one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


mulheres

Imagem:

Compartilhar:

Pesquisa aponta que 77% das mulheres já sofreram assédio físico

Criado em 21/05/15 20h40 e atualizado em 22/05/15 14h56
Por Elaine Patricia Cruz Edição:Armando Cardoso Fonte:Agência Brasil

Pesquisa da organização Énóis Inteligência Jovem indica que o espaço público é o ambiente mais citado por jovens mulheres como local em que não há segurança ou em que elas se sentem mais desrespeitadas como mulheres. Realizada com jovens de 14 a 24 anos, a consulta foi divulgada nesta quinta-feira (21), durante o 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres, em São Paulo.

De acordo com a entidade, cerca de 94% das entrevistadas relataram que já foram assediadas verbalmente nas ruas e 77% relataram que o assédio foi físico, desde estupro até o toque ou beijo forçado na balada.

 

Ativistas feministas defendem direitos das mulheres durante a passeata Marcha das Vadias na praia de Copacabana (Fernando Frazão/Agência Brasil)

De acordo com a pesquisa, 94% das mulheres entrevistadas já foram assediadas verbalmente nas ruas (Foto: Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil)

“Desses 77%, 10% sofreram algum tipo de assédio por familiar ou dentro de casa, o que é um número gravíssimo”, disse Érica Teruel, do Énois Inteligência Jovem, organização que trabalha principalmente com temas relacionados à educação envolvendo jovens, especialmente os de periferia.

Dos episódios de assédio físico, 72% ocorreram com desconhecidos em transporte público, baladas ou parques, entre outros ambientes. “Essa menina não se sente à vontade no espaço público. Ela vai para a rua e é assediada o tempo inteiro. Ela não é respeitada, o que acaba tendo consequência no dia a dia dela”, informou Érica.

O estudo apontou também que nove em cada dez mulheres já deixaram de sair à noite ou usar determinada roupa por medo da violência. 

“As mulheres conquistaram muitas coisas, mas, infelizmente, na infância e na adolescência ainda temos uma educação muito machista, que impede e tolhe a liberdade dessas meninas. Quando se fala que 'isso não é coisa de menina', a consequência é direta no desenvolvimento, na carreira que ela vai escolher, na vida sexual e na vida afetiva”, afirmou.

“As mulheres foram educadas para ter esse medo pela família, pela mídia e por uma série de fatores externos. isso é terrível. Efetivamente existem mensagens específicas para a mulher e para o homem. A pesquisa mostrou que, durante a infância, elas aprendem que o menino pode tudo e elas não. É um fator cultural, de tradição e herança. É isso que a gente tem de mostrar. Temos de mostrar esse horror e colocar alguma luz sobre isso", informou Ivo Herzog, diretor do Instituto Vladimir Herzog.

Entre as entrevistadas, 41% revelaram ter sofrido agressão física por homem. Segundo o Énóis Inteligência Jovem, 51% dessas agressões foram praticadas por algum familiar, 38% por parceiros e 23% por amigos. A pesquisa indicou ainda que 47% das mulheres consultadas já foram forçadas a ter relações sexuais com seus parceiros.

Denominada #Mulherpodetudo - como o machismo e a violência contra a mulher afetam a vida das jovens das classes C,D e E, a pesquisa ouviu 2.285 jovens de 370 cidades brasileiras, com idades entre 14 e 24 anos e renda familiar de até R$ 6 mil.

“A maioria das mulheres nasceu após 1995 e tiveram esse tipo de educação [machista]. Para mudar, temos de contar com a escola, que é um instrumento muito importante e com políticas públicas para atingir essas meninas”, explicou Érica Teruel.

Segundo ela, a pesquisa foi feita em duas etapas. Na primeira, 20 jovens de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Belém e Porto Alegre foram entrevistadas de forma mais aprofundada. “Com base nessas entrevistas, desenvolvemos um questionário publicado online e convidamos para participar meninas de diversas partes do Brasil. Nossa intenção era entender como a violência contra a mulher e o machismo afetam a vida das jovens.”

A pesquisa será publicada em um ebook a ser lançado pela organização. O 1º Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres, no Sesc Pinheiros, foi elaborado pelos institutos Vladimir Herzog e Patrícia Galvão, em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, ONU Mulheres e Fundação Ford. O objetivo do evento é estimular um pacto global de não tolerância à perpetuação da cultura de violência contra as mulheres.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário