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Escolas do Rio discutem racismo e violência no cenário esportivo

Criado em 28/05/15 15h59 e atualizado em 28/05/15 16h23
Por Da Agência Brasil Edição:Stênio Ribeiro Fonte:Agência Brasil

Alunos de quatro escolas municipais, no entorno  do Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, utilizaram o futebol como aprendizado social e esportivo para discutir questões de racismo e violência inseridas no cenário do esporte. Cerca de 130  meninos e meninas, com idades entre 9 e 15 anos, simularam hoje (28) um tribunal de verdade – com advogados, promotores e tribunal do júri – para debater questões de violência e paz no futebol. O projeto do Consórcio Maracanã, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e com a organização não governamental streetfootballworld Brasil, ainda está em fase de avaliação, mas a ideia é ampliá-lo no próximo semestre.

O 1º Festival Interescolar de Futebol em três tempos vem sendo desenvolvido pelos professores de educação física desde o início do ano letivo. Um pouco diferente do futebol tradicional – que tem 11 jogadores por time, com regras estabelecidas e vence a equipe que marcar mais gols –, o futebol disputado pelas crianças em três tempos, coloca em jogo o modo como eles enxergam o futebol e os valores que utilizam na vida.

As partidas foram disputadas entre times mistos, no Estádio do Maracanã. Para aumentar ou diminuir o placar, as equipes precisavam cumprir regras sugeridas pelas crianças. Entre elas, permitir que toda a equipe tocasse na bola, não falar palavrões e nem colocar apelidos ofensivos nos colegas, além de ter fair play (jogo limpo, com espírito esportivo). Para a estudante Isabela Imamura, de 10 anos, foi emocionante jogar no Maracanã, onde ela assiste, de longe, jogadores do seu time jogar, ainda mais com as regras que ela ajudou a criar.

"Se falar um palavrão fica um minuto sem jogar. Durante o jogo, eles queriam vencer e vencer, ficavam brigando, e assim a gente perdeu e eles também, ficamos empatados. Eu achei empolgante entrar no gramado do Maracanã, e gostei muito porque eu nunca tinha pisado lá, só tinha ficado na arquibancada para torcer para o Fluminense. Foi uma experiência muito boa e aqui eu aprendi  que na vida não tem que ter violência. Pelo contrário, tem que ter paz e com mais paz e união o mundo vai ser bem melhor", contou a menina.

Diante do cenário do futebol no Brasil, com atos de violência entre torcidas, as crianças contam que depois do projeto percebem que o futebol tem outras possibilidades como a inclusão das meninas no time e um tratamento igualitário entre os jogadores e torcedores. Segundo o aluno Kaíque Pires da Costa, de 11 anos, o projeto proporcionou momentos de diversão e de aprendizado para as crianças.

"O futebol que vejo na televisão tem muita briga e depois dos jogos eles ficam se batendo. Eu não gosto disso. Uma amiga minha já ficou com trauma de ver futebol, porque viu uma briga na televisão, então ela perdeu o amor pelo futebol. O futebol que a gente viu aqui é totalmente diferente. Eu comecei a me viciar e espero toda quinta-feira e sexta-feira para jogar futebol com esse projeto", relatou o menino.

Segundo Kaíque, as meninas são bem-vindas no grupo dos meninos. "Não vejo nenhum problema jogar menino com menina, porque na nossa escola isso já existe desde 2012. Tiverem alguns problemas sim, porque as meninas se machucavam, mas aí voltavam, e agora está tendo mais meninas jogando com a gente", disse.

A ideia do projeto é inserir a metodologia nas aulas de educação física das escolas e tratar da prevenção da violência. De acordo com a assistente de Responsabilidade Social do Consórcio Maracanã, Gabriela Aguiar, a questão não é o futebol em si, mas o que isso pode proporcionar às crianças em termos de conscientização e liderança de grupo."Me chama a atenção que eles conseguem fazer o link com situações da vida real com facilidade; de quando se sentiram injustiçados; como vêem acontecer aonde moram; e é assim que a gente consegue um debate maior para aprofundar a reflexão", ressaltou Gabriela.

 

Creative Commons - CC BY 3.0

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