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Encontro em BH discute impactos dos grande eventos

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Atingidos por grandes eventos encerram encontro com ato e carta de reivindicaçõe

Criado em 03/05/14 19h24 e atualizado em 03/05/14 19h56
Por Helena Martins - Enviada Especial da Agência Brasil Edição:Graça Adjuto Fonte:Agência Brasil

Participantes do Encontro dos Atingidos – Quem Perde com os Megaeventos e Megaempreendimentos, promovido pela Associação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop) em Belo Horizonte, fizeram hoje (3) ato no centro da capital mineira. Ao longo do percurso, eles denunciaram uma série de violações de direitos, sobretudo os despejos forçados que ocorreram, nos últimos anos, na preparação das 12 cidades-sede da Copa do Mundo.

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A casa de Ivanildo Teixeira em Fortaleza, na qual morava há 47 anos, foi uma das 66 abaladas na comunidade Lauro Vieira Chaves. Hoje, ele recebe aluguel social no valor de R$ 400. Apesar da mudança brusca, Ivanildo comemora a união dos movimentos e dos atingidos pela Copa. “A gente veio para lutar e fazer valer nossos direitos, porque espera que essa mobilização faça diferença com o governo e com a Fifa”. A Ancop estima que 250 mil pessoas tiveram a moradia ameaçada devido às obras de mobilidade urbana e infraestrutura nas cidades-sede. Como alguns projetos seguem em curso, ainda não é possível precisar quantas famílias perderam a moradia ou foram reassentadas.

Para pessoas que vivem nas ruas, como o coordenador do Movimento Nacional de Pessoas em Situação de Rua, Maurício Pereira, 43 anos, as mudanças nas cidades geraram outros impactos. Ele conta que em Curitiba, onde vive, “buscaram limpar a cidade dos moradores de rua”.

Em junho do ano passado, o Centro Nacional em Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH), instituído pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, denunciou que os moradores vinham sendo alvos de abordagens violentas por parte de agentes públicos durante as madrugadas. O CNDDH aponta que 100 moradores de rua foram assassinados em Belo Horizonte entre 2011 e 2013.

“Nós queremos que as políticas públicas funcionem de fato. Para quem vive na rua, falta tudo: saúde, trabalho, serviço social e uma política de segurança pública que tenha uma abordagem humanizada”, defendeu Maurício.

O ato que encerrou o Encontro de Atingidos passou por ruas do centro. Em frente ao Mercado Central da cidade, os ativistas gritaram palavras de ordem contra a Fifa: “Não vai ter Copa”. A agente comunitária de saúde Jaqueline Magalhães, 36 anos, estava com amigas em um restaurante quando foi surpreendida pela mobilização. Ela disse concordar com os protestos: “Não tem dinheiro para a saúde, vai ter para a Copa?”.

A alguns metros dali, os manifestantes passaram em frente à Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, onde pessoas que se inscreveram como voluntárias para trabalhar no campeonato recebiam treinamento. Da janela, eles viram os atingidos seguirem até a Praça da Liberdade, onde o Relógio da Copa marcava os 40 dias que faltam para o início do Mundial. Em protesto, os participantes queimaram um cartaz de uma das marcas patrocinadoras da Copa e uma réplica da taça. Também exibiram faixas e cartazes com suas reivindicações. De acordo com a Polícia Militar de Minas Gerais, 600 pessoas participaram do ato.

Além do protesto, o encerramento do Encontro de Atingidos contou com a aprovação de uma carta que reúne denúncias e reivindicações, entre as quais o fim dos despejos e remoções, o combate ao tráfico de mulheres e à exploração sexual de crianças e adolescentes, a anistia de militantes processados durante os atos que ocorreram no ano passado, o fim da violência policial, a democratização dos meios de comunicação, a tarifa gratuita para o transporte público e o reconhecimento dele como um direito social.

A carta convoca a população a se manifestar durante os jogos do campeonato: “Estar nas ruas durante a Copa do Mundo é um ato de fortalecimento da democracia e de de um novo modelo de país que avance na participação direta do povo e na construção de políticas públicas efetivas em favor da justiça e igualdade social”, conforme consta no documento. “A gente quer ir para as ruas não porque queremos encher as ruas. Nós queremos mostrar problemas sociais que existem, porque não dá para viver em um Estado que não reconhece esses sujeitos”, diz o integrante da Ancop e do Comitê Popular da Copa de Salvador, Argemiro Ferreira de Almeida, 50 anos.

Ele avaliou a realização do primeiro Encontro de Atingidos de forma positiva: “Era fundamental realizar um encontro de atingidos, porque essas pessoas são invisíveis. Nós estamos sonhando aqui em ter um Brasil diferente, um Brasil que reconheça que há um povo e uma pluralidade de interesses”. De acordo com Almeida, ao propor um debate mais amplo sobre os eventos e projetos em curso no país, “a gente quer dizer que esse modelo de desenvolvimento e o modelo de negócio pensado pela Fifa não é o mais importante. A gente quer dizer que a vida é que é mais importante”.

Editor Graça Adjuto

Creative Commons - CC BY 3.0

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