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Clarice Lispector

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Sabe quem foi Clarice Lispector?

Criado em 08/08/14 12h43 e atualizado em 08/08/14 12h56
Por Plenarinho - Câmara dos Deputados

Clarice Lispector
Clarice Lispector escreveu quatro livros voltados para o público infantil

Você sabia que Clarice Lispector, uma das maiores escritoras brasileiras, não nasceu no Brasil? Nasceu na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920. Nossa homenageada escreveu livros maravilhosos (e bem complicadinhos, na opinião de muitos leitores), entre eles: Felicidade clandestina, A hora da estrela e A paixão segundo G.H.

Além desses, ela escreveu também livros infantis! O primeiro livro para crianças foi O mistério do coelhinho pensante, uma exigência do seu filho caçula, Paulo, que nasceu em 1953. A autora fez mais outros três livros infantis: A mulher que matou os peixes, A vida íntima de Laura e Quase de verdade. Mas as obras dela não se resumem a essas, não. Tem muita coisa boa que você precisa conferir. Aliás, a trajetória dessa grande escritora rende um grande livro. Quer conhecer alguns detalhes?

Clarice Lispector chegou ao Brasil com os pais e as duas irmãs aos dois meses de idade, instalando-se em Recife. Durante a infância, teve sérias dificuldades financeiras. Quando Clarice tinha apenas 9 anos, sua mãe faleceu, e a família se mudou para o Rio de Janeiro, onde Clarice começou a trabalhar como professora particular de português. Por isso que a relação professor/aluno é um dos temas preferidos e recorrentes em toda a sua obra - desde o primeiro romance: Perto do coração selvagem.

A qualquer hora, em qualquer lugar

Já adulta, ela estuda Direito, não por prazer, mas por querer conseguir um emprego fixo e poder se dedicar aos seus escritos. Foi quando começou a trabalhar como redatora na Agência Nacional, onde terminou trabalhando como jornalista. Nesse período, aproximou-se de escritores e jornalistas importantes como Antônio Callado, Fernando Sabino, Alberto Dines e Rubem Braga. Foi um período de criatividade, em que ela deu início ao livro Perto do coração selvagem. Segundo Clarice, escrever esta obra foi um processo cercado pela angústia porque “o romance a perseguia”. As idéias surgiam a qualquer hora, em qualquer lugar. Ela anotava as idéias a qualquer hora, em qualquer pedaço de papel.

Em 1943, ela se casou com Maury Gurgel Valente, futuro diplomata. O casamento durou 15 anos e dele nasceram Pedro e Paulo. No ano seguinte, ela publicou Perto do coração selvagem, no qual já dá para perceber o estilo muito pessoal da escritora, com a tentativa de alcançar sentimentos muito íntimos, difíceis de se expressar em palavras. Nas páginas, Clarice fala pela primeira vez da solidão e da falta de comunicação entre os humanos. Seu texto é bem trabalhado, próximo da poesia em alguns momentos.

Clarice e o marido ficaram em Nápoles, na Itália, até 1946. Foi nessa cidade que ela escreveu seu segundo livro: O Lustre, concluído em 1944, mas publicado só dois anos depois, quando Clarice passou um mês no Brasil.

Estava difícil escrever...

De volta à Europa, Clarice vai para a Suíça, onde, durante três anos, passou por algumas dificuldades em relação à escrita e à vida pessoal. Em 1946, tenta começar a escrever A Cidade Sitiada, livro que sairia apenas em 1949. Como estava difícil escrever, ela matava o tempo colecionando frases do autor Franz Kafka sobre preguiça, impaciência e inspiração.

Para Clarice, a vida na cidade de Berna, capital da Suíça, é de miséria existencial. Tanto que na crônica "Lembrança de uma fonte, de uma cidade", Clarice afirma que, em Berna, sua vida foi salva pelo nascimento do filho Pedro e por ter escrito um dos livros "menos gostados". O livro e o filho estavam tão ligados que, só quando terminou de escrever o último capítulo, o bebê nasceu. Então, ela passou a escrever com a máquina no colo, para cuidar do filho.

O período na Suíça é marcado pela saudade do Brasil, dos amigos e das irmãs. A correspondência que recebe não é mais suficiente. Até 1952, escreveu muitos contos: gênero em que Clarice Lispector se destaca na literatura brasileira. Daí veio o livro Alguns Contos, publicado em 1952, quando ela já tinha deixado Berna, passado seis meses na Inglaterra e partido para os Estados Unidos, acompanhando o marido.

Mudança de ares, mudança de vida

Em 1950, na Inglaterra, Clarice começou a escrever A Maçã no Escuro, livro publicado somente 11 anos depois. Mas até lá, a escritora trabalhou de novo em jornais. Entre maio e setembro de 1952, assinou a página "Entre Mulheres", no jornal O Comício, no Rio, usando o nome de Tereza Quadros. Em setembro foi grávida para os Estados Unidos. Ficou por lá durante oito anos, mas sempre voltando ao Brasil.

Em fevereiro de 1953, nasceu o segundo filho, Paulo. Mesmo com problemas domésticos, ela continuou a escrever A maçã no escuro e a dividir seu tempo entre os filhos, os contos do livro Laços de família e a literatura infantil. A vida familiar estava ficando complicada. Depois de voltar ao Brasil, em 1959, Clarice se separou do marido e voltou a morar no Rio de Janeiro, com os filhos. A autora afirmava que o fato de cumprir o seu papel como mulher de diplomata sempre a enjoou muito e que via isso mais como uma obrigação, e nada além disso. Por isso ela achou melhor se isolar do que manter contato com o círculo de amigos que tinha relação com o ex-marido. Foi quando ela passou por mais um período de dificuldades afetivas e financeiras.

Clarice, a jornalista

O dinheiro que recebia como pensão não era suficiente, nem o que arrecadava com direitos autorais. Clarice voltou, então, a praticar jornalismo. Escreveu contos para a revista Senhor, tornou-se colunista do jornal Correio da Manhã, em 1959, e, no ano seguinte, começou a produzir a coluna "Só para Mulheres", redigindo textos para a atriz Ilka Soares no Diário da Noite.

Clarice ficaria trabalhando como jornalista até 1975, passando por várias revistas e vários jornais nacionalmente conhecidos. A escritora adoeceu e passou a ficar mais tempo em casa, escrevendo. Foi quando produziu um de seus livros mais conhecidos, que até virou filme mais tarde: A hora da estrela, o último publicado em vida. A autora faleceu de câncer, no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro de 1977. Mas sua obra continua imortal!

Creative Commons - CC BY 3.0

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