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Após 20 anos de genocídio, Ruanda vive campanha de reconciliação
Criado em 06/04/14 08h21
e atualizado em 06/04/14 11h38
Por Agência Lusa
Vinte anos após o genocídio de 1994, o Ruanda busca a reconciliação através do debate sobre o tabu das etnias. Nas escolas e universidades, empresas e ministérios, os ruandeses dialogam sobre o tema incentivados por uma campanha governamental chamada ‘Ndi Umanyarwanda’, ou ‘Eu sou ruandês’.
Um dos propositores da campanha, o deputado Edouard Bamporiki, afirma que a ideia é começar a conversar sobre os papéis étnicos criados pelo genocídio para reafirmar a unidade nacional. "Não temos 100% de certezade que sejamos diferentes por sermos Hutus ou Tutsis, mas temos 100% de certeza de que somos todos ruandeses”, disse.
Genocídio
Há 20 anos, 800 mil pessoas foram mortas numa campanha nacional de violência orquestrada por milícias de hutus extremistas contra tutsis e hutus moderados. “O mais importante que eu retiro deste programa é sentir-me muito mais confortável a falar sobre o nosso passado”, disse Freddy Mutanguha, diretor do Aegis Trust, que gere o Memorial do Genocídio em Kigali. Mutanguha também é um sobrevivente do genocídio e assume que o programa o ajudou a confrontar a história.
A etnicidade é um tema sensível no Ruanda desde o genocídio. Agora, nas aldeias e nas instituições públicas, as pessoas discutem o assunto abertamente em reuniões com moderador. Mutanguha diz que isto permite às pessoas discutir a verdade sobre o que aconteceu e partilhar experiências. Contudo, s opositores do programa dizem que ele espera que os Hutus peçam perdão pelo genocídio, mesmo quando eles próprios não estiveram envolvidos.
“Quem agiu mal é quem deve pedir perdão àqueles a quem fez mal (…) mas não em nome da minha mãe ou do meu avô”, alertou Frank Habineza, presidente do Partido Verde Unido, único da oposição. Habineza mostra-se ainda preocupado por o esforço ser muito unilateral, já que os Hutus pedem perdão, mas não obtêm resposta das vítimas.
Esta iniciativa é uma de muitas que o Ruanda tem realizado para tentar unir comunidades divididas por uma das maiores atrocidades do século XX. Apesar de o país se ter desenvolvido com velocidade desde o genocídio, tornando-se uma potência política da região, a reconciliação continua a ser um processo longo.
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