one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

"João e o pé de feijão": um conto sobre desmame e desenvolvimento infantil

Criado em 25/08/16 09h16 e atualizado em 25/08/16 09h38
Por Toda Criança Pode Aprender

João e o Pé-de-Feijão é um conto inglês, que assim como muitas outras narrativas tradicionais, possui diversas versões. Aqui, exploraremos a mais conhecida, de Joseph Jakobs, datada de 1890.

Nessa história João e a mãe viviam às custas do leite de sua vaca, Branca-de-Leite. Em dado momento, a vaca seca e os dois ficam à mercê da miséria. A mãe então pede que João venda Branca-de-Leite na feira para conseguir algum dinheiro. Porém, o menino em seu caminho cede à oferta de um estranho de trocá-la por feijões mágicos. O homem lhe diz: “Plante-os, que amanhã terá um pé-de-feijão na altura do céu!”. Ao chegar com os feijões em casa, João é severamente repreendido pela mãe, que acredita que o garoto foi feito de bobo pelo estranho. Com raiva, ela atira os feijões pela janela e no dia seguinte, um enorme pé-de-feijão ergue-se ao lado da casa.

Essa primeira parte da história pode ser relacionada com a vivência das crianças muito pequenas que passam pelo desmame. Pensando na ligação de João com a mãe, percebemos uma ruptura: tudo ia bem, até que o leite acabou. A partir de então, cada um tem um caminho para resolver o problema e a incompatibilidade entre mãe e filho gera frustração e conflito. O simbolismo da vaca também remete à fartura do leite, que de repente cessa. Quando a criança e a mãe vivenciam o desmame, muitas vezes a situação é inicialmente sentida como privação de afeto e distanciamento.

Entretanto, esse movimento de separação entre mãe e criança é essencial para que ela transforme sua relação de dependência e comece a traçar seus próprios caminhos. Frente ao desafio de estar por si só, João não se acovarda ou cede ao desamparo. Ele decide seguir sua curiosidade e explorar o mundo: quer viver aventuras grandiosas e resolve escalar o pé-de-feijão. A escalada de João mostra esse progressivo impulso de crescimento e expansão, liberdade que é conquistada após o desmame.

Após algum esforço, o menino chega ao cume do pé-de-feijão, onde encontra uma estrada que conduz à porta de uma casa enorme. Lá está uma giganta que alerta João sobre o dono da casa: um gigante comedor de crianças. O menino insiste em entrar e ela acaba deixando, mas pede que ele tenha cautela e espere a soneca do terrível gigante em um esconderijo seguro.

Quando o dono da morada fareja o cheiro de carne humana no ar, a giganta o engana, dizendo que o odor vem do resto de seu jantar do dia anterior. Após alimentar-se, o gigante resolve contar suas moedas de outro e acaba adormecendo. João não perde tempo e rouba o dinheiro antes que seu inimigo acorde, levando-as para sua mãe. Os furtos à riqueza do gigante acontecem mais duas vezes ao longo da história, quando João sobe novamente no pé-de-feijão e entra escondido na casa do gigante. Em cada uma das visitas, ele consegue levar consigo uma preciosidade: uma galinha que bota ovos de ouro e uma harpa que toca as mais belas melodias. A última escalada é a mais arriscada, pois o gigante percebe o intruso. Porém João age rapidamente e consegue vencer o enorme inimigo, derrubando-o ao cortar o pé de feijão. Assim, o menino passa a viver confortavelmente com sua mãe, sem passar mais qualquer necessidade.

As idas e vindas de João à casa do gigante são momentos de provação e crescimento. Embora ainda seja pequeno, ele precisa encontrar recursos próprios e coragem para conseguir provisões. Isso pode simbolizar os primeiros passos de independência dados pelas crianças, que corajosamente se afastam daquilo que é familiar e conhecido para conquistar autonomia e dominar novos espaços.

A volta de João para casa, marcada pelo sucesso, revela o quanto é importante para os pequenos sentir que agregam algo novo à sua origem e que enriquecem a vivência das pessoas amadas, retribuindo a partir de seu próprio mérito aquilo que lhes foi ofertado ao longo dos anos. Por isso, é muito importante que valorizemos as pequenas conquistas diárias das crianças: as descobertas que compartilham conosco, os objetos que constroem, os desenhos que criam, as relações que estabelecem… Cada uma dessas vivências é um gigante vencido e uma galinha dos ovos de ouro conquistada!

Este post foi escrito com base no livro “Fadas no Divã”, de Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso.

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário