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Mostra em São Paulo apresenta arte da periferia

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Literatura da periferia começa a chamar a atenção do mercado, diz sindicato de editoras

Criado em 09/09/13 18h17 e atualizado em 09/09/13 18h51
Por Alana Gandra Edição:Fábio Massalli Fonte:Agência Brasil

Sérgio Vaz
Sérgio Vaz, criador da Cooperifa. (Agência Brasil)

Rio de Janeiro - O Brasil está assistindo, nos últimos anos, a um movimento cultural vindo da periferia, englobando literatura, música, entre outras manifestações. “Em todas as manifestações artísticas há uma efervescência cultural, novos interesses e talentos aparecendo”, disse hoje (9) à Agência Brasil a presidenta do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Sônia Jardim.

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Sônia ressaltou, porém, a importância de se ter um padrão de qualidade no que se refere à literatura marginal, ou de periferia, “como em toda manifestação cultural”, para que ela saia desse nicho e possa atingir o mercado como um todo. Segundo Sônia, as editoras estão atentas à voz da periferia. “Se essa voz é restrita só aos seus vizinhos ou se ela pode atingir outro público”.

Não há previsão das editoras em relação à literatura marginal, afiançou. “Ela está crescendo e a gente tem visto um ou outro talento despontando. Acho que pode vir a ser uma nova linha”. Sônia Jardim observou que estão surgindo também autores vindos do interior, saindo um pouco do eixo Rio de Janeiro/São Paulo, bem como de outras regiões do país, o que é muito positivo.

Um dos escritores que falam da periferia paulista, Sérgio Vaz, disse hoje (9) à Agência Brasil que esse é um movimento que tende a crescer. “Porque não é um movimento de escritores. É um movimento para formar leitores, aquilo que as pessoas esqueceram de fazer: fomentar a literatura entre as pessoas. E essa literatura dialoga diretamente com as pessoas da periferia, nas praças, nos bares, nas escolas. Está trazendo mais gente, cada vez mais”.

A aceitação e a abrangência da literatura de periferia ocorre, segundo Sérgio Vaz, devido não só à identificação com o leitor, mas porque os escritores vivem o dia a dia da comunidade. “É um cara que é possível você encontrar na feira, no campo batendo uma pelada”, disse. “Ele é um cara da comunidade, que representa a comunidade. Assim como o Vinicius [de Moraes, poeta e diplomata] cantava 'dia de luz, festa de sol' [início da música O Barquinho, que é de autoria de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli e não de Vinicius de Moraes], porque era a realidade que ele vivia. A gente está escrevendo a nossa realidade”.

Com cinco livros editados de forma independente e vendidos de porta em porta, Sérgio Vaz integra agora o rol de escritores da Global Editora, onde já publicou dois livros e está prestes a lançar o terceiro, ainda este ano. “Depois de 25 anos de carreira, que completo este ano, acho que demorou até demais”, brincou. Ele aconselha os jovens da periferia a perseguirem o sonho de se tornar escritores. Mas, acima de tudo, que estudem. “Eu demorei tanto porque não estudei. Não sou exemplo para ninguém”.

Embora reitere que sempre se deve acreditar no sonho e lutar por ele, é a escola a prioridade dos autores da periferia. “Eu acho hoje que o melhor lugar para se passar a infância e a adolescência ainda é a escola. Ainda que os governos não nos queiram educar, a educação é uma coisa a ser respeitada e ser seguida. Porque acho que eu escrevo a palavra da rua, mas eu adoraria conhecer a norma culta. A língua portuguesa é uma coisa maravilhosa. É mágica. Tem sabores e saberes. Todos nós temos o direito e o dever de aprender a norma culta e a dialetar do jeito que a gente quer”.

Edição: Fábio Massalli

Creative Commons - CC BY 3.0

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