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Em meio à grave crise financeira, presidente do Guarani renuncia ao cargo

Criado em 04/09/14 17h56 e atualizado em 02/01/15 17h30
Por Portal EBC

O Guarani está sem presidente desde ontem (3). Álvaro Negrão de Lima, presidente do clube de Campinas, que briga para não cair para a última divisão do futebol brasileiro, renunciou ao posto junto com mais três conselheiros que faziam parte do Conselho de Administração. A saída acontece pouco mais de cinco meses depois do mandatário ser conduzido ao cargo. A crise financeira e "uma interminável briga política", como consta na carta de renúncia, seriam os motivos que levaram a direção a abandonar a gestão do Bugre. Apenas dois conselheiros seguem em seus cargos: Gustavo Tavares e Luiz Antônio Carreira Torres. De acordo com o estatuto do clube, uma nova eleição precisa acontecer dentro de 60 dias.

O Bugre lidava com a ameaça de greve dos jogadores, que não recebiam seus salários há três meses. Negrão havia acordado com a comissão técnica e jogadores de pagar o salário de junho no dia em que renunciou, mas deixou a presidência sem cumprir sua parte no trato. Nesta quinta-feira (4), os vencimentos de junho foram quitados com dinheiro emprestado por empresários, mas os de julho e agosto ainda estão pendentes. A situação dos funcionários do clube é ainda mais grave: já são mais de quatro meses sem receber.

Os antigos dirigentes desmentem, no texto de saída, que os atrasos tenham se acumulado por tanto tempo: "Resta a nós esclarecer que, no Guarani Futebol Clube, atletas e comissões técnicas tem até este momento o equivalente a um mês e meio de atraso junto ao seu departamento de futebol profissional. Apenas lamentando não termos conseguido antes de tomar esta decisão, cumprir com o pagamento que assumimos que minimizariam esta situação. Nossos recursos se esgotaram".

Além de dever ao elenco, o Guarani ainda está impossibilitado de jogar em seu estádio. O Brinco de Ouro segue sem alvará do Corpo de Bombeiros e está interditado. Pela segunda rodada consecutiva, o Bugre joga como mandante contra no Duque de Caxias, no estádio Nabi Abi Chedid, em Bragança Paulista. O Guarani está em oitavo lugar do Grupo B, a três pontos do São Caetano, o primeiro time na zona de rebaixamento.

Leia a carta de renúncia do ex-presidente do Guarani na íntegra:

Prezados Torcedores, Associados, Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal do Guarani Futebol Clube.

Assumimos a gestão do nosso amado Guarani Futebol Clube no último dia 1º de Abril de 2014 com esperança, ânimo renovado e a expectativa de, com nossos esforços, relacionamentos e toda a capacidade que reunimos ao longo de nossas vidas pessoais e profissionais, conseguirmos reverter o grave momento de crise financeira, administrativa e institucional que nosso Clube atravessa.

Inúmeras foram as vezes em que esgotamos todos os nossos limites na tentativa de suprir as necessidades sempre urgentes que nos apareceram no decorrer de todos os dias de nossa gestão.

Mas acima de tudo e de todos nós, entendemos que está o Guarani Futebol Clube, único motivo que nos uniu e promoveu o trabalho em conjunto por nós elaborado e por isso hoje, diante de todas as questões apresentadas por todos os Órgãos internos do nosso Clube e seus presidentes, infelizmente temos a comunicar que estamos apresentando nossos termos de renúncia do Conselho de Administração do Guarani.

Tomamos esta decisão diante das inúmeras campanhas que vemos neste momento em conjunto empreendidas e que, no nosso entendimento, visam tudo, menos a preservação da entidade que comandamos.

Envolvidos em uma interminável briga política, ora motivada pelo desejo do poder, ora motivada pelo desejo de representar interesses que em nada se alinham aos do Clube, entendemos que neste momento a melhor decisão a tomar é apresentar nosso pedido de renúncia imediata e em caráter irrevogável para que outros grupos de torcedores, afinal, todos somos apenas isso, meros torcedores, possam, detentores de maior estrutura, alinhamentos de parcerias e peso político junto à sociedade de modo geral, empreender ao Guarani a gestão profissional tão necessária.

Se o problema do Guarani Futebol Clube passa pelas pessoas que o comandam através de seu Conselho de Administração, neste ato abrimos mão de nossos cargos para que outras pessoas possam representar este Clube gigante da forma como ele deve ser representado.

Neste trabalho nós todos envolvemos esforços e recursos pessoais poupados aos longo dos anos de árduo labor que se esgotaram. Pessoalmente estamos esgotados, financeiramente esgotamos todos os recursos que tínhamos. Antes de recorrermos àquilo que muitos tratam como pejorativo, mas que manteve este Clube minimamente nos trilhos, os novos contratos de empréstimo, encerramos aqui a nossa condução à frente da gestão do Guarani Futebol Clube.

Apenas ressaltamos a todos que jamais utilizamos de nenhuma artimanha política ou desonesta. Utilizamos os poucos recursos que obtivemos para o fiel cumprimento das obrigações e pagamentos que o Clube exigia que fossem feitos. Conquistamos espaços, brigamos por estas cores, por nossa bandeira e pelo nosso distintivo, mas hoje, em nome de um Guarani maior, melhor e fortalecido, que passará a ser comandado por um grupo maior, mais articulado e que conta com o apoio em massa da maioria da nossa torcida, aqui abrimos mão de nossos cargos e prerrogativas estatutárias.

Agora nos juntamos a todos os torcedores na fiel expectativa e certos que, a partir deste nosso ato, as pessoas que tanto brigaram, se juntaram e se articularam para tornar a nossa gestão cada dia mais dificultada, finalmente se unirão em nome do Guarani Futebol Clube e garantirão o cumprimento destes compromissos. Temos certeza que parcerias financeiras estão garantidas, contratos estão elaborados e acordos estão encaminhados e que, com a nossa renúncia, um novo momento se iniciará no dia seguinte nesta entidade que tanto amamos e a qual tanto nos dedicamos, afinal, sem tais garantias não acreditamos que tamanho trabalho de bastidor fosse feito exatamente para acabar com a mínima estrutura que conseguíamos manter.

Antes de encerrar, lamentamos não ter conseguido cumprir com a integralidade dos compromissos que assumimos, mas ainda nos resta observar que, diante de todas as dificuldades vividas por absolutamente todos os clubes de futebol profissional deste país sendo de conhecimento público que clubes que disputam competições internacionais e a própria Série A do Campeonato Brasileiro admitem atrasos superiores a três meses de vencimentos, sejam em relação a salários em carteira e os contratos de direito de imagem, resta a nós esclarecer que, no Guarani Futebol Clube, atletas e comissões técnicas tem até este momento o equivalente a um mês e meio de atraso junto ao seu departamento de futebol profissional.

Apenas lamentando não termos conseguido antes de tomar esta decisão, cumprir com o pagamento que assumimos que minimizariam esta situação.

Todos, sejam atletas, comissões técnicas, departamentos de futebol amador e profissional e a eles se juntam os colaboradores contratados pelo Clube e seus prestadores de serviço merecem no mínimo, receberem pelos serviços que prestaram.

Nossos recursos se esgotaram, por isso aqui apenas agradecemos a todos aqueles que, de alguma forma contribuíram durante todo este período para que nossa gestão pudesse ao menos tentar enfrentar os problemas graves e sérios que o Guarani Futebol Clube atravessa. Não serão algumas pessoas que resolverão tais problemas, mas sim o envolvimento de todas as pessoas que amam este Clube e a ele dedicam seus pensamentos em todo momento.

Lamentamos e ao mesmo tempo renovamos aqui os votos de sucesso a todos os que nos sucederão.

Campinas, 03 de Setembro de 2014.

Álvaro Negrão de Lima

Felipe Ramos Roselli

Adriano Hintze

Maria Cristina Orlando Siqueira

Creative Commons - CC BY 3.0

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