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Programa de TV promove discussão de gênero entre os homens em Moçambique

Criado em 30/03/15 06h13 e atualizado em 30/03/15 06h30
Por Eliane Gonçalves / EBC Edição:Leandro Melito / Portal EBC

Apresentador de TV em moçambique promove discussão de gênero entre os homens
Creative Commons - CC BY 3.0 - Apresentador de TV em moçambique promove discussão de gênero entre os homens

Eliane Gonçalves / EBC

Gilberto Macuácua é um jornalista de grandes proporções: um metro e 98 centímetros de altura e quase 110 quilos. Há quatro anos ele dirige e apresenta o programa de televisão "Homem que é Homem", que vai ao ar na tevê pública de Moçambique, a TVM.

Ele esteve no Fórum Social Mundial, que terminou nesse sábado (28) na Tunísia, para apresentar seu trabalho e aproveitar para entrevistar outros homens que participaram do evento. A proposta do programa de Macuácua é discutir relações de gênero pelo olhar do homem. A iniciativa de tratar o machismo e outras desigualdades pelo ponto de vista masculino virou caso de sucesso em um país que é marcado pela violência doméstica contra as mulheres.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o IBGE de Moçambique, em 2011, um terço das mulheres (33%) em idade adulta disseram já ter sofrido algum tipo de violência física. Na imensa maioria dos casos (87,5%), a agressão aconteceu por parte de pessoas com quem a mulher tem ou teve algum tipo de relação afetiva: 62% das mulheres apontaram o atual parceiro ou esposo como agressor, 21% indicam o ex-parceiro e 14,5% apontam para o padastro ou madrasta.

A violência de gênero em Moçambique não distingue idade, escolaridade ou renda. A agressão mais comum é o esbofeteamento, mas 12% das mulheres disseram já ter sido vítimas de estupro e abusos sexuais.

Gilberto, que se apresenta como contrário a qualquer desigualdade de gênero, enfrenta essas questões em seu programa propondo novos padrões de comportamento: "discutimos masculinidades tentando promover novas formas de relacionamento entre homens e mulheres".

Por promover esse tipo de discussão, Gilberto algumas vezes acabou sendo ele próprio vítima do preconceito. "No começo me perguntavam se eu era gay e ouvia comentários dizendo que minha minha mulher mandava em mim. Mas quando olhavam para mim, viam meu tamanho, surgia a dúvida. As pessoas diziam 'ele deve ser homem mesmo'", brinca.

 

A memória vem acompanhada por um sorriso de quem já conseguiu superar o preconceito. "Hoje, 'Homem que é Homem' virou um cartão de visitas da TVM e está tudo mais fácil". Para garantir a diversidade do conteúdo, o programa responde as dúvidas que chegam por email, telefone e redes sociais de homens de todo o país. Segundo Gilberto, eles recebem em média 70 mensagens por semana com perguntas sobre saúde e comportamento.

Durante o FSM, Gilberto Macuácua entrevistou o ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra. Vestido com um avental, Dutra falou sobre o casamento e lembrou que sempre dividiu as tarefas domésticas. Aproveitou para ensinar a receita de um prato típico do Rio Grande do Sul: a rabada.

 

" Homem que é Homem" conta com o apoio da ONG Hopem, Rede de Homens pela Mudança. Um dos coordenadores da ONG, Andrés Osa, explica que o projeto teve início a partir da conotação de que não adiantava manter a discussão sobre gênero restrita à fala das mulheres.

"Percebemos que em Moçambique há uma espécie de barreira que faz com que os homens não considerem, não se convençam quando é uma mulher que fala. Já com entre homens é mais fácil estabelecer a comunicação e fica mais fácil pensar em mudanças de padrão de comportamento. Mas não negamos o feminismo. Pelo contrário, somos filho dele", explica Andrés.
 

Creative Commons - CC BY 3.0

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