one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

Exposição em São Paulo lembra trajetória da escritora Carolina de Jesus

Criado em 09/11/15 06h23 e atualizado em 07/07/16 14h20
Por Camila Maciel - Repórter da Agência Brasil Edição:Graça Adjuto Fonte:Agência Brasil

Carolina Maria de Jesus

A escritora Carolina Maria de Jesu é tema de exposição em São Paulo Audálio Dantas

Caminhar pela trajetória da escritora, poetisa e sambista brasileira Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é a proposta da exposição Carolina em Nós, idealizada pelo Bloco Afro Ilú Obá de Min, que vai até o dia 31 de janeiro no Museu Afro Brasil, na capital paulista. No lado externo do museu, ao ar livre e gratuitamente, os visitantes passeiam por um corredor que traz fotografias, textos, músicas e histórias de uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Desde o ano passado, quando foi comemorado o centenário de nascimento da autora do livro O quarto de despejo: o diário de uma favelada, organizações e movimentos sociais, especialmente de cultura e de mulheres negras, fazem homenagens a Carolina.

Roberto Okinaka, curador da exposição, explica que a proposta da montagem do Carolina em Nós foi fugir um pouco do estigma de Carolina como favelada. “Hoje, a gente tem que falar sobre a escritora e qual a contribuição que ela deixou para a cultura brasileira. É lógico que ela sofreu todas aquelas dificuldades, e nós temos todos esses problemas ainda. Esta exposição fala da mulher negra que não se calou”, disse, ao apresentar o projeto. O primeiro livro de Carolina, que reúne relatos do seu diário pessoal, foi traduzido para 13 idiomas. Além dessa obra, ela escreveu mais quatro livros e compôs peças de teatros e marchas carnavalescas.

Os visitantes vão encontrar na exposição duas peças do artista plástico Tiago Gualberto, em formato de livros gigantes. Elas marcam dois períodos distintos da vida de Carolina: o lançamento do primeiro livro com os relatos da vida na favela e o segundo livro com as impressões da vida em uma casa de tijolos, o Casa de Alvenaria: diário de uma ex-favelada. “O que me chama atenção é como ela continua sendo uma representante fiel dessa imigração, que hoje já não é tão forte, como foi na década de 50, que culminou na criação das favelas ou nessas condições periféricas que a gente continua vendo”, disse.

Ester Dias, coordenadora do projeto Carolina em Nós, pelo Ilu Obá de Min, explica que, além de uma homenagem à escritora, a exposição marca os dez anos do grupo. “A Carolina é um ícone, um símbolo de resistência. Não nos surpreende ela ter sido escritora, musicista, poetisa e filósofa, com o pouco que ela tinha. Na mulher negra, isso é muito constante. Você precisa se reinventar do nada e tirar grandes tesouros. Isso não deveria surpreender”, acrescenta.

O Ilu é um bloco composto exclusivamente por mulheres negras e surgiu a partir da discussão sobre a participação feminina no ato de tocar o tambor. No Candomblé, por exemplo, as mulheres não têm permissão para tocar. A inspiração do grupo veio, portanto, de outras tradições africanas, como os rituais nigerianos. A monitoria da exposição é feita por integrantes do bloco. “Elas tiveram uma imersão no museu e estão apaixonadas, porque aprenderam muitas coisas sobre um universo atualizado do mundo negro”, destacou Ester.

Editor Graça Adjuto
Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário