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Ingrid Betancourt

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Ingrid Betancourt apoia diálogo entre governo colombiano e Farc

Criado em 02/07/13 12h47 e atualizado em 02/07/13 14h23
Por Télam

Ingrid Betancourt
"Não podemos continuar com uma justiça de vingança, afirma a ex-prisioneira Ingrid Betancourt (Tobin.t/Creative Commons)

Há cinco anos, a ex-candidata presidencial colombiana Ingrid Betancourt foi resgatada, em uma espetacular operação de inteligência militar, após permanecer em cativeiro nas mãos das Farc por um período que se estendeu entre 2002 e 2008 e a converteu na refém mais emblemática dessa guerrilha.

O resgate, ocorrido em 2 de julho de 2008, junto ao de outros 14 reféns, significou um triunfo político para o então presidente Álvaro Uribe e seu ministro de Defesa, o atual líder Juan Manuel Santos, foi uma notícia mundial, e a aterrisagem do helicóptero que a trouxe da selva colombiana foi transmitida ao vivo por todas as cadeias de televisão.

Betancourt, cuja libertação na "Operação Jaque" foi saudada por líderes e personalidades de todo o mundo, era fundadora e candidata do partido Oxigênio Verde e foi sequestrada pelas Farc durante a campanha eleitoral de 2002, quando viajava por terra com Clara Rojas, sua porta-voz na campanha.

Ambas foram levadas à selva onde permaneceriam em cativeiro por seis anos, durante os quais Rojas teve um filho com com o qual se reencontrou após sua libertação, em 10 de janeiro de 2008, decidida unilateralmente pela organização insurgente.

No caminho para o cativeiro, Betancourt tentou fugir várias vezes e foi descoberta em todas, razão pela qual depois confessaria, foi amarrada e maltratada por seus cuidadores.

A ex-candidata foi uma das pessoas que haviam entrado em um acordo humanitário. Na verdade, o governo colombiano encabeçado por Uribe permitiu que a senadora Piedad Córdoba e o presidente da Venezuela Hugo Chávez participassem como facilitadores de um acordo humanitário em agosto de 2007.

No entanto, suspendeu unilateralmente esses esforços em 21 de novembro do mesmo ano, argumentando que Chávez havia se comunicado com o Alto Mando militar colombiano ainda que Uribe houvesse negado isso a ele previamente, o que gerou um incidente diplomático entre os países.

Finalmente livre, Betancourt foi indicada duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz e em 2008 obteve o Prêmio Príncipe de Astúrias da Concórdia, e foi escolhida embaixadora dos familiares dos sequestrados na Colômbia.

Também passou por vários países contando sua experiência e, mesmo dizendo que não vacilaria em sua luta pelas pessoas que permaneciam sequestradas, com o tempo se afastou da área política e foi viver em Paris.

Gerou-se na Colômbia uma forte polêmica por trás de seu resgate. Muitos criticaram seu pedido de uma indenização milionária ao Estado por não haver assegurado sua proteção.

"Essa história me afetou muito. Creio que foi muito injusto, senti que foi uma grande maldade", lembra Betancourt, que confessou haver renunciado logo a esse pedido. "Isso prolongou o tempo que precisei para me recuperar", disse sobre o tema.

Esta terça (2) marca os cinco anos do resgate e Betancourt, de Londres, onde cursa doutorado em Teologia na Universidade de Oxford, defende o "perdão" como elemento-chave para a paz na Colômbia e convida a sociedade a aproveitar o atual processo de paz porque "é uma grande oportunidade histórica".

O processo de paz que o governo de Santos negocia desde novembro de 2012 com as Farc em Havana é a terceira tentativa de diálogo com a principal guerrilha do país, depois de mais de meio século de conflito armado interno.

A ex-prisioneira confia no bom resultado das negociações porque "há uma racionalidade entre o feito de haver começado seu mandato criando uma Lei de Vítimas (e Restituição de Terras) para abrir um espaço de credibilidade com uma guerrilha que finalmente se sente na mesa de paz".

Além disso, identificou como "um dos pontos sensíveis dos negociadores" a forma de conjugar paz, perdão e justiça.

Por outro lado, considerou positivas as críticas dos opositores do processo, como o ex-presidente Uribe, pois "ajudam a obter uma paz de qualidade e não uma paz unida com cola".

Também recomendou não obrigar os guerrilheiros a pedir perdão nem se desmobilizar. "Temos que ser generosos e devemos abrir a eles a possibilidade de fazer política porque é essencial", disse, nos momentos nos quais se trata o ponto da participação política da guerrilha na mesa de Havana.

"Evidentemente, o perdão é um elemento central, mas não um perdão dado como esmola. Na Colômbia, somos todos responsáveis por essa guerra atroz. Todos formamos parte de uma geração que, com o perdão, deve assumir essa responsabilidade", disse.

Quanto à possibilidade de uma suspensão da pena para os guerrilheiros arrependidos, um dos pontos cruciais das negociações, diz que "não incomoda" a ela.

"Não podemos continuar com uma justiça de vingança. A paz nos exigirá aceitar certo grau de impunidade, é inevitável", reconheceu.

Creative Commons - CC BY 3.0

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