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Criança estudando

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Maior "dificuldade" das meninas com ciências exatas pode ser causada pela família

Criado em 28/03/16 11h48 e atualizado em 28/03/16 12h04
Por Blog Alfa e Beto

Para competir na chamada economia cognitiva, os países precisam desenvolver o potencial de todos os seus cidadãos, garantindo que homens e mulheres desenvolvam suas habilidades e encontrem oportunidades para usá-las de forma produtiva. Porém, levantamentos realizados em níveis nacional e internacional mostram que ainda há barreiras para a plena participação das mulheres nessa missão e que as impedem, muitas vezes, de progredirem nos estudos e na carreira – principalmente em áreas ligadas à Matemática.

Os resultados da avaliação mundial PISA 2012 da OCDE mostram que, mesmo que alguns países como Finlândia, Grécia, Macau (China), Rússia e Suécia tenham conseguido reduzir as diferenças no desempenho escolar entre meninos e meninas, as disparidades persistem na maioria das nações. Na média dos 63 países investigados no exame, estudantes de 15 anos do sexo masculino obtiveram cerca de 16 pontos a mais em Leitura, Matemática e Ciência que as estudantes do sexo feminino da mesma idade – o equivalente a cinco meses a mais de aulas. Quando observado apenas Matemática, a diferença chegou a 20 pontos.

Outro relatório, publicado pelo Instituto Unibanco, analisou os dados dos alunos brasileiros na Prova Brasil e no SAEB, e concluiu que ao final da primeira etapa do Ensino Fundamental, 42,2% dos meninos têm nível de aprendizado considerado adequado, enquanto entre as meninas a taxa é de 40,4%. No 9º ano, essa diferença cresce para 3,6 pontos percentuais e no Ensino Médio é de 5,2 pontos.

As diferenças de desempenho na escola acabam se refletindo na escolha da carreira: em áreas como Educação e Saúde, mais de 70% dos graduados são mulheres. Já em Engenharias e Ciências da Computação elas não ultrapassam os 32%. Os dados mostram que apesar de maior participação das mulheres em todos os níveis de ensino os avanços não são suficientes para garantir espaço em áreas consideradas estratégicas para o país, como Engenharias e Tecnologias.

Vale lembrar que, como mostrado no Boletim IDados da Educação N.2, lançado recentemente pelo Instituto Alfa e Beto, o desafio de atrair os jovens em geral para áreas exatas é grande, decorrente principalmente da má qualidade da educação. De acordo com uma análise rigorosa dos dados do ENEM 2014, chama a atenção a concentração muito maior de alunos nos níveis mais altos na prova de Ciência Humanas (45% nas redes estaduais e 81% nas redes privadas). Uma possível explicação é que essas provas requerem mais habilidades intelectuais gerais, que dependem do nível intelectual do aluno e seu ambiente do que conhecimentos específicos, que dependem mais da qualidade do ensino e do esforço de aprendizagem, como é o caso das Ciências Exatas.

Solucionando o problema na origem

De acordo com os relatórios da OCDE e do Instituto Unibanco, as meninas relataram ter menos autoconfiança em sua habilidade para resolver problemas de Matemática e eram mais propensas a expressar fortes sentimentos de ansiedade em relação à disciplina, fatores que têm impacto negativo no aprendizado. Quando são comparados estudantes com nível igual de autoconfiança e ansiedade, a desigualdade de resultados entre meninos e meninas desaparece.

Essa evidência demonstra que gestores e professores precisam refletir sobre como suas expectativas e práticas cotidianas podem estar reforçando estereótipos e limitando o potencial das meninas para as Exatas. Além disso, as famílias também precisam atuar para estimular à maior participação feminina em carreiras dessas áreas.

Segundo a OCDE, em todos os países pesquisados os pais estavam mais propensos a esperar que seus filhos, mais do que suas filhas, trabalhassem em um campo da Ciência, Tecnologia, Engenharia ou Matemática. E esse padrão persistia mesmo quando as meninas apresentavam bom desempenho acadêmico em Matemática. Ampliar o incentivo familiar aos estudos e, posteriormente, ao ingresso em carreiras ligadas a essas áreas é, ainda, a melhor forma de reverter essa situação.

Creative Commons - CC BY 3.0

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