Conselho Curador aprova edital para escolha de novos integrantes

Publicado em 16/12/2013 - 18:12

O edital que regulará o processo de seleção de cinco novos membros do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) foi aprovado durante a 48ª Reunião Ordinária do colegiado, ocorrida no último dia 11 de dezembro (saiba mais aqui). A minuta apresentada pela presidenta do órgão, Ana Fleck, foi deferida com alterações. No documento está previsto a necessidade de buscar garantir a representação de jovens, indígenas e pessoas com deficiência, a busca pela equidade de gênero e a reserva de 40% - do total das 15 vagas da sociedade civil - para negros (as). Após as edições sugeridas, o edital será publicado no Diário Oficial da União e publicizado aqui, no site do Conselho.

 

Durante a reunião, os conselheiros votaram, ainda, a eleição de Rita Freire para o cargo de vice-presidenta do colegiado. Ela substitui Heloisa Starling, que após um mandato de dois anos, decidiu não concorrer à reeleição. “Essa tão grande importância que tem sua outra tarefa, na Comissão da Verdade, justifica essa decisão que você tomou. Acho nobre sua atitude”, disse a conselheira Rosane Bertotti, referindo-se à Heloisa. Rita assume a cadeira para um mandato de dois anos, prorrogáveis por mais dois.

 

Revista

A segunda edição da Revista do Conselho Curador foi lançada também no dia 11. Em sua matéria de capa, a publicação aborda o tema da participação da sociedade dentro da EBC, problematizando a penetração do público na gestão e na programação da empresa. Em artigo, a conselheira Rita Freire continua falando sobre a importância da EBC e a sociedade conversarem mais, fazendo com que o projeto de comunicação pública se consolide.

 

No espaço para trabalhadores e trabalhadoras, Isabela Vieira e Aida Feitosa escrevem sobre equidade de raça nos quadros da casa. A edição também contempla o espaço acadêmico debatendo a cobertura da TV Brasil nos jogos paralímpicos e a estrutura da empresa pública de comunicação do Canadá, com artigos de Nelia Del Bianco e Marcus Vinícius Fraga. A ouvidora Regina Lima completa a publicação com um panorama sobre os conselhos editorias de TVs públicas ao redor do mundo. Para baixar a Revista em formato pdf, clique aqui.

 

Receptividade do público

Pela manhã do dia 11, o pleno discutiu os mecanismos de medição de audiência dos veículos da EBC. A Gerência de Pesquisas, a Superintendência de Comunicação Multimídia (Sucom) e a Ouvidoria da empresa apresentaram o trabalho que têm feito sobre o tema.

 

Alberto Adler, gerente de Pesquisas, defendeu a necessidade do uso de medições quantitativas, como as realizadas pelo Ibope. “Pesquisas quantitativas não são ruins em si, o uso que se faz delas é que determina. A pesquisa qualitativa é usada para fazer a sintonia fina com o que é medido pelas quantitativas. Concordo que precisamos de outras ferramentas, mas acho difícil fazer TV sem medições de audiência, seja pelo Ibope ou por outro instituto”, disse. O gerente também afirmou que deverá entrar no mercado brasileiro, provavelmente em 2014, uma outra empresa que fará medições de audiência, a GFK, de origem alemã, o que pode estimular a concorrência no setor.

 

Rita Feire afirmou que toda medição de audiência é política e quando a EBC decide quem faz e porque faz o registro dessa audiência, já está demonstrando sua escolha sobre os caminhos que os veículos da EBC vão percorrer. “A medida que avaliamos o retorno dado pela audiência, temos uma análise mais profunda do público já conquistado, e quem vai nos dar esse tipo de informação não é o Ibope”, apontou a nova vice-presidenta.

 

Algumas alternativas foram levantadas pelos conselheiros para acabar com a dependência dos dados oferecidos pelo Ibope. Entre elas estavam a implementação de grupos focais, a busca por novos institutos, a contratação de estudos via IBGE e a criação de um instituto público de medição de audiência. “A EBC tem envergadura para trazer para o governo federal a demanda de criação desse importante órgão”, defendeu Mario Borgneth, representante do Ministério da Cultura.

 

Daniel Aarão, conselheiro, posicionou-se a favor do encerramento do contrato com o Ibope, visto que através dessas pesquisas não é possível acessar e conversar com o público, necessidade de uma empresa pública de comunicação, na visão do historiador. “Eu insisto na ideia das parcerias com universidades públicas. Um instituto público é uma boa ideia, mas a longo prazo. Podemos explorar o veio das faculdades de comunicação”, disse. A conselheira Heloisa Starling, porém, questionou a solução: “acho que as universidades não tem condições de fazer isso – as pesquisas que somos capazes de desenvolver hoje não atendem à demanda de velocidade de uma TV”.

 

Para Murilo Ramos, conselheiro, a medição quantitativa de audiência é mesmo uma necessidade, o dilema é ter que trabalhar com a única empresa disponível no mercado brasileiro, que é o Ibope, e que, segundo ele, oferece audiências parciais a partir dos interesses da Rede Globo. “Qual a solução? As universidades não tem mesmo condições de prestar esse trabalho. A saída passa pelas universidades, sem dúvida, mas não pela prestação de serviços direta. Teria que se criar um outro tipo de entidade, com uma nova dinâmica, envolvendo, talvez, um consórcio com universidades diferentes”, sugeriu.

 

Medições pela internet

O superintendente de Comunicação Multimídia, Ricardo Negrão, explicou ao Conselho como é possível monitorar a audiência por meio da ferramenta Google Analytics, mostrando possibilidades de medição transmídia. Além disso, apresentou resultados do trabalho da Sucom na conquista de audiência via redes sociais e mecanismos de busca.

 

“Antigamente, nos meios do século passado, nós oferecíamos o que achávamos que as pessoas queriam ver, mas com a internet e os mecanismos de medição instantânea de audiência nós oferecemos exatamente o que a pessoa está buscando”, afirmou o presidente Nelson Breve.

 

Eliane Gonçalves, conselheira representante dos funcionários, pontuou que o “contrabando de audiência” - conquista do internauta com a publicação de informações que estão em alta nas buscas pela internet – não deve ser o alvo final da atuação da EBC. “Essa pessoa entra, consome aquela informação pontual e pode nunca mais voltar. Precisamos transformar a busca de público em fidelização dos cidadãos”, disse. Ricardo Negrão, respondeu, porém, que a equipe também busca oferecer conteúdos que não estão sendo divulgados em outros meios. “Se a gente só ficar no conteúdo que as pessoas querem ver, é mesmo um problema, então também fazemos o contrário. Pegamos os nichos que são menos explorados e passamos a trabalhar com eles”, completou.

 

Para Mario Borgneth, a medição da internet é muito mais precisa que a da radiodifusão, principalmente pela possibilidade de integrar plataformas. “A EBC tem chances de, livre do imperativo do lucro, avançar nas possibilidades de integração como nenhum outro veículo de comunicação no país”.

 

Integração

O conselheiro Daniel Aarão apontou a necessidade de se integrar os relatórios de aferição produzidos dentro da casa, pela Sucom, gerência de Pesquisa e a Ouvidoria. José Martins, também conselheiro, falou que essa interação deveria acontecer, ainda, entre a visão externa e interna da EBC. “Fizemos uma pesquisa de opinião fora e depois dentro da Marcopolo. Perguntamos o que os funcionários achavam da empresa. Com isso, demos um pulo de qualidade, pois os colaboradores começaram a trabalhar pela excelência da produção sugerida por eles próprios”, contou o empresário.

 

Segundo Regina Lima, ouvidora da EBC, a empresa dialoga muito pouco internamente e isso é um impeditivo para a elaboração de novas formas de aferição da opinião do público. A ouvidora comentou sobre um projeto de monitoramento de conteúdo com três universidades, que entrará em curso em 2014, e poderá ajudar na implementação de ideias surgidas em outras áreas e levantadas no debate. Além desse, o projeto de criação de Comitês de Usuários da EBC, dispositivo previsto na norma, foi apresentado.

 

Os Comitês seriam formados por telespectadores, ouvintes e leitores dos veículos da EBC e auxiliariam o Conselho Curador no estabelecimento de diretrizes para a programação. “Quanto mais participação da sociedade a gente tiver, melhor. Mas temos que pensar muito bem como isso vai acontecer. Como garantir a diversidade desse comitê? É importante fazer um debate sobre isso, antes mesmo de tomarmos uma decisão”, defendeu a conselheira Rosane Bertotti.

 

Após as discussões, foi definida a criação de um grupo de trabalho sobre audiência, que será composto pelos conselheiros Heloisa Starling, Daniel Aarão, Mário Borghenet e Murilo Ramos, sendo coordenado por esse último. O GT contará com o apoio da gerência de Pesquisa da EBC e tem até o dia 29 de janeiro para apresentar um projeto com novos modelos de aferição. Além disso, será realizado em 2014 um Roteiro de Debates sobre mecanismos de participação da sociedade no Conselho Curador da EBC.

 

O diretor-presidente da empresa, Nelson Breve, se comprometeu a priorizar o desenvolvimento de novos mecanismos de medição de audiência no orçamento da EBC para o próximo ano. “Claramente, percebo essa como uma diretriz do Conselho para nosso orçamento de 2014. Vamos cortar em algum outro lugar, mas vamos atender a essa demanda”, afirmou.

 

Plano de trabalho

A Secretária Executiva da EBC, Silvia Sardinha, apresentou, ainda durante a 48ª Reunião Ordinária do colegiado, o Relatório Gerencial do 3º Trimestre da casa. A partir do balanço, os conselheiros debateram o Plano de Trabalho para o próximo ano. “Eu vejo aqui que quase 90% do que foi empenhado no Plano de Trabalho de 2013 não foi executado. Isso é grave”, cobrou Daniel Aarão.

 

Os conselheiros José Martins e João Jorge, porém, consideraram o balanço positivo. “Que podia ser um pouco melhor, podia, mas vocês tiveram problemas seríssimos – então, esse foi um bom balanço”, ponderou Martins. Para Daniel, o atraso em comunicar o Conselho dos imprevistos na execução do Plano não podem mais acontecer: “só tomamos conhecimento dos problemas que impediram as ações agora, nessa reunião. Por isso, a recomendação do Conselho era clara: temos que ter o Plano pronto em novembro, senão isso vira um espaço só pro-forme”, disse.

 

Sílvia Sardinha recomendou que o Conselho destine mais tempo em suas reuniões para discutir o planejamento da Empresa e seus balanços e foque a discussão mais na produção de conteúdo que em questões orçamentárias. Por fim, o pleno aprovou uma resolução que determina a data limite para apresentação do Plano de Trabalho para 2015 como sendo 15 dias antes da última Reunião Ordinária do ano anterior. O Plano de 2014 será votado, excepcionalmente no dia 05 de fevereiro, data do próximo encontro do colegiado. O Conselho deliberou, ainda, não encaminhar mais documentos impressos para seus membros, evitando o desperdício de papel.

Assista os vídeos com a íntegra das gravações do evento aqui.

Confira a galeria de fotos da 48ª Reunião Ordinária aqui.
 

Texto: Priscila Crispi (jornalista da Secretaria Executiva do Conselho Curador).

 

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