one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

Protesto contra redução da maioridade penal marca 25 anos do ECA em São Paulo

Criado em 13/07/15 20h54 e atualizado em 13/07/15 21h33
Por Bruno Bocchini Edição:Armando Cardoso Fonte:Agência Brasil

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é considerado internacionalmente como uma legislação exemplar no tratamento da criança e do adolescente. Entretanto, o ECA, que comemora nesta semana 25 anos de sanção, poderá estar em risco diante da decisão pela redução da maioridade penal, segundo entidades e organizações que realizaram hoje (13) uma série de manifestações na capital paulista em defesa do estatuto e contra a redução da maioridade penal.

Entre outras entidades, participaram da manifestação a União das Associações dos Moradores Heliópolis, Aldeias Infantis SOS, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Pastoral do Menor, Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, Conselho Nacional dos Direitos Humanos, Centro de Defesa das Crianças e do Adolescente de Interlagos e de Sapopemba, Levante Popular da Juventude, Mudança de Cena, e o Grupo Tortura Nunca Mais.

“O estatuto será reinterpretado a partir da redução da maioridade penal. A proteção especial que temos hoje, de 16 e 17 anos, poderá se perder”, de acordo com Ariel de Castro Alves, coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos e membro do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente de São Paulo.

“Como proteger adolescentes diante do consumo de bebidas alcoólicas se ele já é considerado maior de idade para efeitos criminais? Como proteger diante dos acidentes de trânsito se eles podem passar a dirigir veículos, porque o requisito do Código de Trânsito é que sejam imputáveis?”, destacou Alves.

Relatório divulgado hoje pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) indica que, desde a aprovação do ECA, o Brasil reduziu em 64% a evasão escolar de crianças e adolescentes no ensino fundamental, passando de 19,6% dos alunos matriculados, em 1990, para 7%, em 2013.

Para o Unicef, a implementação do estatuto ajudou a reduzir a mortalidade infantil, que, em 1990, caiu de 47 óbitos de menores de 1 ano por mil nascido vivos para 15, em 2011.

No início da tarde, os manifestantes concentraram-se na região do Vale do Anhangabaú e seguiram em passeata atá a Praça da Sé, onde fizeram um ato público. Discursos de representantes das entidades organizadoras se intercalaram com apresentações culturais.

“Primeiro, precisamos reconhecer os avanços do estatuto para o Brasil. A redução do trabalho infantil é um avanço importante, assim como a redução da gravidez na adolescência e a diminuição da mortalidade infantil. O grande problema é que essas mortes foram prorrogadas, porque a criança não morre ao nascer, mas muitas vezes está morrendo na adolescência”, esclareceu Castro.

Os dados do Unicef mostram que os homicídios de adolescentes cresceram 110% de 1990 a 2013, passando de 5 mil para 10,5 mil casos por ano. Conforme o relatório, com base nos números do Ministério da Saúde, 28 crianças e adolescentes foram assassinados por dia em 2013.

“Entendemos que o Congresso deveria se preocupar com esses índices que o Unicef divulgou hoje”, explicou Ariel Castro. “Reduzir a maioridade penal seria reconhecer que somos incompetentes para educar e para incluir socialmente as crianças e adolescentes e, por isso, resolvemos encarcerá-los”, acrescentou.

"Estamos em um cenário de desafio político. Essa mobilização é para mostrar que tem muita gente que não concorda com a redução e que crê que efetivar o ECA é dar mais acesso aos direitos. O que o ECA trouxe para o adolescente em conflito com a lei é um paradigma humano de como tratá-lo”, disse Pedro Hartung, do Instituto Alana.

Veja a evolução das discussões sobre os direitos das crianças e dos adolescentes no país:

 

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário