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Turquia cessa disparos e diz que não quer guerra contra Síria
Criado em 04/10/12 14h36
e atualizado em 04/10/12 15h20
Por EBC
Fonte:Agência Lusa
Akçakale (Agência Lusa) - A Turquia cessou na manhã desta quinta-feira (04) os disparos de retaliação contra a Síria, um dia depois de um bombardeio sírio ter atingido a localidade fronteiriça turca de Akçakale, matando cinco civis.
O Parlamento turco aprovou, entretanto, uma autorização para operações militares em território sírio. Após várias horas de debate à porta fechada, o Parlamento turco, onde o partido conservador islâmico do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan tem uma confortável maioria, deu a autorização a operações militares em território sírio em nome da "segurança nacional".
Pedido de desculpas
Logo após a aprovação do texto, o vice-primeiro-ministro turco, Besir Atalay, esclareceu que a Turquia não quer declarar guerra à Síria, atenuando os receios de uma perigosa escalada militar.
"Esta moção não é uma moção para a guerra", assegurou.
Atalay afirmou que a Síria admitiu a responsabilidade dos disparos feitos na quarta-feira e pediu desculpas. "A parte síria admitiu o que fez e desculpou-se. Garantiu que tal incidente não se repetirá", insistiu.
"A Turquia não procura a guerra, mas é capaz de se defender de qualquer ataque que ameace a sua soberania", resumiu Omer Celik, um dos vice-presidente do Partido da Justiça e do Desenvolvimento, no poder. Logo na quarta-feira à noite, o governo turco afirmou a sua determinação em revidar.
"A Turquia não deixará impunes as provocações do regime sírio que ameaçam a nossa segurança nacional, mas vai respeitar o direito internacional e as suas regras de intervenção", afirmou Erdogan após uma reunião com os seus conselheiros.
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Bombardeio
Os disparos de retaliação da artilharia turca contra posições militares sírias na zona fronteiriça começaram ainda na quarta-feira à noite, e cessaram durante a manhã desta quinta, indicou fonte de segurança que pediu anonimato.
Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), a resposta militar turca fez vários mortos entre os soldados sírios. O incidente, o mais grave desde que um avião militar turco foi derrubado pela Síria em junho passado, foi firmemente condenado pelos aliados da Turquia.
Diplomacia
O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, considerou que os acontecimentos constituem "uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais", enquanto o homólogo alemão, Guido Westerwelle, defendeu "uma resposta razoável à deterioração da situação".
A representante da União Europeia para os Assuntos Externos, Catherine Ashton, condenou "vigorosamente" o incidente e apelou a "todas as partes para mostrarem moderação". O ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Mohammed Kamel Amr, condenou o ocorrido e "apelou ao governo sírio para respeitar as fronteiras com os países vizinhos e garantir que este ataque não se repetirá", segundo a agência oficial Mena.
O Irã, aliado do regime sírio, pediu, pela voz do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir Adbolahian, contenção e investigação sobre o ocorrido. Na Síria, 21 membros da Guarda Republicana, uma força de elite, foram mortos hoje de manhã em Qudsaya, nos arredores de Damasco, numa explosão a que se seguiu um tiroteio, indicou o OSDH.
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