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Especialista fala da qualidade e da quantidade de sono das crianças durante as festas de fim de ano

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Rotina pré-sono e estímulo à independência são eficazes para insônia infantil

Criado em 12/08/15 11h15 e atualizado em 12/08/15 11h27
Por Instituto de Psicologia da USP

É comum que crianças tenham problemas no momento de dormir e despertem com frequência durante a noite. Esse comportamento pode afetar aspectos cognitivos, emocionais e educacionais da criança, além de ser prejudicial para a saúde de pais e cuidadores. Com o objetivo de oferecer resoluções eficazes para problemas de sono na infância, uma proposta de intervenção comportamental foi testada no Instituto de Psicologia da USP pela psicóloga Renatha El Rafihi Ferreira. Baseada em aconselhamento parental, a intervenção mostrou-se eficiente, apresentando resultados promissores para quem convive com o problema.

No Brasil, este estudo foi pioneiro em selecionar um número considerável de pessoas a serem pesquisadas de forma aleatória e em controlar as variáveis apresentadas sistematicamente, a partir do método de pesquisa clínica randomizado controlado. Foram selecionadas 62 crianças com idades de um a cinco anos que possuíam dificuldade de iniciar e manter o sono por, no mínimo, três vezes por semana. As mães também participaram e foram testadas. O grupo pesquisado, que se apresentou voluntariamente para colaborar com o estudo, é constituído apenas por crianças típicas, ou seja, sem comprometimentos psiquiátricos.

Após a randomização dos voluntários, em que metade das crianças ficava no grupo controle e a outra metade era efetivamente testada, as mães e, com menor frequência, pais foram entrevistados. O objetivo das entrevistas era caracterizar problemas comportamentais e de sono das crianças e dos adultos, além de relatar hábitos cotidianos. Depois, foram realizadas cinco sessões de orientação com os pais, constituídas de recomendações sobre o sono e o desenvolvimento infantil, como horários indicados para dormir. A intervenção consistia de ignorar comportamentos inadequados no momento do sono e reforçar comportamentos adequados, iniciando uma rotina pré-sono com a criança e estimulando sua independência. A psicóloga Renatha El Rafihi explica que os pais deveriam fazer atividades calmas e relaxantes com a criança cerca de 30 minutos antes da hora de dormir.

Além da rotina pré-sono, principal ponto da intervenção, as crianças não deveriam ingerir, no fim do do dia, cafeína, chá, coca-cola, chocolate e outros alimentos capazes de afastar o sono.

A criança deveria ser levada ainda acordada para a cama, de modo que ela entendesse que aquele seria um momento para relaxar. Outra orientação da pesquisadora é que os pais se afastassem gradualmente das crianças no momento de dormir, deixando-as sozinhas por fim, mesmo se chorassem. “Todos nós temos despertares noturnos, mas, como dormimos independentemente, retornamos rápido ao sono, esquecendo desses despertares. A criança, se consegue adormecer apenas na presença parental ou com estímulos como colo ou mamadeira, quando desperta não consegue retornar ao sono sem essas condições”, explica a psicóloga sobre os motivos da insônia infantil.

Os resultados da intervenção eram controlados por pulseiras de actigrafia, afixadas tanto nas crianças quanto nas mães durante a noite. O acessório monitora a atividade motora de quem o usa, calculando a latência para início de sono e estipulando despertares noturnos, de forma a oferecer um quadro geral sobre o comportamento do indivíduo durante o sono. Além desse recurso, foram analisados os relatos das mães nos diários de campo. As informações coletadas demonstraram que as crianças que passaram pela intervenção tiveram melhoras no sono: começaram a adormecer mais rápido, despertar menos e dormir menos frequentemente com seus pais. Também houve benefícios em seus comportamentos diurnos, notando-se menor nível de ansiedade e agressividade. O sono das mães após a intervenção também melhorou, já que ele não era mais repetidamente interrompido pelos filhos pequenos.

Após o processo com o outro grupo, as crianças do grupo controle não apresentaram mudanças de comportamento e, também passaram pela intervenção, apresentando resultados semelhantes e corroborando com os resultados encontrados. Além da USP, a pesquisa foi feita em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e com a Universidade Estadual de Londrina (UEL), nas clínicas-escola de psicologia dessas universidades. O levantamento foi elaborado como tese de doutorado da psicóloga Renatha El Rafihi, orientada pela professora Edwiges Ferreira de Mattos Silvares e coorientada pela professora Maria Laura Nogueira Pires, da USP e da Unesp, respectivamente.

Creative Commons - CC BY 3.0

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