Compartilhar:
Brasilianas.org discute crise brasileira e desenvolvimento
Criado em 26/10/15 19h09
e atualizado em 26/10/15 19h19
Por Camila Boehm
Edição:Fábio Massalli
Fonte:Agência Brasil
O programa Brasilianas.org de hoje (26) discute o legado do economista e pensador político Celso Furtado e suas contribuições na analise das crises econômica e política que o Brasil enfrenta na atualidade.
Para fazer um retrato da crise econômica e política vivida no país e as saídas em favor do desenvolvimento sustentável, o programa recebe o historiador e cientista político, Luiz Felipe de Alencastro; o professor da Unicamp e especialista em economia da inovação, André Furtado; e o professor de Direito Econômico e Economia Política da USP, especialista em desenvolvimento, Gilberto Bercovici.
Os especialistas assinam três artigos da coletânea Brasil, Sociedade em Movimento, produzida pelo Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. A obra avalia os avanços sociais conquistados durante a redemocratização do país, nos anos 1980, o desconforto social observado desde as manifestações de rua de junho de 2013, além da atual crise econômica.
André Furtado avaliou que o pensamento de Celso Furtado continua sendo muito atual, porque ele buscou juntar uma análise econômica com a dimensão social. Sobre a atual conjuntura, ele disse que o Brasil caminhou bastante na ampliação do consumo.
“Essa expansão do consumo, obviamente, incluiu as classes mais baixas, mas manteve, a grosso modo, a mesma estrutura brasileira”, disse. “Esse projeto de querer democratizar a sociedade de consumo não vai dar certo e é inviável, no meu entender”, disse.
Segundo André Furtado, o país deveria priorizar os bens de consumo coletivos, como o transporte coletivo. “Cabe ao Estado ter uma presença maior na economia brasileira no sentido de orientar para um consumo de bens coletivos. Essa priorização para os bens coletivos de consumo é um forma de garantir uma melhor distribuição de renda, tornar as cidades brasileiras mais sustentáveis. Eu acho que está na hora de sair dessa trajetória em que estávamos e pensar em algo novo”.
Luiz Felipe de Alencastro lembrou que Furtado foi o primeiro ministro do Planejamento do Brasil e que, quando chegou em Paris em meados dos anos 1960, ele era um dos raros especialistas da América Latina e os bancos tinham interesse nele para saber o que estava ocorrendo na região.
Sobre o cenário atual, Alencastro acredita que o alvo seja a Constituição Federal de 1988. “Eu acho que estamos passando um teste de resistência, não do governo, nem do PT, mas da Constituição. O alvo remoto de toda essa ofensiva é a Constituição. Já começam a aparecer debates que houve antes e durante a Constituinte. Esse debate então de que o país precisa de uma Constituição onde caiba sua economia, eu vi isso antes. É o avanço político que transforma a economia”.
Gilberto Bercovici disse que a Constituição de 1988 prevê, nos objetivos da República, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a miséria, diminuir as desigualdades sociais e regionais. Ele disse ainda que a Carta Magna prevê que a finalidade da ordem econômica é a existência digna, a ideia de soberania, de redução da desigualdade e de pleno emprego. “Depois prevê que o mercado interno é patrimônio nacional e que deve ser desenvolvido para incorporação da população”, disse.
Segundo Bercovici, a obra do Celso Furtado influenciou bastante na estruturação da Constituição, porque o autor sempre esteve presente no debate. Na época da Constituinte, Furado era ministro da Cultura.
O programa Brasilianas.org, tem apresentação do jornalista Luís Nassif, e vai ao ar todas as segundas-feiras, às 23 h, na TV Brasil.
Deixe seu comentário