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Senna conquista seu primeiro título, em 1988

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Pilotos e jornalistas contam suas lembranças sobre Senna

Criado em 30/04/14 21h26 e atualizado em 02/05/14 12h07
Por Edgard Matsuki Edição:Nathália Mendes Fonte:Portal EBC

Senna comemora vitória em Interlagos
Senna comemora vitória em Interlagos (Noriko Koike/Instituto Senna)

Datas trágicas como o dia 1º de maio de 1994 acabam se tornando marcantes para muitos brasileiros. Raras são as pessoas com mais de 30 anos que não se lembram como receberam a notícia da morte de Senna em Ímola. No meio automobilístico, as memórias do piloto, que serviu de inspiração para outros corredores, são mais fortes ainda. O Portal EBC reuniu alguns relatos de entrevistados para a série de matérias especiais sobre Ayrton Senna e automobilismo. Confira:

Luciano Burti (ex-piloto de Fórmula 1)

"Corria de kart em 1994. E eu ganhei o Campeonato Sul-Americano no mesmo dia da morte do Ayrton. A gente estava disputando uma corrida em Florianópolis e, na primeira bateria da manhã, fiz uma corrida fantástica. Larguei em 19ª e estava chovendo. Eu cheguei em segundo, que era o resultado que determinava o grid para a prova final.

Eu estava muito feliz e, entre uma prova e outra, aconteceu a corrida de Fórmula 1 e o acidente do Ayrton. O cartódromo inteiro ficou comovido. Foi cogitado o cancelamento da corrida. Mas como era uma prova sul-americana, optaram não cancelar porque tinha um custo muito grande para quem estava participando.

Fui lá e venci a segunda prova. Eu me tornei campeão sul-americano. Foi meu primeiro título importante na carreira. E numa pista que o Ayrton já venceu, se não me engano, até o Sul-Americano de kart. Acho que foi o dia mais emocionante da minha vida. Porque eu chorava de alegria por ter uma conquista e de tristeza pela perda de ídolo como ele. Foi um dia que eu não vou esquecer nunca."

Assista ao vídeo do depoimento de Luciano Burti sobre a morte de Senna

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Antônio Pizzonia (ex-piloto de Fórmula 1)

"Tinha 13 anos e estava começando a correr de kart. Tinha apenas dois, três anos de carreira como piloto. O automobilismo não era uma coisa 100% profissional na minha carreira, mas tinha o desejo de me tornar um piloto. Na época, minha família estava bem envolvida, eu estava bem envolvido. E na época estava em casa assistindo a corrida.

Óbvio que foi um choque muito grande, uma tristeza muito grande e meu pai chegou a perguntar para mim se eu queria continuar correndo ou queria parar devido ao acidente do Senna. Eu falei não, eu quero continuar a fazer o que eu mais gostava e correr atrás do meu sonho."

Assista ao vídeo sobre o depoimento de Antonio Pizzonia sobre a morte de Senna

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Fábio Seixas (jornalista de Fórmula 1)

Fábio Seixas
Fábio Seixas (Fábio Seixas/Divulgação)

"Eu era estudante, estava na faculdade. Eu acordei naquela manhã para ver a corrida porque eu já gostava muito de automobilismo. Não era um fanático, mas gostava muito de esportes e a Fórmula 1 é um dos que eu acompanhava.  Fui impactado por tudo aquilo. A morte foi impactante não só porque era um ídolo que estava morrendo, foi uma morte horrível. Diferente de abrir o jornal e saber alguém morreu. As pessoas acompanharam um drama em tempo real.

E eu nem imaginava que teria um impacto tão grande na minha vida profissional. Acabei indo trabalhar com automobilismo e peguei uma época em que o Senna sempre foi tema para cobertura de automobilismo no Brasil. A gente teve que se adaptar a cobrir Fórmula 1 e não mais apenas o “brasileiro campeão”.

A cobertura que existia no Brasil antes da morte do Senna era em cima do campeão: Senna, Piquet, Émerson. Muito em cima daquele piloto. Só que após a morte do Senna, o Brasil não tinha mais pilotos disputando títulos. Então a gente parou de cobrir o piloto brasileiro e passou a cobrir o esporte em si. Essa foi uma grande diferença na imprensa que cobria Fórmula 1 antes de depois do Senna."

Escute o depoimento de Fábio Seixas sobre a morte de Senna

Creative Commons - CC BY 3.0 -
Flávio Gomes
Flávio Gomes (Flávio Gomes/Divulgação)

Flávio Gomes (jornalista de Fórmula 1)

"Qualquer coisa que tenha acontecido pessoalmente para qualquer um no mundo naquele dia é menor do que o que aconteceu com a família do Senna.  Não há nada que se compare com a dor, a tristeza, o efeito prático.

No meu caso, eu saí da (sede do jornal)  Folha de S. Paulo, onde eu trabalhava. A cobertura foi muito difícil. A gente estava em uma outra época das comunicações, o fluxo de informações era muito menor. O jeito de ir atrás das informações era muito mais difícil e de transmití-las também. E certamente foi a cobertura mais importante e dramática da qual eu participei.

Não acho que vou participar de outra coisa parecida. Para mim, foi o auge da tragédia esportiva. Tem coisas muito piores que aconteceram, mas envolvendo um único atleta, da maneira que foi, ao vivo, com a agonia de algumas horas, quando ninguém estava sabendo direito o que estava acontecendo, é difícil imaginar que algo parecido vá ocorrer novamente.

Foi um dia muito marcante, lembro de cada minuto. É uma coisa que está marcada na minha carreira e na minha vida pessoal. Apesar disso, nada é relevante o bastante para que possa ser confrontado com o tamanho da tragédia da família e da tragédia pessoal dele. Isso é muito mais importante do que qualquer coisa que tenha acontecido com que estava no entorno dele."

Flávio Gomes escreveu um texto sobre a experiência dele na cobertura da morte de Senna que pode ser lido aqui.

Escute o depoimento de Flávio Gomes sobre a morte de Senna

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Edição: Nathália Mendes

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