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Centenas de manifestantes mantiveram os protestos nas cidades egípcias de Port Said, Ismailia e Suez, desafiando o toque de recolher instituído pelo presidente Mouhamed Mursi.

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Embaixador egípcio nega golpe de Estado no país

Criado em 05/07/13 05h53 e atualizado em 05/07/13 07h38
Por Renata Giraldi Edição:Graça Adjuto Fonte:Agência Brasil

Conflitos Egito manifestantes manifestação
Protesto contra o presidente Mouhamed Mursi, no Egito. (Agencia lusa/ABr)

Brasília – A destituição do poder, há dois dias, do então presidente do Egito Mouhamed Mursi pelas Forças Armadas colocou o mundo em alerta sobre o que ocorrerá no país. Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador do Egito em Brasília, Hossam Edlin Mohamed Ibrahim Zaki, negou que tenha ocorrido um golpe militar em seu país ou a ruptura da ordem democrática. Articulado e bem-informado sobre Brasil, o diplomata acompanha as reações no país sobre as mudanças no Egito.

“Eu concordaria com a interpretação de ruptura democrática, se as Forças Armadas tivessem abolido a possibilidade de eleições. Mas não, foi firmado um compromisso de que haverá eleições. A democracia não é apenas uma urna, é muito mais do que isso: é diálogo, busca pelo consenso e respeito pela identidade”, disse o embaixador, que está há sete meses no Brasil e foi designado por Mursi.

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Ex-porta-voz do governo do ex-presidente Hosni Mubarak, deposto em 2011 depois de quase 30 anos no poder, Zaki disse que os militares atenderam aos apelos dos manifestantes que queriam mudanças e a saída do então presidente. Para o embaixador, é essencial que o “mundo entenda o Egito, do contrário há erros de interpretação”. A seguir, os principais trechos da entrevista de Zaki à Agência Brasil.

Agência Brasil (ABr) – O que se passa no momento no Egito? Por que o presidente deixou o poder?
Hossam Edlin Mohamed Ibrahim Zaki – Para compreender o momento atual é preciso entender a sequência dos fatos. Tudo começou em novembro de 2012 com a forma como foi conduzida a discussão sobre a nova Constituição. Não houve acordo nem consenso, a Constituição foi apenas referendada.  Houve aí uma divisão na sociedade egípcia. A sociedade também não gostou de ver o processo de islamização. O segundo aspecto foi o agravamento da situação econômica: um crescimento abaixo do esperado e o [também o] desemprego. Para completar, não havia diálogo. O partido que estava no poder dizia que buscaria o diálogo nacional. O partido queria governar sozinho.

ABr – Para quem acompanha os acontecimentos no Egito, houve golpe de Estado, na linguagem diplomática, “ruptura da ordem democrática”. Como o senhor recebe essa avaliação?
Zaki -  Eu concordaria com a interpretação de ruptura democrática, se as Forças Armadas tivessem abolido a possibilidade de eleições. Mas não, foi firmado um compromisso de que haverá eleições. A democracia não é apenas uma urna, é muito mais do que isso: é diálogo, busca pelo consenso e respeito pela identidade. Esse é o discurso da liberdade e da democracia. É preciso considerar também os aspectos que envolvem as instituições, a Justiça e a mídia.

ABr – Assusta ver várias emissoras de rádio e televisão sendo fechadas, isso não é um atentado à democracia?
Zaki – O que tenho conhecimento é que as poucas emissoras fechadas estão impedidas de atuar porque estimulavam uma verdadeira guerra civil no país. Levadas pela interpretação de defender o presidente “com sangue”. Se elas continuassem funcionando, poderia haver uma guerra civil no Egito. São poucas emissoras.

ABr – É possível ter confiança no futuro governo do Egito em meio à situação atual?
Zaki – É um governo interino. Repito, interino. O senhor Adly Mansour [então presidente da Suprema Corte, nomeado pelos militares para substituir Mursi] ficará no poder cerca de seis meses. Em breve, as Forças Armadas promoverão eleições presidenciais. No momento do anúncio oficial das Forças Armadas [quando foi anunciada a deposição de Mursi], os militares estavam acompanhados pelos líderes máximos de vários segmentos do islamismo e também do cristianismo no Egito, assim como com o senhor Mohamed Elbaradei [principal líder da oposição]. Há uma longa trilha a ser percorrida e a busca pela conciliação nacional. Será um governo de técnicos, não de políticos.      

ABr – Mas a violência das manifestações chocou quem acompanhava os desdobramentos no Egito. Será que os protestos agora param?
Zaki – As manifestações praticamente acabaram. As pessoas já estão voltando para suas casas. A vida agora é bela.  

ABr – Para o senhor, mudarão as relações do Egito com o Brasil a partir do novo governo e da saída de Mursi?
Zaki – As relações não são afetadas pelas questões políticas em nenhum dos dois países. As relações são excelentes e continuarão a florescer. São relações antigas e muito boas entre duas nações que se respeitam e consideram-se mutuamente, além de preservar parcerias importantes. [O Egito está entre os principais parceiros do Brasil entre os países muçulmanos. Em 2012, o volume do comércio bilateral atingiu US$ 2,7 bilhões].
 
ABr – Além de acompanhar o que ocorre no Egito, o mundo pode fazer algo mais pelos egípcios?
Zaki – A primeira coisa a ser feita é tentar entender o Egito: como é o país em si. Se não houver essa compreensão, haverá erros de interpretação. O mundo pode colaborar com o Egito, incentivando os investimentos no país para a geração de emprego, a renda e o mercado turístico. Há muitas possibilidades. O mundo pode apoiar o Egito para ele se reerguer economicamente. A economia é a base desse apoio. Nós, egípcios, lembramos e apreciamos os que estão ao nosso lado.

Edição: Graça Adjuto

 

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