one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

Conselheira é ameaçada de morte por falar sobre casos de abuso sexual em Goiás

Criado em 21/04/15 15h27 e atualizado em 21/04/15 15h44
Por Juliana Cezar Nunes Fonte:Radioagência Nacional

Moradores e quilombolas da comunidade Kalunga de Cavalcante, em Goiás, querem justiça e políticas públicas para combater o trabalho doméstico infantil, o abuso e a exploração sexual de meninas na região. Durante audiência pública promovida na cidade nesta segunda-feira (20), pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, cerca de 300 pessoas protestaram contra esses crimes.
Desde janeiro, a Polícia Civil de Cavalcante concluiu dez inquéritos sobre abuso e exploração sexual de meninas, mas até agora apenas um acusado de violações está preso. A conselheira tutelar Evanir Soares de Souza contribuiu com as investigações e deu algumas entrevistas sobre os casos à imprensa. Depois disso, recebeu ligações com ameaças de morte.
 
“Falaram que nós tomasse cuidado com o que a gente divulgasse com a mídia porque se não nós tínhamos consequência disso aí.” A conselheira tutelar também revela que a sede do conselho foi alvo de criminosos. "Depois dessa divulgação toda que a mídia teve aqui, foi arrombada a porta do conselho e foi sumido vários relatório que a gente não encontrou. Alguns a gente recuperou no Ministério Público, outros ainda estão em falta ainda", relata Ivani.
 
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara vai solicitar ao Conselho Nacional de Justiça um acompanhamento dos processos judiciais de Cavalcante, especialmente aqueles que envolvem políticos locais. O presidente da Comissão, deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS), também pretende se reunir com o Ministério da Justiça para avaliar a necessidade de envolvimento federal nas investigações. O parlamentar teme que denúncias apresentadas na audiência pública aumentem as ameaças contra a população.
 
"Nós vamos atuar nesse acompanhamento para que efetivamente qualquer ameaça a qualquer pessoa que tenha participado desse evento seja considerada uma ameaça à comissão, portanto crime de responsabilidade da PF e da Força Nacional de Segurança, caso seja necessário", disse o deputado.
 
Quilombola da comunidade do Engenho, Dalila Reis Martins, de 28 anos, conta que meninas kalungas vem sendo submetidas há décadas ao trabalho infantil e abuso sexual. Muitas delas seriam vítimas de uma rede de aliciadores que levaria meninas quilombolas para Brasília e Goiânia. Dalila passou por essas violações durante a infância e a adolescência. Foi submetida a trabalho infantil em Cavalcante e Brasília. Hoje trabalha para acolher outras meninas quilombolas na mesma situação.

"Já ajudei oito meninas, nove com a última agora, já ajudei a sair das casas das pessoas. É PM, é gente que trabalha no Ministério Público, é gente que trabalha na Esplanada, é advogado que sabe que não pode fazer isso" relata Dalila.
 
A Polícia Civil de Cavalcante ainda não possui inquéritos abertos para investigar a possível existência de uma rede de aliciadores de meninas quilombolas. O Ministério Público local, no entanto, confirma que tem recebido denúncias sobre meninas que são levadas da comunidade quilombola Kalunga para Brasília e Goiânia.
 
A comunidade Kalunga foi criada a partir da luta de africanos escravizados na região onde hoje se situam os municípios goianos de Teresina, Cavalcante e Monte Alegre. Trata-se do maior território quilombola já identificado no Brasil, com cerca de 8 mil pessoas. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara vai solicitar aos governos estadual e federal que intensifiquem as políticas públicas de proteção à infância na região.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário