Compartilhar:
Deus e o Diabo na Terra do Sol marca abertura do Festival de Cinema de Brasília
Criado em 17/09/14 05h04
e atualizado em 17/09/14 09h44
Por Michèlle Canes
Edição:Graça Adjuto
Fonte:Agência Brasil
A abertura do 47º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi marcada pela exibição do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, que completa 50 anos de lançamento. A obra, do cineasta Glauber Rocha, é considerada um clássico pelos críticos. Lançado em 1964, foi indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes. A cópia exibida na noite de ontem foi restaurada.
Na abertura do evento, o secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira, disse que o filme é um marco na vida do país. "Ele nos convoca, chama para colocar a nossa cara na frente do espelho, das nossas grandezas e misérias”. Paloma Rocha, filha de Glauber, esteve presente ao evento. “Eu recebo essa homenagem com carinho, orgulho. Acho que Deus e o Diabo abrir esse festival é uma honra”. Ela elogiou a retomada do antigo formato do festival, em que os filmes competem sem a separação em gênero. “Estou feliz pela retomada do seu espírito, privilegiando a autoria, a invenção e a qualidade dos filmes que estão em competição. É um festival importantíssimo, que tem a tradição de trazer para as telas o que há de mais interessante de inovação no cinema brasileiro, de linguagem e métodos de produção” acrescentou.
Sara Rocha, neta do cineasta baiano e coordenadora adjunta desta edição, trabalhou ao lado da mãe, Paloma, na restauração do material que compõe a obra deixada por Glauber. “Dez anos depois dessa imersão, a gente pode coroar, premiar o festival de Brasília com essa exibição de abertura, deixando o legado para as próximas gerações. Nesse ano que tanto se falou em ditadura militar, desse período de cerceamento da criatividade, dos modos de produção do cinema. Deus e o Diabo na Terra do Sol é um filme incontestável, um clássico do cinema nacional que não podia passar despercebido”.
Leia mais:
Mostra competitiva do Festival de Cinema de Brasília começa nesta quarta-feira (17)
Festival de Brasília leva o cinema para toda a cidade
O público aplaudiu a exibição da obra. "É bacana ver que um filme como esse é ainda tão atual e tem tanta poesia", disse o ator Jorge Mesquita. Nathália Duarte, cineasta, destacou a qualidade da restauração. "Gostei muito. A qualidade está muito boa". Entre os convidados estava também o cineasta Vladimir Carvalho. Para ele, Glauber tem uma obra ligada ao país, mas que, ao mesmo tempo, consegue ser universal. Carvalho falou também sobre a importância do evento feito na capital. “O Festival de Brasília sempre mostrou essa vinculação visceral com o cinema brasileiro. É algo extraordinário que ele tenha atravessado todas as crises possíveis, mas se mantém vigoroso, antenado, sintonizado com o que acontece no cinema do país”.
Além do ver o filme, quem esteve na abertura acompanhou a apresentação de uma orquestra de câmara composta por músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro. Sob a regência do maestro Cláudio Cohen, foram apresentadas duas músicas que fazem parte da trilha sonora do filme: Bachiana nº 5, de Heitor Villa-Lobos, e Perseguição, de Sergio Ricardo. “Foi feita uma pesquisa no filme do Glauber Rocha para analisar a trilha sonora. Fizemos uma adaptação também do trabalho do Sergio Ricardo para ser um tema característico, da trilha sonora específica, sem ser de um compositor clássico”, explicou o maestro.
Confira a reportagem do Repórter Brasil:
Deixe seu comentário