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O xamã indígena Davi Kopenawa, pajé e presidente da Hutukara Associação Yanomami, participa de mesa que a Flip dedicada aos índios e à Amazônia

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Escritor indígena mostra cultura yanomami na Flip

Criado em 01/08/14 19h56 e atualizado em 07/07/16 16h46
Por Flavia Villela Edição:Luana Lourenço Fonte:Agência Brasil

Na primeira mesa que a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) dedicou aos índios e à Amazônia, a escrita deu lugar à imagem e à narrativa oral. A fotógrafa suíça Claudia Andujar, que fez um trabalho de saúde preventiva em terras Yanomami na década de 1970, em Roraima, e o xamã indígena Davi Kopenawa, pajé e presidente da Hutukara Associação Yanomami apresentaram hoje (1º) um pouco da cultura da etnia por meio de fotos e relatos.

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Kopenawa, que está ameaçado de morte e foi avisado que não duraria até o fim deste ano, criticou a destruição causada pelo homem da cidade, as invasões de terras indígenas por parte de garimpeiros e agricultores, que segundo ele têm a conivência do governo.

“É importante que vocês nos ajudem a nos defender, a preservar a natureza, as águas”, pediu o indígena à plateia. “Agora é a hora de vocês cobrarem o erro do governo brasileiro, para não fazer mais, pois vocês são muitos e nós indígenas somos poucos”, disse.

Os pais do Kopenawa morreram de doenças levadas à aldeia por não-índios quando ele ainda era menino. Ele aprendeu a língua portuguesa lendo a bíblia, por imposição dos missionários norte-americanos que foram catequizar índios na Amazônia, na fronteira com a Venezuela. “O missionário me deu o nome Davi, mas meu nome é Kopenawa, que significa marimbondo. Você conhece o marimbondo. Quando ele está quieto não pode mexer nele”, depois de explicar que os nomes yanomami caracterizam a personalidade de cada indígena.

Kopenawa lançou o livro A Queda do Céu, que escreveu em coautoria com o antropólogo francês Bruce Albert, com histórias do povo yanomami. “O povo yanomami tem uma história muito rica e esse livro mostra que sabemos contar nossa história”.

A fotógrafa Claudia Andujar projetou o povo yanomami mundialmente ao fotografar cada um dos índios da região, que identificou com números com o intuito de ajudar a combater o avanço de epidemias que a abertura de uma estrada causou durante o regime militar, na década de 1970. Ela transformou o trabalho em livro que intitulou de Marcados, nome escolhido para a mesa de debate desta sexta-feira. Mais de quarenta anos depois o trabalho, a fotógrafa disse que ainda é muito ligada ao povo yanomami. Ela contou que, após perder quase toda a família, morta pelos nazistas, saiu pelo mundo em busca de sua identidade, que encontrou no Brasil, entre os índios.

“Tinha 13 anos quando vi a entrada dos nazistas e a morte de todos os meus parentes, na Transilvânia, com exceção da minha mãe, que não era judia. Isso deixou um trauma muito grande na minha vida. Todas as pessoas de que gostava morreram em dois meses, então desde cedo busquei uma identidade".

Depois da tragédia, Claudia morou na Suíça e nos Estados Unidos antes de se mudar para o Brasil. "Fui fazer uma matéria a trabalho na Amazônia e foi meu primeiro contato com os yanomami. Abandonei tudo e fui viver entre os índios e me encontrei lá, me senti em casa. Aprendi que tudo é vivo. Entre os yanomami não existe isso de um querer dominar o outro”, completou.

A fotógrafa suíça Claudia Andujar participa de mesa que a Flip dedicada aos índios e à Amazônia (Fernando Frazão/Agência Brasil)

A fotógrafa suíça Claudia Andujar participa de mesa que a Flip dedicada aos índios e à Amazônia Fernando Frazão/Agência Brasil

Editora:  Luana Lourenço

Creative Commons - CC BY 3.0

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