A entrevista com Dilma Rousseff na TV Brasil

Publicado em 13/06/2016 - 12:13
Coluna da Ouvidoria
Joseti Marques - Ouvidora da EBC
Entrevista com Dilma Rousseff na TV Brasil

Na semana seguinte à divulgação, pela imprensa, de que a TV Brasil havia feito uma entrevista com a presidenta afastada Dilma Rousseff, a Ouvidoria recebeu dezenas de mensagens de usuários do sistema público querendo saber detalhes, tecendo comentários e perguntando quando a entrevista seria veiculada. Uma telespectadora, por exemplo, indagou: “Foi anunciada a entrevista com a Presidente Dilma e está passando Samba na Gamboa. Vai ou não vai ter a entrevista com Dilma? Quero assistir”.

Detalhes políticos à parte – até porque a imprensa tem-se encarregado sobejamente disso – a entrevista foi ao ar ontem , 9/6, às 21h58, na TV Brasil. Mas até o fechamento desta Coluna, às 18h, a Ouvidoria havia recebido apenas uma manifestação sobre o assunto. O telespectador reclama: “Essa entrevista de Dilma Rousseff, investigada por roubos na Petrobras, é imoral! Não aceito pagar imposto para financiar esse tipo de pouca vergonha!”.

Para que não haja dúvidas quanto às prerrogativas da Ouvidoria, nos antecipamos em esclarecer que nossa missão é também informar o cidadão sobre os critérios técnicos do trabalho realizado nos veículos de comunicação da EBC, principalmente no que se refere ao jornalismo. Em que pese a compreensão do viés marcadamente ideológico das mensagens que nos chegam sobre o cenário político atual – todos querem a prevalência de seus divergentes pontos de vista – insistimos em separar o joio do trigo para melhor compreensão, por parte do cidadão, daquilo que compete à comunicação pública. E que me perdoem o tom eventualmente “professoral”.

Ao entrevistar a presidenta afastada, a TV Brasil carrega a justificativa incontestável do princípio jornalístico de que se deve ouvir todas as partes envolvidas no contexto de um acontecimento. E não se pode contestar que os fatos políticos que impactam fortemente a vida dos brasileiros, inclusive com repercussões no cenário econômico internacional, têm dois personagens principais: Dilma Rousseff, que é a titular da Presidência da República, mesmo que sob risco de impeachment, e Michel Temer, que interinamente ocupa a Presidência.

A cobertura jornalística da vida política do país não pode selecionar uma das partes desse contexto para construir sua narrativa. Acreditamos que o bom Jornalismo, não importa se de uma empresa pública, privada ou estatal,  tem com a sociedade um pacto de fidelidade aos fatos e de entrega de uma informação honesta, completa, imparcial –  e temos  que reconhecer que todos os entes do sistema têm falhado nessa missão. 

Omitir parte dos acontecimentos é contar a história pela metade, como quem mutila a realidade e, no jogo de luz e sombra, manipula a informação. Dilma tem sido referida pela mídia comercial a partir de Temer. O público quer saber, mesmo que pela sua face mais banal, o que está acontecendo com ela – sem comida? Sem cabeleireiro? Sem transporte? Ainda anda de bicicleta? O público tem o direito a saber. Isso não quer dizer, de forma alguma, que a Ouvidoria ignora as fragilidades da decisão editorial, de condução da entrevista, falhas técnicas e erros de edição observados na entrevista que foi ontem (9/6) ao ar. Mas essa análise é feita pela Ouvidoria em outro tipo de documento. Por enquanto, concordamos que a entrevista, realmente “exclusiva”, foi uma boa prestação de serviço da comunicação pública à sociedade. 

Ao final da entrevista, uma promessa dos gestores do jornalismo público: “A entrevista se insere no esforço de comunicação da EBC para produzir um jornalismo com equilíbrio editorial e pluralidade de pontos de vista (…)”.  A conferir.

Em tempo: aos que escrevem à Ouvidoria sobre a flexão de gênero da palavra presidenta, falaremos em outra oportunidade.

Até a próxima!

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