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Imagem: Scazon / flickr / Creative Commons

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Atletas olímpicos "sem pátria" podem competir sob bandeira olímpica

Criado em 18/12/15 17h14 e atualizado em 07/07/16 14h47
Por Nathália Mendes Edição:Luiz Cláudio Ferreira Fonte:Portal EBC

No intervalo de quatro anos, entre uma edição dos Jogos Olímpicos e outra, o mundo pode passar por transições políticas, crises humanitárias, guerras civis, redesenho de territórios e sanções internacionais que redefinem a lista de participantes. Para respaldar atletas com nível olímpico que se enxergam sem um país para defender é que o Comitê Olímpico Internacional (COI) autoriza a participação dos atletas ou participantes olímpicos independentes – na sigla em inglês, IOA ou IOP. 

Nestes casos, os atletas “sem pátria” podem competir sob a bandeira olímpica – ou seja, eles não entram nas provas usando as cores de seu país de origem, mas trazem a bandeira branca com os anéis olímpicos na tradicional parada das nações e entram na relação de países com código próprio. Esta autorização especial foi concedida quatro vezes, até agora: Barcelona 1992, Sydney 2000, Londres 2012 e nos Jogos de Inverno de Sochi, no ano passado. 

Sob siglas

As siglas IOP ou IOA apareceram ao longo da história dos Jogos e ainda não foi estabelecida uma convenção oficial sobre a nomenclatura. O termo “participante olímpico independente” - com código de país IOP – foi oficialmente usado uma única vez: logo na primeira, em Barcelona-92. Em 2000 e 2012, a sigla mudou para IOA – ou atleta olímpico independente. 

Protesto

A invasão do Afeganistão por forças soviéticas em dezembro de 1979 foi a justificativa de um boicote promovido pelos Estados Unidos aos Jogos de Moscou, no ano seguinte. Além dos norte-americanos, cerca de 50 países pertencentes ao bloco capitalista se retiraram do torneio em represália.

No entanto, 14 comitês nacionais – como os do Reino Unido, Itália, Austrália e França – autorizaram a participação de seus atletas, mas estas nações preferiram desfilar no antigo Estádio Central Lênin trazendo a bandeira branca com os anéis olímpicos. As medalhas destes participantes não entram no rol de participantes independentes, mas sim de seus próprios países.

Recorde

O maior número registrado de atletas independentes foi registrado em 1992, nos Jogos de Barcelona. Foram 52 atletas da Iugoslávia que conseguiram a autorização especial, mesmo diante das sanções impostas à antiga república pelas Nações Unidas pelas seguidas agressões militares contra a Cróacia e Bósnia-Herzegovina.

A punição levou à desclassificação do país de todos os esportes coletivos, mas a participação dos atletas individuais foi garantida por meio do recurso até então inédito de competir sob a bandeira olímpica. Seis macedônios, ainda sem comitê olímpico nacional constituído, também fizeram parte do grupo, com 58 atletas.

No alvo

Vêm do tiro esportivo as três medalhas conquistadas por atletas independentes. O melhor resultado é a prata de Jasna Sekaric na pistola de ar 10m feminino, conquistada nos Jogos de 1992. Na mesma edição, a atiradora Aranka Binder ficou com o bronze na carabina de ar 10m e Stevan Pletikosic foi o terceiro colocado na carabina deitado 50m. 

Em Londres

Quatro atletas defenderam os anéis olímpicos na Olimpíada passada. O judoca Reginal de Windt, o corredor Liemarvin Bonevacia e a velejadora Philipine van Aanholt vieram das antigas Antilhas Holandesas, território holandês que, em 2010, foi dissolvido em três ilhas anexadas ao país europeu (Bonaire, Santo Eustáquio e Saba) e duas outras ilhas autônomas (Curaçao e São Martinho), ainda sem comitês olímpicos nacionais estabelecidos. No desfile das nações, o trio divertiu o público ao entrar no estádio imitando os movimentos dos esportes que cada um pratica – atletismo, judô e vela. 

O maratonista Guor Marial, do então recém-criado Sudão do Sul, também foi chamado para participar dos Jogos de 2012 de maneira independente. “Correr sob a bandeira olímpica me fez sentir como se estivesse representando o mundo inteiro”, afirmou Marial, em depoimento ao site oficial do COI. 

De olho

A crise dos refugiados deve fazer com que os Jogos do Rio de Janeiro também entrem nesta lista. Na semana passada, o COI anunciou que monitora três atletas de elite que foram forçados a deixar seus países e tem potencial para competir em 2016. O grupo pré-selecionado conta com uma nadadora síria que está na Alemanha, um judoca do Congo abrigado no Brasil e uma taekwondista iraniana na Bélgica. 

Leia também: Uma em cada sete pessoas no mundo é migrante ou refugiada, diz organização

Para isso, os candidatos vão receber apoio técnico e financeiro para manter a rotina de treinos de alto rendimento em terras estrangeiras. Por fim, caberá às federações internacionais de cada esporte avaliar se os atletas refugiados têm índice técnico para confirmar a classificação para os Jogos.

Saída

Recentemente, a permissão extraordinária foi citada como alternativa para os russos, uma vez que a equipe de atletismo do país está provisoriamente suspensa de competições internacionais por conta de um grave esquema de doping. O ministro dos Esportes da Rússia, Vitaly Mutko, cogitou se os atletas inocentados da acusação e, mesmo assim, impedidos de competir, poderiam entrar nos Jogos por conta própria. 

O presidente do COI, Thomas Bach, disse, em entrevista à agência de notícias AFP, que, no momento, a hipótese trata-se de “total especulação”. Para reverter a proibição, o Comitê Olímpico Russo (ROC) anunciou o início de uma reforma para se adequar às exigências legais do controle de substâncias ilícitas, além de identificar e punir os envolvidos e colaborar com a investigação conduzida pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF).

Creative Commons - CC BY 3.0

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