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Colômbia: A relação entre as drogas, a guerra e a pobreza

Criado em 06/08/13 15h44 e atualizado em 08/08/13 17h50
Por Leandra Felipe Edição:Marcos Chagas Fonte:Agência Brasil

Toribio (Colômbia) – Ao longo dos anos, a produção de cocaína e de maconha se transformou em uma das formas de financiamento das guerrilhas na Colômbia. Com todos os esforços para combater o narcotráfico, apreensões e redução da área plantada de coca, o país ainda está entre os três maiores produtores mundiais. O Programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil constatou a relação entre a produção, a pobreza extrema e o conflito armado. O programa irá ao ar às 22:00h (horário de Brasília)

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Na região de Toribio, cidade com 32 mil habitantes, há forte presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e também de plantações de maconha e coca. É comum que camponeses aluguem a terra ou cultivem as duas plantas, porque para eles é mais lucrativo plantar coca que é legal, assim como o café ou a banana.

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Na zona rural e bem perto das estradas é possível observar plantações de maconha e coca. Juan Pablo Rivera* - nome fictício - plantava tomate, mas começou a ter muitos prejuízos. Já tinha a estrutura montada para irrigação e iluminação. Há oito meses conta que alugou uma área de 35 metros quadrados para um rapaz que ele diz que não conhecia.

Dentro das estufas, as plantas de maconha crescem em cerca de quatro meses, porque são iluminadas durante a noite com lâmpadas e constantemente irrigadas. A plantação na terra de Juan Pablo já dura três meses.

O agricultor diz que vai ganhar o equivalente a R$ 570 pelos quatro meses de aluguel da plantação, quando a maconha for colhida. Ainda assim, ele diz que é melhor que plantar tomate. “É melhor que o tomate, mas eu não vou mais alugar quando colherem essas aqui. Tenho medo de ter minha terra desapropriada pelo governo”, comenta.

Além das plantações na zona rural, há cultivos até mesmo dentro da cidade. A 100 metros da delegacia de polícia existe uma pequena plantação de coca. Um policial que não quis se identificar diz que geralmente “fazem vista grossa” ou avisam a população de que estão fazendo algo ilegal e que podem perder a terra ou correr o risco de ter a plantação arrancada.

“Como vamos arrancar as plantas e impedir as pessoas de plantarem coca? O que vão comer?”, questiona o policial. Ele argumenta que enquanto não houver uma forte presença do Estado e mais apoio aos camponeses, na região, será difícil erradicar os cultivos ilegais.

O secretário de governo da cidade, José Miller, explica que faltam políticas claras relacionadas ao tema agrícola. “Essa falta de investimento e incentivo, aliados à presença forte da guerrilha, mantêm os camponeses muito vulneráveis ao narcotráfico. Não há nenhum produto agrícola que seja mais lucrativo que a maconha e que a coca”, destaca Miller.

O historiador colombiano Ricardo Vargas estuda o tema das drogas na Colômbia e a relação entre a pobreza e a presença dos cultivos ilegais. Ele confirma que a falta de opções de renda estimula o plantio.

“O povo está nisso porque não há alternativas. É por causa da forte crise na economia camponesa que as pessoas plantam coca e maconha. Porque sabem que é uma maneira de ter acesso a dinheiro. É simplesmente uma maneira de sobrevivência cotidiana”, explica.

Além disso, ele diz que o lucro de guerrilhas e de atos criminosos que processam a coca e a maconha é totalmente desigual. “Não se pode comparar um camponês miserável que tem que se escravizar para trabalhar com a coca e sobreviver com o plano que tem a guerrilha, que é um plano de intermediação. As Farc e outros grupos têm muito mais benefícios dessa coca”, destaca.

Para Jorge Restrepo, diretor do Centro de Recursos para a Análise do Conflito (Cerac), é preciso lembrar que as Farc usam a droga para financiamento da guerra.

“As Farc são uma guerrilha e assim usam o narcotráfico para se manter na batalha. Ela utiliza o narcotráfico para ter a vantagem na guerra. Isso é diferente de outros grupos, como as bandas criminais (bacrims) que controlam a produção em várias regiões, sem o viés político do conflito”, pondera.

Edição: Marcos Chagas


 

Creative Commons - CC BY 3.0

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