Jornalista Matheus Leitão comenta seu livro de estreia na TV Brasil

Publicado em 29/05/2017 - 08:51 e atualizado em 29/05/2017 - 09:16

Autor fala sobre a obra "Em nome dos pais" no bate-papo com Roseann Kennedy

Lançando o livro "Em nome dos pais", o jornalista Matheus Leitão é o entrevistado do programa Conversa com Roseann Kennedy desta segunda (29), às 21h30, na TV Brasil. A obra, que demorou dez anos para ficar pronta, reconstrói a história de seus pais, os também jornalistas Míriam Leitão e Marcelo Netto, que na década de 1970, foram presos e torturados pelo regime militar.

"O que eu tento fazer é um retrato de uma época. Eu faço o retrato de 1972, 1973. O contexto era de uma perseguição violentíssima contra aqueles que eram contrários ao regime. O regime já havia formado os seus líderes da repressão. Então, a ditadura naquele momento torturava, matava e ocultava cadáveres. Isso tá nos livros de história", destaca o autor para Roseann Kennedy.

Movido pela curiosidade de compreender o passado, Matheus realiza uma verdadeira peregrinação em buscas de respostas. Ao colher relatos dolorosos de um período nebuloso do país, o jornalista reconta a trajetória de seus pais que na juventude participaram do movimento estudantil. Ele relata também as circunstâncias que levaram os protagonistas à prisão e tortura nos porões dos quartéis.

"É o retrato de um Brasil triste. Retrato de um Brasil que precisa ser elaborado melhor, na minha visão. O Brasil não soube elaborar esse momento. É como se a gente escondesse essa história debaixo do tapete e não quisesse falar. Mas eu acho importante falar", afirma.

O escritor, que a princípio sentiu-se desconfortável para narrar essas memórias por causa de seu envolvimento emocional, acabou mergulhando de cabeça no projeto. Por meio de uma apuração rigorosa e do uso da Lei de acesso à Informação, Matheus Leitão descobriu nomes e fatos que foram mantidos em segredo por muitos anos pelos militares.

O jornalista conta que acabou ficando cara a cara com o homem que delatou os seus pais ao regime. O delator, Foedes dos Santos que era líder do comando regional do PC do B no Espírito Santo, demonstrou profundo arrependimento e revelou que só entregou os companheiros por não aguentar a tortura ao qual ele alega ter sido submetido.

Apesar da carga emocional que envolveu este projeto, Matheus revela que não fez o livro movido por nenhum sentimento de ódio ou vingança e explica que a obra é uma tentativa de estabelecer um diálogo.

"A minha ideia nunca foi vingança. A minha ideia foi sempre assim: Vamos dialogar? Vamos conversar? Como é que era? Porque aconteceu isso? Porque torturavam? E o diálogo até hoje, trinta e dois anos depois do fim oficial do regime (militar) ainda é difícil", define.

Para ele, o livro "Em nome dos pais" também levanta uma questão importante, mas ainda longe de ser respondida: "É possível uma reconciliação?". E por fim, o autor completa: "Eu tento levantar esse questionamento de uma reconciliação numa segunda geração. Uma segunda geração dos filhos daquele tempo. Os filhos dos anos de chumbo, seja de um lado ou de outro. Seja dos militares ou daqueles que fizeram resistência ao regime militar. E é uma questão que fica no livro".

"Em nome dos pais" é o livro de estreia do jornalista. Na próxima terça-feira, dia 30 de maio, Matheus Leitão lança a obra no Rio de Janeiro, na Livraria Travessa, do Shopping Leblon, às 19 horas.

O programa Conversa com Roseann Kennedy tem horários alternativos na TV Brasil na madrugada de segunda para terça às 2h45. A atração jornalística também vai ao ar aos domingos, às 19h30.

Serviço:
Conversa com Roseann Kennedy – segunda-feira (29), às 21h30, na TV Brasil.
Conversa com Roseann Kennedy – segunda-feira (29) para terça (30), às 2h45, na TV Brasil.
Conversa com Roseann Kennedy – domingo (4), às 19h30, na TV Brasil.

 

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