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Exoesqueleto

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"A Fifa me tratou mal", diz criador do exoesqueleto exibido na Copa

Criado em 09/03/16 10h36 e atualizado em 09/03/16 12h19
Por Leyberson Pedrosa* Edição:Edgard Matsuki

Quase dois anos depois que um tetraplégico chutou uma bola usando um exosqueleto na abertura da Copa do Mundo de 2014, o neurocientista Miguel Nicolelis, coordenador do projeto, deu detalhes de como foram os preparativos para o evento e destaca que o grupo enfrentou problemas com a execução do projeto por causa do tempo dado pela Fifa para a exibição da experiência científica.

Antes da Copa, o projeto Andar de Novo (Walk Again) (que envolve pesquisadores de todo o mundo e é coordenado pelo neurocientista brasileiro) anunciou que faria um feito inédito: iria mostrar ao mundo um paciente tetraplégico se levantar de uma cadeira, dar alguns passos e chutar uma bola no meio do campo. Esses movimentos seriam possíveis graças a uma roupa robótica (exoesqueleto) desenvolvida pelo grupo e que se comunica com o cérebro a partir de sensores na cabeça do paciente.

Esse pontapé inicial aconteceria durante três minutos e daria início à Copa do Mundo no Brasil. Entretanto, no dia 12 de junho de 2014, a TV Fifa, responsável pela transmissão da Copa, mostrou menos de 20 segundos de uma cena onde o voluntário tetraplégico Juliano Pinto aparecia já de pé, apoiado por dois assistentes e vestido com um exoesqueleto. Em um movimento com a perna direita, ele chuta uma bola que desce uma rampa.

O fato gerou polêmica na imprensa brasileira que chegou a considerar a demonstração um fracasso e levantou questionamentos sobre o alcance do projeto. Contudo, Nicolelis responsabiliza a Fifa pela diminuição do tempo e destaca avanços em sua pesquisa como a capacidade de pacientes paralisados voltarem a contrair músculos. 

Nicolelis lembra que outros lugares do mundo que receberam o sinal da TV Fifa conseguiram ver Juliano (em primeiro plano) dando o chute antes de cortarem para outra cena. "a Fifa nos tratou muito mal e a imprensa brasileira também. No Brasil, a cultura cientifica é muito pouca, ninguém consegue fazer de fato um jornalismo científico como se faz fora”, desabafa. De acordo com o professor, um acordo entre a TV Fifa e o projeto previa três minutos para que realizassem a demonstração científica. “Ela nos deu apenas 3 minutos e ninguém e nunca fez uma demonstração como essa com uma chance só e em um tempo desse". Meses antes do evento, a federação avisou ao projeto que reduziria o tempo de exibição de três para um minuto, tempo que foi mais reduzido ainda. “Duas semanas antes do evento, nos deram 29 segundos. Não é à toa que estão na cadeia hoje em Nova Iorque”, reclama Nicolelis, citando os recentes escândalos envolvendo o alto escalação da entidade internacional.


Depois da Copa, a equipe de Nicolelis continuou o desenvolvimento de suas pesquisas com pacientes na Universidade Duke, nos Estados Unidos, e do Instituto Internacional de Neurociências de Natal – Edmond e Lily Safra (IINN-ELS).
O neurocientista concedeu entrevista para os jornalistas Paulo Moreira Leite, Florestan Fernandes Junior e a jornalista convidada da Folha de São Paulo, Mariana Versolato. Durante o debate, Nicolelis analisou também a relação da ciência com a política. Confira a entrevista na íntegra:

*Com informações no programa Espaço Público

Creative Commons - CC BY 3.0

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