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Gabi Nunes: aos 18, a artilheira que também quer ser campeã

Criado em 22/01/16 10h39 e atualizado em 22/01/16 11h00
Por Daniel Mello - Agência Brasil Edição:Edgard Matsuki - Portal EBC

Há dois anos no futebol profissional, Gabi Nunes ainda está se acostumando a conceder entrevistas, parte da rotina dos atletas de ponta. “Antes eu não gostava muito, não. Eu sou muito tímida mas estou me soltando”, diz com o tom de voz baixo e a fala rápida. Apesar de enfrentar algum desconforto, a jovem de 18 anos vê o interesse dos jornalistas como um resultado natural do trabalho que vem fazendo. “Ultimamente, graças a Deus, está começando a surgir as coisas”.

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No Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino de 2015, Gabi encerrou a temporada como artilheira da competição. Foram 14 gols em 12 jogos. Ajudou a garantir, com seis gols, a goleada do Adeco sobre o Duque de Caxias de 13 a 0. Desde o início de 2016 veste a camisa do Corinthians, com a qual pretende conquistar os primeiros títulos profissionais. Nos dois anos em que disputou o Brasileirão pela Adeco chegou às semifinais.

A transferência do Adeco para o Corinthians é o capítulo mais recente de uma história que começou em família. Quando com apenas 7 anos foi treinar no Grêmio Filsan, time amador de futebol de salão da zona norte paulistana, onde a família vive até hoje. “Meu irmão é profissional do futebol [Roberto Júnior, que jogou na Polônia] e eu gostava de vê-lo treinando. Aí, eu me interessei e pedi para o meu pai me levar [para jogar]”, lembra.

O gosto da família pelo futebol se transforma em empolgação pelo sucesso de Gabi. “Com os anos que vão passando, eles vão criando mais expectativas sobre mim. Vão em todos os meus jogos, não perdem um”, conta. O pai, diz ela, chega a fechar o salão de cabeleireiros do qual é dono para poder acompanhar as partidas.

Como parte da preparação, Gabi conta que costuma assistir vídeos de outros atacantes como o argentino Messi e o brasileiro Neymar. “Eu vejo bastante a movimentação de corpo dele [Neymar], de drible. Uma coisa muito rápida. Ele sabe decidir em poucos instantes sair do lance ou finalizar”.

Pela dedicação e os resultados que tem apresentado, Gabi acredita que merece vestir a camisa da seleção que disputará os Jogos Olímpicos. “Pelo ano que eu fiz, eu merecia. Mas tem que ter muita humildade para reconhecer que ainda tem muita coisa a melhorar. Por ser nova, muita coisa a evoluir e acrescentar na minha vida”, pondera. Pela amarelinha, Gabi jogou o Sul-Americano Sub-20 no final do ano passado.

Muitos gols, poucos títulos

Apesar do destaque como artilheira, a jovem se ressente da falta dos títulos profissionais no currículo. “Ano passado foi inexplicável. Poderia ter vindo os títulos Brasileiro e Paulista, mas com calma, treinando, eu sei que uma hora vai sair. Mas eu fiquei muito feliz pelo ano passado”.

O sucesso individual foi conquistado, segundo Gabi, no esforço de conseguir os melhores resultados para a equipe. “Eu queria mesmo fazer gols para ajudar a equipe. Não para ser artilheira e ganhar prêmios individuais. E, sim, para ajudar a gente a ganhar. Mas depois que eu comecei a ver que estava ficando distante das vice-artilheiras, começou a vir na minha cabeça que poderia ser a artilheira mais nova da história do Brasileiro”, conta sem evitar o sorriso.

Com 1,70 metro de altura, ressalta que entre as suas especialidades como finalizadora está o cabeceio. “Nas fotos parece que eu sou uma pichuca [bem pequena], porque eu sou magrela”, se descreve ao explicar que muitas vezes as pessoas se surpreende com o seu tamanho quando a conhecem ao vivo.

Pode não ser a menor, mas como mais nova do grupo, é alvo de brincadeiras das colegas. “Sempre é a mais nova na roda”, diz sobre como é escolhida arbitrariamente para começar sendo a “bobinha” nos treinos, participante que fica no centro do círculo, enquanto as demais tentam impedir que ela toque a bola. Durante a entrevista à Agência Brasil, os gracejos das companheiras faziam a timidez de Gabi aflorar e corar o rosto.

Responde, no entanto, sem embaraço perguntas sobre a vida pessoal. “Às vezes não tem tempo nem para a família, quando mais para namorar”, justifica porque está solteira. “Por enquanto estou só focada no futebol”, completa a jovem, que apesar de animada com a nova fase em um grande time pensa em jogar no exterior. “É o sonho de qualquer pessoa em começo de carreira”, enfatiza.

Os grandes times europeus e norte-americanos oferecem, segundo Gabi, mais estrutura e melhores remunerações às jogadoras. “Aqui no Brasil é um pouco difícil. Lá fora eles contribuem mais com o futebol feminino”, ressalta. Ela explica que por aqui, mesmo com a carreira deslanchando, ainda não conseguiu autonomia financeira. “Dá para comprar as suas coisinhas, mas para se sustentar ainda não”.

Creative Commons - CC BY 3.0

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