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Tratamento inadequado faz com que muitos retornem ao uso do crack.

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Especialista defende política de prevenção contra drogas no Brasil

Criado em 10/05/13 06h02 e atualizado em 10/05/13 07h24
Por Alana Gandra Edição:Graça Adjuto Fonte:Agência Brasil

Crack
Mina disse que, de maneira geral, apenas 5% da população mundial usam regularmente algum tipo de droga ilícita, enquanto 95% não usam qualquer droga. (Tânia Rêgo/ABr)

Rio de Janeiro - Prevenção é a política que o governo brasileiro deve adotar para combater a expansão das drogas no país, disse à Agência Brasil a pesquisadora Mina Carakushansky, diretora da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (Abrad) e da Federação Mundial contra as Drogas (Wfad, a sigla em inglês). Ela participa neste sábado (11) de seminário de prevenção ao uso de drogas e à dependência química, promovido pela Abrad, na Câmara Comunitária da Barra da Tijuca.

A Wfad é uma comunidade multilateral de organizações não governamentais e indivíduos, sediada na Suécia. Fundada em 2009, a entidade tem como objetivo trabalhar para um mundo livre de drogas. A federação apoia as convenções de narcóticos da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Mina disse que, de maneira geral, apenas 5% da população mundial usam regularmente algum tipo de droga ilícita, enquanto 95% não usam qualquer droga. “A gente ouve muito falar em tratamento contra drogas, que é necessário. Mas ouve-se falar muito pouco em prevenção”. O seminário, ressaltou, visa a chamar a atenção da sociedade para a necessidade de prevenção às drogas no Brasil.

Para ela, se a verba destinada pelo governo federal para o enfrentamento do crack, no total de R$ 4 bilhões até 2014, conseguisse tratar e recuperar os atuais dependentes dessa droga, isso não ia resolver o problema, porque logo apareceriam outros usuários. “O paralelo que a gente tem que fazer em relação às  drogas que hoje são ilegais, as drogas psicoativas, é o mesmo que se faz em relação ao tabaco, à dengue, à tuberculose ou à febre amarela”. Ou seja, combater as drogas por meio de campanhas preventivas maciças que mostrem à população as consequências que o vício pode trazer.

Mina assegurou que a prevenção evita que haja novos problemas ou, pelo menos, que os problemas proliferem. “A solução real está em a gente evitar que aquelas pessoas caiam no precipício das drogas”. O seminário abordará a prevenção às drogas em suas múltiplas formas, dentro das empresas, da família, nas escolas, nos clubes sociais. Serão oferecidas palestras e oficinas para educadores, jornalistas, psicólogos, médicos, enfermeiros, assistentes sociais e lideranças comunitárias.

A política de prevenção deve ser iniciada na infância, defendeu Mina, para que o Brasil consiga atingir no futuro a posição de países de primeiro mundo na luta contra as drogas. Segundo ela, a Suécia é o país que melhor êxito obteve na prevenção contra as drogas, em comparação com as demais nações europeias que apresentam características similares de educação, moradia, bem-estar da população, meios econômicos e democracia.

Titular da Secretaria Especial  de Prevenção à Dependência Química em  2000, o primeiro órgão desse tipo no Brasil, Mina criticou o movimento pela legalização das drogas. Lembrou que a própria Suécia, após várias experiências de liberalização das drogas, resolveu adotar uma política de prevenção forte e ampla, que se mantém, independentemente da  posição política ou ideológica do governo. “A política de drogas não muda. É sempre a mesma”. Ela admitiu que não há ainda perfeição na Suécia. “Mas em relação ao que se pode fazer, é um exemplo a ser imitado”.

Dados da ONU indicam que o Brasil é o primeiro país consumidor de crack no mundo e o segundo maior consumidor de cocaína. Mina alertou, porém, que não adianta fazer comparações entre o Brasil e outros países, porque são realidades diferentes.  A Suécia, por exemplo, liberalizou as drogas em 1965. Diante do crescimento do consumo e dos problemas sociais que surgiram, o governo voltou atrás três anos depois e as leis foram endurecidas.

A pesquisadora reiterou que a prevenção contra as drogas deve começar na infância. O ideal é que ela comece na família. “É uma cultura que a pessoa não desenvolve da noite para o dia. É uma cultura desenvolvida com campanhas, com esclarecimentos”. Mudanças de humor e de comportamento devem acender um alerta nos pais ou responsáveis. “No início, é relativamente fácil neutralizar isso. Agora, quando se torna dependente, é mais difícil”.

O caso do cigarro é, disse ela,  o melhor exemplo de que é possível fazer coisas positivas no Brasil.  No início da campanha do governo contra o fumo, 35% da população fumavam. À medida que os conhecimentos científico e tecnológico avançaram e a campanha de esclarecimento se intensificou, o índice de consumo baixou para 15%.  Segundo ela, o hábito de fumar já é visto como algo que não é positivo.

Mina lembrou ainda que o Brasil conseguiu um feito grande em relação à própria população com a redução do consumo de cigarro, porque diminuíram os custos com saúde e houve um  prolongamento da vida de pessoas que antes poderiam ficar doentes. Para fazer campanhas preventivas e esclarecedoras desse nível, é preciso que haja vontade política e pessoas que pensem no bem-estar do povo, destacou.

A diretora da Abrad e da Wfad manifestou-se contra o projeto de descriminalização do consumo de drogas,  porque vários países citados como exemplos de sucesso estão voltando atrás em suas decisões. É o caso de Portugal, citou. “Porque aumentaram muito os índices de criminalidade, de overdose”. Ela está certa de que todos os movimentos que visem a dar acesso livre às drogas e facilitar sua obtenção, “anos mais tarde vão voltar atrás”. Reiterou que todas as drogas, dependendo da potência, causam efeitos perigosos ao organismo.

Edição: Graça Adjuto

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