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A trabalhadora doméstica, Ana Vaz Cardoso.

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Criticar PEC das Domésticas é recorrer a discurso da herança escravagista, diz professor da UnB

Criado em 27/03/13 16h25 e atualizado em 27/03/13 17h26
Por Thais Leitão Edição:Carolina Pimentel Fonte:Agência Brasil

A trabalhadora doméstica, Ana Vaz Cardoso
As domésticas conquistaram direitos já garantidos aos demais trabalhadores (Marcello Casal Jr./ABr)

Brasília - O Brasil não pode submeter trabalhadores domésticos a um tratamento desigual, com privação de direitos, para garantir o conforto da classe média. A avaliação é do professor do departamento de sociologia da Universidade de Brasília (UnB) Joaze Bernardino Costa. Para ele, criticar a ampliação de direitos da categoria sob o argumento de que vai encarecer as contratações é recorrer a um discurso “eticamente insustentável, encharcado de herança escravagista, baseado na exploração principalmente de mulheres negras”.

Ele acredita que a aprovação, ontem (26), pelo Senado, da proposta de emenda à Constituição (PEC) que estende aos empregados domésticos todos os direitos dos demais trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é um importante marco jurídico, mas precisa ser acompanhada de uma profunda mudança cultural.

“A aprovação da PEC é um importante avanço legal, mas ela só aponta a direção para onde devemos rumar. É preciso estimular uma nova representação social da trabalhadora doméstica no país, vista em geral, como uma não trabalhadora, porque sua jornada não gera um produto a ser comercializado no mercado”, disse o professor, autor de tese de doutorado sobre o trabalho doméstico no Brasil.

Costa lembrou que as primeiras leis sobre a atividade foram criadas na década de 1970. Quarenta anos depois, menos de um terço das trabalhadoras domésticas têm carteira assinada, conforme levantamento da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Isso equivale a 29% de um universo que reúne 6,2 milhões de brasileiras.

O professor da UnB acredita que a ampliação de direitos pode aumentar as demissões no setor e provocar um rearranjo nas relações de trabalho, como, por exemplo, uma maior contratação de diaristas, sem vínculo empregatício. Ele defende políticas públicas complementares para garantir “o rompimento de um cenário provocado pela cultura patriarcal”.

“Se por um lado os trabalhadores domésticos não podem ser tratados de maneira diferenciada para evitar aumento nos custos dos patrões, a família que não pode arcar com esses gastos deve ter apoio da sociedade e do governo. Isso pode ocorrer com a ampliação da oferta de serviços como creches públicas e lavanderias com preço acessível perto das casas, por exemplo”, explicou.

Para ele, também é preciso haver modificações na divisão das tarefas domésticas, com maior participação de todos os integrantes da família. “É preciso modificar a lógica de invisibilidade do trabalho de cuidados no lar, seja ele desempenhado por uma trabalhadora doméstica ou por uma dona de casa ou mãe de família”, acrescentou.

 

 

Edição: Carolina Pimentel

Creative Commons - CC BY 3.0

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