one pixel track analytics scorecard

Digite sua busca e aperte enter


Compartilhar:

Agenda Brasil: saiba quais são as propostas do Senado para enfrentar a crise

Criado em 13/08/15 19h55 e atualizado em 14/08/15 19h01
Por Líria Jade Fonte:Portal EBC

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que vai apresentar na próxima segunda-feira (17) um cronograma com as propostas consensuais da chamada Agenda Brasil já em condições de serem pautadas para votação. Mas você já sabe o que é essa agenda e o que está sendo proposto?

Segundo o presidente da Senado, o conjunto de propostas busca a retomada do crescimento do país e o fim da crise. O documento foi apresentado por Renan Calheiros no plenário do Senado no dia 10, um dia após reunião do presidente da Casa com líderes partidários e com os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa. Inicialmente, a lista continha 27 proposições, que foram ampliadas para 43 após novas reuniões entre senadores e membros do Executivo. Elas estão divididas em quatro eixos: Melhoria do Ambiente de Negócios e Infraestrutura, Equilíbrio Fiscal; Proteção Social; e Reforma administrativa e do Estado.

Muitos pontos provocaram reações imediatas no governo e em setores da sociedade civil. A cobrança de serviços no SUS para brasileiros com alta faixa de renda - que chegou a ser cogitada - não figura mais na lista. Outro ponto polêmico seria a extinção do bloco econômico Mercosul e é possível uma alteração do tópico. Há ainda outros itens polêmicos que permanecem na agenda, como "regulamentar o ambiente institucional dos trabalhadores terceirizados" e "revisar os marcos jurídicos que regulam áreas indígenas".

Organizações socioambientais escreveram um manifesto público contra o pacote de medidas. Segundo as 13 entidades que assinam o documento, a agenda proposta por Renan "aprofunda os retrocessos em questões socioambientais, rifando os direitos territoriais indígenas e a regulação ambiental e colocando o país na contramão das respostas que exige a crise climática". A Fundação SOS Mata Atlântica, o Imazon e o Greenpeace estão entre os autores do manifesto. Já a oposição classificou a coleânea de propostas como "cortina de fumaça". O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarou, ainda, que as propostas apresentadas pelo presidente do Senado são “jogo de espuma”.

Saiba quais são as propostas dos quatro eixos:

Melhoria do Ambiente de Negócios e Infraestrutura

Equilíbrio Fiscal

Proteção Social

Reforma administrativa e do Estado

Melhoria do Ambiente de Negócios e Infraestrutura

Na área de infraestrutura, a agenda propõe uma simplificação dos procedimentos de licenciamento ambiental. Um dos principais entraves vistos pelo presidente do Senado é a demora nas licenças ambientais, necessárias para a construção de grandes obras. Por isso, a agenda quer estabelecer prazos mais ágeis para a liberação deste tipo de autorização.

Outra medida prevista é a revisão dos marcos jurídicos que regulam áreas indígenas, para compatibilizá-las com atividades produtivas. Além disso, a reavaliação da legislação sobre “investimentos na zona costeira, áreas naturais protegidas e cidades históricas” quer atrair novos investimentos.

Confira abaixo todos os pontos previstos neste eixo:

- Aperfeiçoar a segurança jurídica dos contratos: blindar as legislações de contratos contra surpresas e mudanças repentinas. Essa blindagem colabora para proteger a legislação das PPPs, por exemplo, item relevante nestes tempos em que o país necessita de mais investimentos privados.

- Aperfeiçoar marco regulatório das concessões, para ampliar investimentos em infraestrutura e favorecer os investimentos do Programa de Investimentos em Logística do Governo (PIL).

- Implantar a Avaliação de Impacto Regulatório para que o Senado possa aferir as reais consequências das normas produzidas pelas agências reguladoras sobre o segmento de infraestrutura e logística.

- Regulamentar o ambiente institucional dos trabalhadores terceirizados, melhorando a segurança jurídica face ao passivo trabalhista potencial existente e a necessidade de regras claras para o setor.

- Revisar e implementar marco jurídico do setor de mineração como forma de atrair investimentos produtivos.

- Revisar os marcos jurídicos que regulam áreas indígena, como forma de compatibilizá-las com atividades produtivas.

- Revisar a legislação de licenciamento de investimentos na zona costeira, áreas naturais protegidas e cidades históricas como forma de incentivar novos investimentos produtivos.

- Eliminar vistos turísticos para mercados estratégicos (como estímulo ao desenvolvimento turístico aproveitando o câmbio favorável e a realização de megaeventos).

- Simplificar o licenciamento para construção de equipamentos e infraestrutura turística em cidades históricas, orla marítima e unidades de conservação, melhorando a atração de investimentos.

- PEC das Obras Estruturantes — estabelecer processo de celeridade com segurança jurídica para o licenciamento ambiental de obras estruturantes do PAC e dos programas de concessão (com prazos máximos para emissão de licenças).

- Simplificar procedimentos de licenciamento ambiental, com a consolidação ou codificação da legislação do setor, que é complexa e muito esparsa.

- Estimular as exportações, incluindo antecipação das alíquotas do Reintegra prevista no Plano Nacional de Exportações, celeridade nas liberações aduaneiras, e funcionamento dos portos (particularmente dos serviços aduaneiros) 24 horas por dia.

- Acabar com a união aduaneira do Mercosul, a fim de possibilitar que o Brasil possa firmar acordos bilaterais ou multilaterais sem necessariamente depender do apoio dos demais membros do Mercosul.

 

Equilíbrio Fiscal

Com relação às medidas fiscais, o senador espera uma maior flexibilidade ao gasto público e propõe que os senadores votem as proposições referentes à reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Outra demanda para dinamizar a economia do Estado é a reforma da Lei de Licitações - PLS 559/13, para “modernizar o procedimento e para atualizar os valores das alçadas, defasados desde 1996”.

A reforma do ICMS inclui um projeto de resolução para unificar a alíquota do imposto em todos os estados; uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria fundos de compensação para os estados que perderão com a unificação da alíquota; um projeto de lei para convalidar os incentivos fiscais que já foram concedidos no passado e foram considerados irregulares pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz); e um projeto que regulariza os ativos de brasileiros que foram enviados ao exterior sem comunicado às autoridades brasileiras mediante o pagamento de multa e imposto de renda.

O documento prevê, ainda, a regulamentação do Conselho de Gestão Fiscal, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Confira abaixo todos os pontos previstos neste eixo:

- Implantar a Instituição Fiscal Independente.

- Vender ativos patrimoniais (terrenos de Marinha, edificações militares obsoletas e outros ativos imobiliários da União).

- Aprovar a Lei de Responsabilidade das Estatais, com vistas à maior transparência e profissionalização dessas empresas.

- Aprovar a PEC 84/2015, que impede o governo federal de criar programas que gerem despesas para estados e municípios e Distrito Federal, sem a indicação das respectivas fontes de financiamento.

- Regulamentar o Conselho de Gestão Fiscal, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.

- Reformar o PIS-Cofins de forma gradual, com foco na “calibragem” das alíquotas, reduzindo a cumulatividade do tributo e a complexidade na forma de recolhimento.

- Reformar o ICMS (convergência de alíquotas) e adotar outras medidas a serem sugeridas pela Comissão Especial de Aprimoramento do Pacto Federativo.

- Adotar medidas para repatriação de ativos financeiros do exterior, com a criação de sistema de proteção aos aderentes ao modelo.

- Reformar a Lei de Licitações — PLS 559/2013 — para modernizar o procedimento e também para atualizar os valores das alçadas, defasados desde 1996.

- Revisar resolução do Senado que regula o imposto sobre heranças, sobretudo quanto ao teto da alíquota, levando-se em conta as experiências internacionais (convergir com média mundial).

- Favorecer maior desvinculação da receita orçamentária, dando maior flexibilidade ao gasto público. Estabelecer um TAC fiscal para “zerar o jogo” e permitir melhor gestão fiscal futura.

- Definir a idade mínima para aposentadoria, mediante estudos atuariais e levando-se em conta a realidade das contas da previdência social.

- Elaborar proposta para reajuste planejado dos servidores dos três Poderes, de maneira a se ter uma previsibilidade de médio e longo prazo dessas despesas.

- Priorizar solução para restos e contas a pagar.

- Fixar limites para as dívidas líquida e bruta da União.

- Fixar prazo para que os bancos liberem os valores referentes aos depósitos judiciais, conforme emenda do Senado ao PLC 15/2015, que originou a Lei Complementar 151, de 5 de agosto de 2015.

Proteção Social

Em relação à proteção social, o documento prevê alterações no funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Previdência Social. A medida propõe “regulamentar o ressarcimento pelos associados de planos de saúde, dos procedimentos e atendimentos realizados pelo SUS” e “avaliar a proibição de liminares judiciais que determinam o tratamento com procedimentos experimentais onerosos ou não homologados pelo SUS”. Em relação à Previdência Social, o texto quer “ampliar a idade mínima para aposentadoria”.

Confira abaixo todos os pontos previstos neste eixo:

- Regulamentar o Artigo 23 da Constituição federal: definir as responsabilidades e o papel supletivo e redistributivo da União, dos estados e municípios; criar o sucessor do Fundes; criar o Sistema Nacional de Educação (SNE); implementar o Plano Nacional de Educação nos três entes federativos; aperfeiçoar o financiamento a padrões de qualidade; equilibrar programas universais com a necessidade de focalização (Fies, Pronatec), e adequar sistemas subnacionais ao SNE.

- Condicionar as alterações na legislação de desoneração da folha e o acesso a crédito subvencionado a metas de geração e preservação de empregos.

- Aperfeiçoar o marco jurídico e o modelo de financiamento da saúde. Avaliar a proibição de liminares judiciais que determinam o tratamento com procedimentos experimentais onerosos ou não homologados pelo SUS.

- Regulamentar o ressarcimento pelos associados de planos de saúde, dos procedimentos e atendimentos realizados pelo SUS.

- Compatibilizar os marcos jurídicos da educação às necessidades do desenvolvimento econômico e da redução das desigualdades.

- Compatibilizar a política de renúncia de receitas, no orçamento público, à obtenção de resultados positivos no enfrentamento das desigualdades regionais e na geração de emprego e renda (trata-se de determinação constitucional).

- Dar tratamento prioritário à questão da segurança pública e do sistema prisional.

- Ajustar o acesso à educação nos programas de financiamento público, assegurando sua sustentabilidade.

Reforma administrativa e do Estado

No que se refere à reforma administrativa, a Agenda Brasil defende e “redução de Ministérios e estatais, com redução de cargos comissionados e estruturas administrativas obsoletas”. A proposta quer ainda priorizar o processo de simplificação da relação com o cidadão e os empresários, com base no Super Simples.

Confira abaixo todos os pontos previstos neste eixo:

- Reduzir ministérios e estatais, com diminuição de cargos comissionados e estruturas administrativas obsoletas.

- Reformar as agências reguladoras, com foco na independência e efetiva capacidade de regular adequadamente áreas estratégicas como infraestrutura, logística, energia e comunicações.

- Regulamentar o Conselho de Gestão Fiscal, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal.

- Implantar modelo de administração pública gerencial, com metas e indicadores de resultado. Favorecer a formação dos gestores públicos alinhados com um padrão mais eficiente de gestão.

- Revisar o marco regulatório e o modelo de administração dos fundos de pensão como forma de preservar a poupança interna do país.

- Priorizar um amplo processo de simplificação da relação do Estado com o cidadão e os empresários, com base no Super Simples, desburocratizando procedimentos redundantes e melhorando o ambiente de negócios, conforme elenco de sugestões da Agenda Brasil.

Você também pode conferir a Agenda Brasil aqui.


 

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia Fazer uma Reclamação Fazer uma Elogio Fazer uma Sugestão Fazer uma Solicitação Fazer uma Simplifique

Deixe seu comentário