Ruanda é organizada e vestígios de massacre estão em memoriais, diz autora de livro

Criado em 05/04/14 20h13 e atualizado em 09/04/14 14h01
Por Luiz Claudio Ferreira e Allan Walbert Fonte:Portal EBC

Quem faz a imagem de Ruanda como um país cheio de marcas dos conflitos que mataram ao menos 800 mil pessoas está enganado, segundo Andreia Terzariol Couto, pesquisadora da Universidade de São Paulo e professora universitária em Campinas (SP). Ela lança, neste mês, o livro “O país das mil colinas”, como fruto de uma investigação que ela fez entre 2004 e 2006 atravessando aquele país inteiro. “Ruanda é um país organizado. Saía à noite e me sentia bem segura”

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Conforme ela explica, os ruandeses são bastante reservados para falar sobre o massacre. “Nunca era a minha primeira abordagem nas entrevistas, embora concordem que é necessário lembrar para que nunca mais isso aconteça”. Ela aponta que não há vestígios pelas ruas do massacre. Para isso, existem memoriais do genocídio em que se guardam lembranças do que ocorreu há 20 anos.

A pesquisa da professora traz os contextos que desencadearam o massacre e também 40 histórias de pessoas que sobreviveram aos ataques a partir de abril de 1994. Entre os depoimentos que mais chamaram a atenção dela, está o de uma mulher, que na época tinha 12 anos (hoje 32), que viu de dentro de uma fossa a família inteira ser assassinada. “Ela passou dois dias dentro desse buraco. Há muitas histórias de pessoas que se fizeram de mortas, em meio à montanha de cadáveres, dentro de igrejas, por exemplo”.

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A Ruanda que a professora conheceu é de convivência e relativa harmonia. “Mas é difícil mesmo imaginar que a família do seu vizinho pode ter feito parte de um massacre dos seus antepassados”.
Por isso, ela acredita que, para haver real reconciliação é necessário tirar a limpo tudo o que aconteceu e que os responsáveis sejam punidos.

Confira na linha do tempo os principais fatos que marcaram o massacre de Ruanda: