one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Imagem: REUTERS/Gonzalo Fuentes/Direitos Reservados

Compartilhar:

Religioso, Thiago Braz atribui a Deus decisões de treinar fora do Brasil e saltar 6,03m

Criado em 17/08/16 08h30 e atualizado em 17/08/16 08h41
Por Edgard Matsuki - Enviado Especial do Portal EBC

No dia seguinte em que Thiago Braz se tornou campeão olímpico e se tornou ídolo do esporte no Brasil, uma notícia mal traduzida do Jornal Le Monde dava conta que o técnico do francês Renaud Lavillenie (medalha de prata) teria dito que “forças místicas, talvez as do candomblé” ajudaram o brasileiro. A história foi esclarecida pelo próprio jornal. Porém, a notícia errada e o questionamento de jornalistas sobre ela fizeram aflorar uma característica forte do campeão olímpico: a fé religiosa.

Ainda sem intimidade com o assédio que passou a sofrer da imprensa após o ouro olímpico, e assumidamente tímido, Thiago muda o olhar quando questionado sobre a importância da religião na sua carreira de atleta. Evangélico, mas sem querer revelar qual igreja frequenta, Braz afirma que foi guiado pelo “pai” (nome pelo qual se refere ao Deus de sua religião) em duas decisões que mudaram a sua carreira.

A primeira aconteceu no final de 2014. Thiago, então com 20 anos, recebeu um convite para treinar na Itália com Vitaly Petrov, renomado técnico de lendas do esporte como Sergei Bubka e Yelena Isinbayeva. No caminho, havia algumas dúvidas: será que o certo era deixar o Brasil? Ele, que havia acabado de lesionar o pulso, deveria ir? E o casamento com Ana Paula de Oliveira (também atleta), como ficaria? De acordo com Ana, a resposta ficou, literalmente, com Deus:

“Foi uma fase bem difícil em que as pessoas julgaram muito. Perguntavam: 'o que você vai fazer sozinho, querendo sair do país?', 'Você acabou de quebrar o seu punho, quem te garante que você vai saltar de novo?' Ele estava apreensivo, mas em uma noite, ele ouviu a resposta de um pai [Deus]. Ele acordou muito feliz e falou: “eu ouvi do meu pai [Deus] que ele vai me levar para fora e preparar uma surpresa”. No outro dia, ele foi numa reunião na Cbat (Confederação Brasileira de Atletismo) e eles já haviam preparado tudo. Iam até me levar, que era uma possibilidade quase impossível”.

A decisão se mostrou acertada. Petrov ajudou no amadurecimento do atleta. “O Vitaly é muito abençoado. Ele tem o dom. Ele nasceu para transformar a vida das pessoas. Isso aconteceu com o Thiago, que cresceu muito como homem. O Thiago pegou uma confiança nele. Pelo fato de ele ter sido rejeitado, é difícil ele se abrir. Mas quando ele confia, se apega mesmo. Isso aconteceu com o Vitaly”, conta Ana. Sobre o “ser rejeitado”, ela se refere ao fato do campeão ter sido abandonado pelos pais aos dois anos e ter sido criado pelos avós.

Thiago cresceu no esporte, mas mesmo assim não era considerado um dos favoritos ao ouro no Brasil. Até o dia da prova, ele havia, no máximo, saltado a 5,93m em competições. Em treinos, o máximo foi 6,00m. Detalhe: na altura foram colocados elásticos e não sarrafos (mais difíceis de serem superados. E foi no último domingo, que “o pai” ajudou Thiago na sua segunda decisão: a de saltar 6,03m nas Olimpíadas.

Rio 2016: Thiago Braz bate recorde olímpico e ganha ouro no salto com vara
Copyright - Rio 2016: Thiago Braz bate recorde olímpico e ganha ouro no salto com vara

REUTERS/Kai Pfaffenbach/Direitos Reservados

“Eu não consigo explicar exatamente como acontece. Eu tento, na realidade, esquecer todo o meu eu, e escutar o que Deus quis me dizer naquele momento. Eu sentia Deus comigo naquele momento. Antes de saltar, senti que estava um ambiente totalmente diferente. Era maravilhoso. E aí parti para os 6,03m”. O resultado do salto o Brasil já conhece: medalha de ouro para o Brasil.

Promessa de dedicação à carreira da esposa

Além de Petrov e “do pai”, a figura da esposa foi fundamental para Thiago. Meses antes das Olimpíadas, Ana Paula desistiu de lutar por uma vaga para se dedicar ao marido. “Eu fui realista sabendo que seria difícil eu chegar na final dos Jogos Olímpicos. Parei de treinar nestes últimos três meses para poder ajudar o Thiago. Vivi o sonho junto com ele. Eu não esperava, mas ele foi a primeira pessoa a reconhecer isso”, conta a atleta.

Se antes dos Jogos do Rio, o casal se dedicou ao desempenho de Thiago, a promessa é que os dois treinem juntos para os Jogos de 2020. “Ele disse que está do meu lado para que o meu sonho também vire realidade. Vamos lutar juntos para Tóquio, os dois. E quem sabe por uma medalha”, diz Ana.

Antes de “lutar por Tóquio”, o casal deseja dar uma desacelerada. “Próximo ano a gente vai fazer um ano mais tranquilo. Daqui a dois anos a gente vai buscar ser intenso”, diz Thiago. “Ele até vai competir mais algumas vezes. Mas, sem pressão porque o objetivo já foi alcançado que foi saltar mais do que 6m e ir bem nas Olimpíadas”, completa Ana.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário