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A Faculdade de Artes Dulcina de Moraes é responsável pela formação da maior parte da mão de obra que toca a cena cultural do DF

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Faculdade de Artes Dulcina de Moraes passará a ser pública

Criado em 20/03/13 15h13 e atualizado em 20/03/13 18h21
Por Marina Marcondes Fonte:Agência Brasília

Faculdade de Artes Dulcina de Moraes
A Faculdade de Artes Dulcina de Moraes é responsável pela formação da maior parte da mão de obra que toca a cena cultural do DF (Divulgação)

Quem admira o teatro, seus encantos e mistérios entende a angústia que por anos acomete a comunidade acadêmica e artística que frequenta ou frequentou a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Situada no Setor de Diversões Sul, mais conhecido como Conic, a instituição, que tem como mantenedora a Fundação Brasileira de Teatro (FTB), passa há anos por diversos problemas financeiros e administrativos: falta de remuneração dos professores, escassez de investimentos em infraestruturas, conservação inadequada do acervo artístico, dentre outros. Tais entraves influenciaram diretamente no desempenho da faculdade que já chegou a contar com dois mil estudantes. Hoje, somente 200 frequentam as salas de artes do local.

Em uma tentativa de reverter esse quadro, o Governo do Distrito Federal (GDF) assumirá o projeto pedagógico da faculdade, tornando-a a primeira instituição pública distrital voltada exclusivamente para o ensino de artes. De acordo com o secretário de Governo do DF, Gustavo Ponce de Leon, o GDF já estudava uma forma de criar uma faculdade de artes para suprir a carência das escolas da rede pública e do próprio mercado regional. “A Dulcina de Moraes também é um patrimônio artístico e cultural do DF”, acrescentou.

Articulação
A articulação que culminou nesta decisão inédita teve início ano passado. Conforme os rumores de fechamento da instituição ganhavam força e percebendo o caos que a cada dia se tornava mais real, o estudante do 7º semestre de Artes Visuais e artista plástico, Adeilton Oliveira, 39 anos, iniciou uma mobilização com universitários para reivindicar uma posição do GDF a fim de encontrar uma solução para a faculdade.

Após negociações e articulações iniciadas em novembro de 2012  e a criação de uma frente parlamentar em defesa da faculdade, o movimento foi ganhando aderência e reconhecimento. No dia 8 de março, foi realizado um ato simbólico no prédio da faculdade. O "Abraço Salve Dulcina" reuniu cerca de 150 professores, alunos e funcionários da faculdade e autoridades na praça Zumbi dos Palmares, no Conic. Além disso, os universitários lançaram um abaixo-assinado virtual chamada o S.O.S Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, que recolheu cerca de 683 assinaturas cobrando uma medida do GDF e da Câmara Legislativa.

De acordo com a chefe de gabinete da Secretaria de Educação, Natália Duarte, a previsão, é que o GDF assuma a manutenção da faculdade no segundo semestre de 2013. “O governo tem o compromisso de assegurar o funcionamento do Dulcina para que os estudantes possam concluir seus cursos, o que é um direito básico”, afirma. Ponce de Leon ressalta que o GDF não se responsabilizará pelas dívidas da mantenedora, mas apenas pelo projeto pedagógico da instituição.

Adeilton afirma que a iniciativa do GDF foi extremamente bem recebida pela comunidade. “A Dulcina foi a primeira faculdade de artes do Brasil. E o fato de termos a oportunidade de estudar em uma instituição pública dá um grande prestígio no currículo”. E complementa: “Ninguém quer um diploma de uma faculdade falida”.

O estudante afirma que tal ação terá impacto direto no mercado de professores de artes do DF: “o Dulcina forma, por semestre, cerca de 60 professores enquanto que na UnB são apenas cinco ou seis. Asseguro que 80% dos professores de artes do DF foram formados no Dulcina”.

Hugo Rafael Soares, 30 anos, é professor de artes cênicas e se graduou na instituição. Para ele, a medida mais benéfica da intervenção do GDF será o asseguramento de pagamento aos professores: “temos agora a certeza de que os professores serão pagos em dia e que os alunos poderão concluir seus cursos”.

Para o estudante do 5ª semestre de bacharelado em Interpretação Teatral e um dos idealizadores das mobilizações, Júnior Ribeiro, 19 anos, “ter a certeza de que o patrimônio cultural e artístico de Dulcina de Moraes será preservado é motivo de muita alegria para nós, estudantes e admiradores dela”. Para ele, o maior mérito da decisão do GDF será para os jovens que querem estudar e viver de arte: “Não é fácil trabalhar com arte no Brasil. E com essa transformação do Dulcina em uma faculdade pública, mais jovens carentes terão oportunidades de concorrer a uma vaga”, assegura.

Histórico
A Faculdade de Artes Dulcina de Moraes foi inaugurada em meados de 1970 pela atriz, diretora, produtora de espetáculos e professora de artes cênicas Dulcina de Moraes. À época, influenciada pelo presidente Juscelino Kubitscheck, Dulcina mudou-se para Brasília, transferindo a sede da Fundação Brasileira de Teatro para a cidade. Construiu, com projeto de Oscar Niemeyer, o novo Teatro Dulcina e uma das primeiras faculdades de artes efetivamente autorizadas e reconhecidas no país. Resultado desse empenho, a Faculdade Dulcina tornou-se responsável pela formação de milhares de artistas e arte-educadores na região Centro-Oeste e em todo o Brasil. Para ela, a vocação de Brasília era de ser o grande pólo de cultura do país.

A Faculdade oferece cursos de graduação em licenciatura e bacharelado em Artes Cênicas, licenciatura em Artes Visuais e Pós-Graduação nos cursos de Direção Teatral, História das Artes Visuais e Gestão de Espaços e Projetos Culturais.

Dulcina de Moraes nasceu em 1908, na cidade de Valença, no Rio de Janeiro. Foi atriz, diretora, produtora de espetáculos e professora de artes cênicas, e é considerada pela crítica como a mais importante intérprete teatral brasileira no Século XX. Fernanda Montenegro, uma das mais importantes atrizes do Brasil, afirma que Dulcina foi uma de suas referências no teatro.

Em reconhecimento à importância de sua obra, o governo do Distrito Federal assinou, em 2008, o tombamento do Teatro Dulcina e dos acervos fotográficos, cênico e de textos da atriz como Patrimônio Cultural do DF. Além disso, por meio de decreto, dedicou o ano à grande dama do teatro brasileiro.

 

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