one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Mães, pais e entidades de proteção à criança discutem a influência da publicidade infantil no padrão de consumo das crianças.

Imagem:

Compartilhar:

Especialistas defendem regulação da publicidade infantojuvenil para garantir desenvolvimento saudável

Criado em 09/03/13 15h52 e atualizado em 19/05/15 15h46
Por Thais Leitão Edição:Talita Cavalcante Fonte:Agência Brasil

Brasília - A publicidade dirigida ao público infantojuvenil contribui para o consumo de alimentos com baixo teor nutritivo e o surgimento de alterações emocionais em crianças e adolescentes. A afirmação é da psicóloga norte-americana Susan Linn, diretora associada do Centro de Mídia Infantil Judge Baker, nos Estados Unidos. Ela participou, em Brasília, do Seminário Internacional Infância e Comunicação - Direitos, Democracia e Desenvolvimento. O debate reuniu por três dias pesquisadores e representantes de organizações ligadas ao tema de vários países e terminou ontem (8).

Susan é autora do livro Crianças do Consumo: a Infância Roubada e defende o fortalecimento dos mecanismos de regulação da publicidade infantojuvenil para garantir o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes e evitar o agravamento de conflitos familiares. "Pesquisas indicam que as crianças precisam de alimentação saudável, brincadeiras ativas e de passar um tempo com os adultos que cuidam delas para crescerem e se desenvolverem [adequadamente] e a publicidade e o marketing minam essas condições", disse, ao acrescentar que, com a convergência das mídias digitais, crianças são expostas cada vez mais precocemente às telas por meio de tablets, smartphones, entre outros.

Na avaliação da especialista, a publicidade de produtos infantis deve ser direcionadas aos pais, que não são tão vulneráveis quanto às crianças e têm mais capacidade para identificar as estratégias persuasivas. Ela ressaltou, no entanto, que o papel dos governos é fundamental para regular o setor, porque mesmo os adultos são levados a acreditar que "seus filhos não serão felizes se não tiverem determinados produtos".

Para o membro do Comitê dos Direitos da Criança das Nações Unidas no Brasil Wanderlino Nogueira a experiência de outros países com sólida base democrática, como Suécia e Alemanha, provam que o caminho para combater esses problemas é a proibição da publicidade direcionada às crianças. Ele nega que essa medida comprometa o direito de liberdade de expressão.

"Não podemos confundir restrições à publicidade com violação da liberdade de expressão e de informação ou censura. Esses direitos fundamentais não compreendem a publicidade, baseada essencialmente em uma lógica mercadológica, que é a da venda de produtos e de serviços", disse. “Precisamos pensar esse assunto dentro de um contexto maior de democracia e desenvolvimento humano sustentável”, acrescentou.

Para o professor do Instituto de Consumo da Universidade San Martin de Porres, no Peru, Jaime Delgado, uma das principais preocupações referente à publicidade direcionada a crianças é o apelo feito para a venda de alimentos com elevados índices de açúcar, sódio e gorduras. Ele destacou que essa situação tem contribuído para o aumento dos índices de sobrepeso, obesidade, diabetes e outras doenças não transmissíveis entre crianças.

"No Peru, 25% das crianças com idade entre 5 e 9 anos estão acima do peso. Temos uma enorme riqueza gastronômica na América Latina, não podemos desperdiçar isso preferindo a chamada comida lixo, incentivados por propagandas que nos convencem que elas são boas e saudáveis", alertou. Para reforçar seu argumento, Delgado exibiu a imagem de uma propaganda veiculada na televisão peruana e retirada do ar, em que aparece um bebê fazendo careta para o seio da mãe. “Essa cena absurda era para vender pizza”, completou.

No Brasil, o setor de publicidade é autorregulamentado. Desde o dia 1º de março, estão proibidas ações de merchandising (publicidade indireta colocada em programas, com a exposição de produtos) dirigidas ao público infantil em programas criados ou produzidos especificamente para crianças em qualquer veículo. A norma faz parte das novas recomendações para a publicidade que envolve crianças e adolescentes, definidas no Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) é contrário à proibição total da publicidade infantil, por entender que se trata de parte essencial da educação e da formação de cidadãos responsáveis e de consumidores conscientes.

O Projeto de Lei 5.921/01, que proíbe a publicidade dirigida à criança e regulamenta a publicidade dirigida a adolescentes, tramita há doze anos no Congresso Nacional.

Edição: Talita Cavalcante

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário