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Alerj quer evitar operações policiais nos horários de entrada e saída de escolas

Criado em 19/06/15 17h02
Por Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil Edição:Maria Claudia Fonte:Agência Brasil

Uma reunião entre autoridades policiais, diretores de creches e de escolas da Rocinha, favela da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, será feita em julho para debater sobre operações policiais na favela e tentar evitar que elas ocorram nos mesmos horários de entrada e saída de crianças nas escolas. A ideia é da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que pretende convidar ainda produtores socioculturais e movimentos sociais.

A coincidência de operações policiais e os horários das crianças é um dos problemas relatados ao deputado Marcelo Freixo (Psol) pela família do jovem Wesley Barbosa, de 13 anos, atingido por uma bala perdida de raspão, na última quarta-feira, em casa. Presidente da comissão, o deputado  recebeu a mãe do menino, Claudionora Barbosa da Silva, preocupada com a situação.

“As operações são sempre nos mesmos horários. Ou 6h da manhã, quando está todo mundo indo para a escola, para o trabalho, e meio-dia ou quatro horas, quando estão saindo”, destacou. Para Claudionora, os serviços de inteligência deveriam propor horários que reduzissem o risco de colocar os mais vulneráveis em eventual linha de tiro. “Eles [as polícias] entram [na favela], tem o confronto, e quem paga [com risco de morte] somos nós, os moradores”, afirmou.

O filho dela, Wesley, estava na janela, de manhã, quando foi atingido. O projetil, que passou de raspão no olho dele, poderia ter atingido a própria, se não tivesse sido desviado.

Durante o encontro com o deputado, a professora Adriana Pirozzi, uma das lideranças comunitárias da Rocinha, confirmou que a coincidência entre as operações e a saída das crianças é frequente. “Uma vez, eu reclamei com um policial e ele me mandou fazer um abaixo-assinado, e apresentar ao comandante da polícia. Disse que cumpria ordens, e não ia suspender a ação”, revelou.

Adriana também reclamou da falta integração entre as polícias e contou que a delegacia da área não sabia da operação que o Comando de Operações Especiais (COE) realizava no dia em que Wesley foi atingido. “Ou seja, nem eles mesmos sabem o que estão fazendo”, declarou.

O deputado Marcelo Freixo procurou o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) para compreender o contexto da operação, e confirmou que os policias da área também não foram informados da operação do COE, o que considerou preocupante.

“Quando o delegado 11ª Delegacia não tem conhecimento da operação – ou seja, não tinha mandado [de busca, apreensão ou prisão] – você percebe que não era uma operação cuidadosa”, disse. Segundo ele, é preciso rever procedimentos. “Não importa de onde veio o tiro, mas o fato de termos uma criança ferida, que poderia ter sido mais morta em casa”, disse Freixo.

A Polícia Militar confirmou, por meio de nota, que a operação na Rocinha começou cedo, às 5h, sem dar explicações sobre a coincidência com o horário das escolas e e das pessoas saem para trabalhar na comunidade. Sobre a falta de integração, justificou que a “comunicação [com outros órgãos policiais] trata-se de uma ação estratégica a Polícia Militar”.

A comissão da Alerj vai encaminhar o menino Wesley para atendimento psicológico, por meio do governo do estado, e solicitar pagamento de aluguel social para que a família mude de casa. Segundo os pais do jovem, que tomou 34 pontos no rosto, ele está traumatizado.

Editor Maria Claudia
Creative Commons - CC BY 3.0

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