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Cesárea

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Cesárea pode prejudicar formação do sistema imunológico dos bebês, apontam pesquisas

Criado em 13/10/14 11h32 e atualizado em 14/10/14 08h09
Por Adriana Franzin Fonte:Portal EBC

Cesárea
Cesárea impossibilita contato com as bactérias maternas (Remy Sharp / Creative Commons)

É nos primeiros instantes de vida do bebê que se dá a principal fase de maturação do sistema imunológico. Assim que sai do útero, ele entra em contato com os micro-organismos que vão ensinar esse sistema a identificar quais são bem-vindos ao corpo e quais devem ser combatidos. Essa etapa de construção do sistema de defesa do corpo só se dá uma vez e se estabelece para o resto da vida do indivíduo.

Vale ressaltar que apenas 10% dos cerca de 100 trilhões de células do nosso corpo são células humanas. Os outros 90% são micro-organismos, principalmente bactérias. Elas habitam o nosso intestino, boca, estômago, nariz, garganta, pele, aparelho respiratório e genital e exercem funções vitais como a proteção contra doenças e metabolização de nutrientes. (Leia mais sobre o papel dos micro-organismos intestinais na saúde humana).

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A relação entre a via de parto e essas doenças é tema de um documentário que foi lançado mundialmente no último dia 20. Os cientistas que deram seus depoimentos no longa-metragem “Microbirth” fazem um alerta quanto aos impactos na saúde da humanidade com a degradação contínua do ecossistema microbiológico.

Segundo essa tese, o aumento gradativo no número de pessoas com doenças como asma, câncer, obesidade, diabetes e alergias chegará, dentro de poucos anos, a um limite insustentável, inclusive financeiro. Em relação à saúde, estaríamos à beira de uma crise mundial.

Assista ao trailler:

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Os especialistas consultados no filme explicam que a qualidade do microbioma, ou seja, dessa comunidade de micro-organismos que compartilham do mesmo espaço corporal, pode influenciar a predisposição do indivíduo a determinadas doenças e relacionam essa vulnerabilidade à via de parto.

“Quando a criança nasce por parto vaginal, ela já começa a ter contato com essa microbiota materna no canal do parto. A criança vai deglutir, aspirar e entrar em contato pela pele com essas bactérias. Isso vai criar uma carga de bactérias iniciais que vão determinar o rumo dessa microbiota, como ela vai ser estabelecida. E a gente sabe que nessa microbiota materna estão bactérias promotoras da saúde”, afirma a doutora Carla Taddei, do Laboratório de Microbiologia Clínica da Universidade de São Paulo. 

De outra forma, ao nascer via cesárea, o bebê perde o contato com as bactérias vaginais. É levado imediatamente para longe da mãe para receber os primeiros cuidados e entra em contato com as bactérias do ambiente hospitalar. “Se neste primeiro momento, as bactérias que chegam nessas mucosas são as que não vão promover a saúde e se estabelecem isso vai ter impactos na saúde deste indivíduo”, explica a doutora Carla.

Segundo ela, o nascimento não é determinante, mas existem trabalhos científicos que fazem ligação entre essa colonização inicial e males como obesidade, diabetes e doença celíaca: “A gente sabe que os adultos diabéticos têm um grupo de bactérias que têm um envolvimento com a diabetes. As pessoas obesas também têm um grupo de bactérias que se envolvem com a obesidade. Inflamações intestinais, doenças intestinais crônicas, câncer e até autismo têm a ver com a microbiota”.

Para reduzir esses impactos, além de promover o nascimento por via vaginal, a doutora Carla Taddei recomenda adotar o aleitamento exclusivo até os seis meses de vida, alimentação saudável e nutritiva principalmente antes dos dois anos da criança (quando a microbiota se estabelece), evitar antibióticos o máximo possível e permitir que a criança brinque no chão e em contato com antígenos do ambiente.

“Quanto mais estéril o ambiente em que a criança viver, menos condições ela terá do sistema imunológico reconhecer o que são os antígenos. Então, futuramente, o organismo dela vai identificar as partículas como estranhas e vai responder contra, o que causa alergias, problemas respiratórios e atópicos. Já as crianças que vivem em ambientes ricos em antígenos aprendem a lidar com eles e vão ter menor probabilidade de desenvolver doenças alérgicas”, diz.

Sobre o documentário
“Microbirth” é uma produção independente de Alto Films Ltd e foi produzido e dirigido pelo casal de cineastas britânicos Toni Harman e Alex Wakeford. Seu filme anterior, “Freedom For Birth”, foi lançado em mais de 1.100 exibições públicas em 50 países em 2012. Saiba mais aqui.

Creative Commons - CC BY 3.0

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