one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Imagem: César Muñoz Acebes/Human Rights Watch

Compartilhar:

Violência dentro das prisões reflete na sociedade, alerta ONG

Criado em 20/10/15 16h03 e atualizado em 07/07/16 14h52
Por Daniel Mello Edição:Maria Claudia Fonte:Agência Brasil

A organização não governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) alerta que a violência dentro dos presídios reflete em insegurança para a sociedade de forma geral. “As prisões são um foco de insegurança do lado de fora”, disse o pesquisador chefe da entidade, César Muñoz, após apresentar o relatório que mostra o caos das penitenciárias em Pernambuco.

Segundo a entidade, o estado tem as celas mais superlotadas do país.

A Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos informou que a população carcerária pernambucana é de 31.919 detentos para 11.196 vagas. Além do excesso de presos, a ONG denuncia que parte do controle das cadeias foi repassada para condenados conhecidos como “chaveiros”, que tem as chaves das alas e impõe a disciplina sobre os demais. Esses administradores informais também dominam a venda de drogas dentro das penitenciárias e cobram por colchões.

A insalubridade foi outro ponto de destaque no documento da Human Rights Watch. Em alguns presídios visitados foram encontrados banheiros entupidos, lixo espalhado e falta de água corrente. Situação que corrobora para uma alta incidência de doenças. As prisões pernambucanas têm 2.260 casos de tuberculose para cada 100 mil pessoas - 100 vezes maior do que na população brasileira. A infecção por HIV chega a 870 casos por 100 mil - 42 vezes maior do que no restante da população.

“Você não pode mandar uma pessoa para a prisão e esquecer. Quando você não tem controle dentro das prisões e está mantendo presos provisórios junto com condenados, você está facilitando o recrutamento pelas facções”, acrescentou Muñoz sobre como os problemas nos presídios fortalecem o crime organizado. “ Você tem que reformar o sistema, porque se não você vai ter mais violência e insegurança fora”, enfatizou.

Pacto pela Vida

Parte das dificuldades enfrentadas pelo sistema carcerário pernambucano, a ONG atribui ao Pacto pela Vida, política de segurança pública implementada a partir de 2007. Se por um lado, o programa foi bem-sucedido no combate à criminalidade, por outro aumentou o encarceramento muito acima da capacidade dos presídios.

Com o pacto, foram adotadas medidas importantes, de acordo com o pesquisador, como a integração das ações policiais. “Uma coisa básica: a Polícia Militar começou a trabalhar com a Polícia Civil”, ressalta Munõz. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2007, Pernambuco tinha uma taxa de homicídios dolosos de 49,9 por 100 mil habitantes (4.285 casos). Em 2014, a taxa era de 34,7 mortes para cada 100 mil habitantes (3.224 casos).

O número de presidiários aumentou 68% desde a implementação do programa, enquanto a capacidade das penitenciárias foi ampliada em apenas (26%). O quadro é agravado, de acordo com o relatório, pelo fato de que 59% dos presos no sistema pernambucano são provisórios. “Ele [programa] negligenciou completamente o sistema prisional”, criticou a diretora no Brasil da Human Rights Watch, Maria Laura Canineu. “De algum jeito, isso vai voltar para a sociedade, como forma de aumento da criminalidade, aumento do tráfico, das ilegalidades”, acrescentou.

Segundo Muñoz, até as doenças que se proliferam nas penitenciárias afetam o restante da sociedade. No caso da tuberculose, o foco são as prisões no Brasil. “Se quer acabar com a tuberculose, você tem que fazer algo nas prisões. Ela se espalha porque os presos não ficam lá a vida toda. Entram e saem. Podem contagiar as famílias que vão visitar, os agentes penitenciários”.

A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco ressaltou que, em Recife, já foram implementadas as audiências de custódia, “obtendo índices de aplicação de medidas diversas à prisão com índices superiores a 39%”. Com o sistema, sempre que ocorrer uma prisão em flagrante, o suspeito é ouvido por um juiz em até 24h, que avalia se a prisão pode ser substituída por liberdade provisória.

Em relação à tuberculose, a Secretaria de Justiça disse que vem, em conjunto com a Secretaria Estadual de Saúde e com secretarias de saúde municipais, fortalecendo ações preventivas de combate à doença, como contratação de equipes médicas e aquisição de medicamentos.

 

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário