Um olhar sobre o mundo analisa a presença do terrorismo e do crime organizado na Tríplice Fronteira

Publicado em 04/06/2018 - 10:03

A globalização não valeu apenas para as grandes empresas transnacionais. O crime organizado e o terrorismo também se aproveitaram da crescente integração entre países para ampliar o alcance de suas operações. Na Tríplice Fronteira, que une o Brasil ao Paraguai e à Argentina, esses criminosos encontraram um terreno particularmente fértil para praticar atividades como a lavagem de dinheiro e o tráfico de armas e drogas. 

O jornalista Moisés Rabinovici convidou a venezuelana Vanessa Neumann, consultora da ONU para ações contra o extremismo político, e o brasileiro Ricardo Genari, especialista em estratégia, segurança e inteligência, para comentar a atual conjuntura da região no Um olhar sobre o mundo que vai ao ar na próxima segunda (4), às 21h45, na TV Brasil.

“A Tríplice Fronteira é como um carrossel para todos os grupos de crime organizado e de terrorismo”, descreve Vanessa Neumann, que além de estudar o extremismo político, passou anos na força-tarefa de combate ao comércio ilícito da OCDE. “Se você é um traficante ou um terrorista, na Tríplice Fronteira há três países que podem escondê-lo da polícia, três mercados para vender seus produtos ilícitos, e três nações com estruturas financeiras muito avançadas para ocultar e desviar dinheiro.”

Como o crime tradicional e o terrorismo têm necessidades operacionais similares, a região também se tornou um ambiente favorável para o estabelecimento de laços entre os dois grupos, como afirma Ricardo Genari: “Hoje nós temos uma relação do crime organizado na América Latina com organizações terroristas como o Hezbollah para troca de armas por dinheiro e drogas.”

Movimentos políticos recentes também facilitaram a atuação de organizações criminosas na América Latina segundo Vanessa Neumann: “A porção corrupta do governo [da Venezuela] se alinhou com o tráfico de drogas e com o grupo terrorista FARC.” Mas a globalização do crime foi acompanhada de uma maior integração das ações policiais entre os países, como lembra Ricardo Genari: “Foi com a ajuda do governo espanhol, através do monitoramento de celulares, que a Polícia Federal identificou uma célula terrorista do Estado Islâmico no Brasil.”

A próxima edição de Um olhar sobre o mundo discute também o que leva indivíduos a serem cooptados pelo crime e qual o papel da relação entre Estado e comunidades de imigrantes na prevenção de atos terroristas.

 

Serviço:
Um olhar sobre o mundo - segunda -feira, dia 4, às 21h45, na TV Brasil

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