atualizado em 11/09/14 09h28
Por Camila Maciel Edição:Talita Cavalcante Fonte:Agência Brasil

O legado da repressão exercida contra professores e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) durante a ditadura militar foi tema de audiência pública da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, da Assembleia Legislativa. A expulsão de professores nos anos do regime (1985 – 1964) foi citada como uma marca que tem repercussões atuais na rotina universitária. “Grande nomes foram afastados e não se criaram ciclos necessários ao desenvolvimento científico. Tinha-se um ambiente cheio de reacionários. Pessoas que deduravam os colegas e estudantes”, relatou ontem (10) o professor Modesto Carvalhosa, que integrou a primeira diretoria da Associação dos Docentes da USP (Adusp).

Leia também no Portal EBC: 

Comissão da Verdade realiza debate na USP

Trabalho infantil no Brasil está em queda, mas ainda é grave para especialista

A professora Janice Theodoro, que compõe a Comissão da Verdade da USP, avalia que houve perda com a saída tanto de intelectuais da universidade quanto daqueles proibidos de assumir cargos públicos mesmo que aprovados em concurso. “Uma geração de alunos e pesquisadores que poderiam questionar um tipo autoritário dentro da universidade foram calados. Todos eles eram pessoas que, de alguma forma, estavam compondo grupos de pesquisa, de liderança e de exemplo moral. Essa geração é substituída por um grupo que tem outro perfil, que sobrevive a essa grande limpeza [do regime militar]”, apontou. Ela acredita que essa ausência se expressa, por exemplo, em atitudes violentas praticadas por alguns estudantes.

O professor Carvalhosa destacou que os processos de expulsão eram uma das principais causas de tensão entre a entidade sindical e a reitoria. Ele explica que, no primeiro estágio de cassações, de 1964 a 1968, as expulsões ocorriam por meio de uma comissão para esse fim dentro da USP. No segundo período, o professor explica que ocorreram cassações de aposentadorias de pesquisadores da USP.

“[Na terceira fase], era a cassação branca. Havia uma comissão, a qual se sujeitava o reitor da época, que aceitava que nenhum docente poderia ser nomeado se não passasse pela triagem do Dops [Departamento de Ordem Política e Social]”, completou.

Durante a audiência, também foi lembrado que o Regime Disciplinar da USP permanece o mesmo de 1972, o qual prevê sanções a professores ou estudantes que promovam manifestação ou propaganda político-partidária. “Esse dispositivo foi aplicado a mais de uma centena de estudantes e funcionários nos últimos anos”, explicou ao advogado Renan Quinalha, membro da comissão estadual. Ele destacou que esse dispositivo já foi considerado inconstitucional em processo judicial que recorria a essa norma.

O professor Walter Coli leu em plenário uma carta anônima redigida em 1964, a qual delata docentes e estudantes que assumiam uma atitude constetatória na Faculdade de Medicina, onde ele atuava. “Havia uma disputa entre correntes ideológicas, que o golpe levou a balança para o lado que conhecemos. Esse era o clima que existia dentro da USP naquela época”, apontou. De acordo com ele, essa carta serviu para que o regime montasse uma lista de perseguidos da Faculdade de Medicina – uma das unidades com maior número de professores cassados no período.

Editor: Talita Cavalcante

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário