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Jogador Rodrigo Pacheco

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Sem sucesso no futebol europeu, brasileiros sobrevivem com empregos informais

Criado em 06/09/13 10h41 e atualizado em 07/09/13 14h34
Por Gilberto Costa/ Correspondente da EBC Fonte:Portal EBC

Iludidos pela promessa de ingressar no futebol europeu, jogadores que acabam por não conseguir a sonhada vaga em um time português se sujeitam a riscos de exploração e acabam tendo de procurar trabalho fora das quatro linhas para sobreviver. Foi o que aconteceu há três anos com o goleiro brasileiro Rodrigão, Rodrigo Gomes Pacheco (27 anos, hoje no Académico Viseu Futebol Clube).

“Eu tive que ficar parado sem jogar. Fiquei parado por volta de cinco meses sem clube e sem nada”, contou o jogador - único que concordou em dar o depoimento gravado para a reportagem. Nessa situação, o atleta trabalhou com mudança, limpeza e em restaurante, “tudo informal”, para se manter enquanto esperava uma chance.

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Após conseguir um clube, Rodrigão teve que viabilizar sua transferência e esperar a “papelada” correr entre o Brasil e Portugal, desde o clube de formação (ele iniciou numa categoria de base em Minas Gerais) até o primeiro clube português, passando pela federação estadual de futebol, pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) e, finalmente, pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

ESPECIAL SOBRE BRASILEIROS NO FUTEBOL PORTUGUÊS:

Percorrida a trajetória, Rodrigão alerta que os riscos de exploração não cessam aí. Quando os jogadores não têm dinheiro para pagar sua transferência e nem meios de levantar, e ainda assim interessam ao clube, os dirigentes propõem informalmente um adiantamento para custear a despesa que será descontado mensalmente no salário. O valor da transferência varia conforme a divisão que pertence o clube. A fraude é confirmada pelo presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol de Portugal que avalia que há atletas que “quase pagam para jogar”.

Profissionais amadores

Para os jogadores nunca inscritos como profissional no Brasil ou em Portugal ainda há outro risco de exploração nas divisões de acesso. Nos clubes de 3ª divisão (seniores) e 4ª divisão (distritais) é comum que os jogadores - geralmente em começo de carreira, mesmo que com dedicação exclusiva - assinem contratos como amadores no valor em torno de 150 euros (abaixo do salário mínimo de Portugal, 485 euros) e recebam “por fora” (sem descontar imposto e sem direito à segurança social) valores extras conforme o número de partidas jogadas e até gols marcados.

“É claro que esses miúdos estão desprotegidos e se sujeitam a tudo nos [clubes] distritais e nas competições intermediárias. Aceitam ser jogadores profissionais, que só fazem aquilo, mas se inscrevem como amadores”, confirma Joaquim Evangelista assinalando o medo dos atletas jovens estrangeiros em denunciar a exploração.

Outro problema bastante comum especialmente nas divisões de acesso, e também existente no Brasil, é o atraso de pagamento. Segundo o presidente do sindicato dos jogadores, houve momentos no ano passado, por exemplo, que 80% dos jogadores estavam com o salário em atraso.

Conforme Emanuel Calçada, advogado especializado em direito do desporto e secretário-geral da Associação Nacional de Agentes de Futebol de Portugal, o atraso de salários é a principal demanda dos jogadores (de qualquer nacionalidade) na Justiça. “A falta de pagamento é a razão principal para que o jogador rescinda o seu contrato de trabalho. Não acontece tanto na 1ª Liga, mas ocorre. Se formos para clubes daí para baixo é um descalabro”, lamenta.

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Por fim, a saída do atleta do clube também pode ser traumática. Foi o que aconteceu no caso de Maximiliano Silva dos Santos (Max) que em março deste ano retornou ao Brasil com a ajuda do SJPF e do Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp).

Conforme relato publicado na página “SOS Futebol” do site sindicato português, o atleta (que atuava em um clube da divisão de acesso no norte de Portugal) foi “convidado” a abandonar o clube no meio da vigência do contrato após sofrer uma lesão. “Como recusou, foi então proibido de treinar com a equipe, colocado a trabalhar com os juniores e foi nessa altura que denunciou a sua situação ao sindicato”, descreve o site .

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