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Dinheiro

Imagem: Marcos Santos/USP Imagens

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Autoridades defendem mais recursos para prefeituras e melhor preparo na gestão

Criado em 02/12/14 13h42
Por Carolina Gonçalves Edição:Marcos Chagas Fonte:Agência Brasil

No mesmo dia em que o Congresso promulgou a PEC 39/13, transformando em lei a emenda que aumenta em 1 ponto percentual os repasses de impostos federais ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), gestores de cidades comemoram e cobram mais do Executivo federal. Paulo Ziulkoski, advogado e presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), reconheceu como “avanço” o acréscimo em dois anos: 0,5% em julho de 2015 e 0,5% em 2016, o que resultará em um acréscimo aos cofres das prefeituras de quase R$ 4,5 bilhões. Por outro lado, o advogado avalia que a medida “está muito longe de ser a solução” para as administrações locais.

“Temos 3.500 municípios que tem mais de 50% de sua arrecadação baseada neste fundo”, explicou. Ziulkoski afirmou que, se os municípios fossem empresas, “estariam quase falidos” e citou problemas como o vivido por São Paulo. “É a cidade mais problemática hoje. A pequena cidade tem o problema de endividamento corrente no atraso de pagamento de funcionário, mas em São Paulo há uma dívida estrutural quase intransponível”.

O presidente da CNM defende a mudança nas regras atuais de repasse. Para ele, a regra que rege as emendas parlamentares teria que ser alterada. A proposta é que o valor pago a essas emendas fosse destinado integralmente a um fundo equalizador que seria distribuído para todas as cidades e os deputados e senadores, que representam esses locais, apenas apontariam os gastos prioritários. “A emenda parlamentar demora 37 meses, em média, para ser concluída, desde o inicio até a última prestação de contas e só é pago 20% [do total das emendas]”, ressaltou.

Segundo ele, a estatística ficou evidenciada em um levantamento feito pela confederação sobre o histórico de pagamento desses recursos, nos últimos 12 anos. O balanço revelou que, nos últimos dez anos, 1,5 mil municípios não receberam esses recursos. “Se criássemos esse fundo equalizador de 1% do PIB [Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas no país] o parlamentar indicaria [o gasto]. Só que seria pago a todos. O município menorzinho receberia o valor correspondente para determinada obra. Teríamos a solução e não teríamos esse vai e vem de prefeitos à Brasília, gastando diárias em projetos”, explicou.

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Minutos antes da promulgação da emenda, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes, que participou de um seminário da Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados sobre o FPM, alertou que é preciso investir na gestão desses recursos. Ele citou o levantamento feito pelo órgão mostrando que, muitas vezes, o dinheiro não chega até as prefeituras e “quando chega é de péssima qualidade na saúde, na educação e em todas as áreas. Repassar mais recursos é importante, mas ter qualidade na entrega do serviço é fundamental”, destacou o ministro ao citar a aplicação do dinheiro em projetos que trazem poucos benefícios para a população local.

Nardes defendeu que o pacto federativo ocorra paralelamente a um pacto de governança. “O TCU não vê mais só a legalidade mas passou a ver a qualidade. Fizemos uma evolução no tribunal para saber como está a entrega dos produtos para a sociedade. O dinheiro tem que chegar ao município e ser bem aplicado, mas muitos prefeitos não estão preparados para administrar”, disse.

Uma auditoria feita pelo tribunal mostrou que apenas 7,6% dos 2 milhões de funcionários públicos da União estão bem preparados para administrar esse tipo de gasto. “Tem ministérios que não tem funcionários permanentes. Quando muda o ministro, muda toda a história na instituição porque os funcionários são cargos de confiança, por isso a transposição do São Francisco começou com R$ 4 bilhões e já está com R$ 8,5 bilhões. Era para ter terminado em 2010,  estamos em 2015 e ainda não terminaram as obras”, completou. Nardes afirmou que a situação é ainda pior nos municípios. “Se não têm funcionário bem preparado, bem treinado, com estrutura suficiente para entregar [um projeto de] saúde, não tem bom tratamento de saúde”, lamentou.

Editor Marcos Chagas

Creative Commons - CC BY 3.0

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