Comboio de vans com usuários de crack recolhidos, em julho de 2012, durante Operação da Polícia Civil em conjunto com a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), no Complexo de Manguinhos, chega a Delegacia da Criança e Adolecente Vítima (DCAV).

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Pesquisadora: combate ao crack precisa de repressão e prevenção para ser efetivo

Criado em 21/10/12 12h11 e atualizado em 21/10/12 13h03
Por Vladimir Platonow Edição:Graça Adjuto Fonte:Agência Brasil [2]

Usuário de Crack
Vans com usuários de crack recolhidos, em julho deste ano, durante Operação da Polícia Civil no Complexo de Manguinhos (Tânia Rêgo/ABr)

Rio de Janeiro – O combate ao uso do crack deve mesclar ações repressivas e preventivas para apresentar melhores resultados. Embora envolva tráfico de drogas, o problema precisa ser visto pelo prisma da saúde pública, disse a socióloga Juliana Barroso, subsecretária de Educação, Valorização e Prevenção da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Rio (Seseg).

Uma das chaves para solucionar a questão da dependência química do crack, droga barata e de rápida adicção, é o treinamento dos agentes de segurança para atuar nas chamadas cracolândias. Para garantir esse objetivo, a Seseg iniciou no último dia 16 o Programa Crack, É Possível Vencer, que vai qualificar 200 policiais civis e militares e guardas municipais. Durante um mês, serão abordados assuntos sobre policiamento comunitário, redes de atenção e formas corretas de abordagem.

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“O objetivo é ensinar a lidar com esses espaços onde há o uso do crack. Isso não é um problema [unicamente] de segurança pública, é mais ligado à saúde. É preciso saber como fazer uma abordagem adequada ao usuário e também desenvolver a prevenção”, disse a socióloga, que reconheceu ser mais difícil tratar o dependente da droga do que evitar que a criança ou o adolescente tenham interesse por ela.

Entre as iniciativas já consolidadas no campo da prevenção, ela destacou o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), desenvolvido pela Polícia Militar e direcionado a crianças e adolescentes que cursam o ensino fundamental, e o Papo de Responsa, sob responsabilidade da Polícia Civil, que visa principalmente a adolescentes e jovens, incluindo universitários.

“Temos que dialogar com essas pessoas, chamar a atenção para os danos que o uso das drogas pode causar. A gente nunca trabalha sob a perspectiva de que é ilegal ou imoral. Se fossemos com esse diálogo para uma criança ou um adolescente, aquilo que é proibido pode acender maior curiosidade sobre as drogas.”

Segundo ela, os balanços existentes indicam que a quase totalidade das crianças que já passaram pelo Proerd não tiveram contato com as drogas. O programa dura seis semanas, com a presença de um policial fardado em sala de aula, que conversa abertamente sobre os problemas provenientes do uso de drogas. Também são promovidos encontros com os pais dos alunos, sob a perspectiva da responsabilização.

“Durante os últimos 30 anos, se investiu muito na repressão e não se teve resultado que desse uma virada na área de segurança pública. Agora, estamos trilhando outro caminho, que utiliza a repressão mas também a prevenção. É mais demorado, os resultados vão surgir além deste governo, mas é o caminho que dá resultado comprovado.”

Outro aspecto importante levantado pela socióloga é a integração entre os três níveis de governo - municipal, estadual e federal. O Programa Crack, É Possível Vencer é uma iniciativa do governo federal, mas a execução local é do governo do estado. E ambos precisam de ações de apoio da prefeitura, principalmente no acolhimento aos usuários da droga.

“A gente conseguiu avançar muito em nossa política de segurança pública graças a esse alinhamento, que é essencial para atingir os resultados.”

Edição: Graça Adjuto

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