Um olhar sobre o mundo discute a transformação de Jerusalém em capital de Israel

Publicado em 23/04/2018 - 08:51 e atualizado em 23/04/2018 - 08:53

Às vésperas  da inauguração da embaixada norte-americana em Jerusalém, no próximo dia 14, e quando os judeus comemoram os 70 anos da independência de Israel, o jornalista Moisés Rabinovicci recebe no programa Um olhar sobre o mundo desta segunda-feira (23), a escritora e professora de História Árabe da USP, Arlene Clemesha e o cientista político, mestre em Diplomacia e Governo, André Lajst. Ambos são observadores do conflito palestino-israelense e conhecem profundamente a história da cidade que tem um valor simbólico para muitos povos e religiões. Um olhar sobre o mundo  vai ao ar às 21h45, na TV Brasil. 

 
Para a professora Clemesha, a declaração por parte dos judeus de Jerusalém como capital de Israel é unilateral e a cidade não é reconhecida como tal pela ONU nem por outros países. " Há de fato um  consenso de existe um grande problema, na medida em que Jerusalém é uma cidade disputada.  O status final da cidade não cabe aos Estados Unidos definir", disse.  

Ela falou sobre o processo de ocupação e anexação de Jerusalém pelos judeus e lembrou que, os outros países não reconhecem essa situação porque se o fizessem isso daria legitimidade às várias declarações dos judeus que, nas últimas sete décadas, definiram Jerusalém como a capital de Israel. Segundo Clemesha, Jerusalém era uma cidade antigamente palestina, transformada a partir da primeira metade do século XX durante o domínio britânico e  com a imigração de judeus da Europa Oriental. Conforme a professora, pelo censo otomano,  a maior parte da população de Jerusalém era árabe em 1870  e ela chega em 1949 com 60% da população judaica.  

Já o cientista político André Lajst  argumenta que houve vários censos em diferentes épocas que mostravam judeus ou árabes como a maioria dos moradores de Jerusalém, mas que a cidade sempre foi central para o povo judeu e que é natural que ela seja hoje considerada também politicamente como a capital do país. 

"No momento em que houve uma declaração de independência de Israel e as fronteiras foram reconhecidas pelo menos através de acordos de armistício entre Israel e Jordânia, Jerusalém Ocidental passa a ser reconhecida automaticamente como território de Israel. É inquestionável", aponta o cientista político. Ele disse que toda a estrutura de governo de Israel está localizada em Jerusalém e que por isso a cidade tem que ser considerada sua capital, o que fez  o presidente norte-americano Donald Trump.

A professora de história árabe ainda lembrou a importância de Jerusalém para as três religiões monoteístas, católicos, judeus e  muçulmanos. Disse que o reconhecimento de Jerusalém como local sagrado para todas essas religiões não pode ser alvo de disputas e que a cidade tem uma grande importância para a tradição islâmica, que não pode ser desconhecida. Os dois convidados também discutiram a Guerra de 1967, questão da internacionalização de Jerusalém e outros pontos do conflito árabe-israelense. 


Serviço:
Um olhar sobre o mundo -  segunda-feira, dia 23, às 21h45, na TV Brasil

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