A Comissão de Educação do Senado volta a discutir a proposta do ato Médico, que regulamenta o exercício da medicina no país.

Imagem:

Compartilhar:

Saúde [1]

Entenda o que é o Ato Médico

Criado em 19/06/13 15h11 e atualizado em 12/07/13 18h55
Por Léo Rodrigues Edição:Leyberson Pedrosa Fonte:Portal EBC

Saúde
Ato Médico gera polêmica entre profissionais da saúde. (foto: Carol Garcia - Gov/Ba / Creative Commons)

Atualizada em 12/07/2013

Motivo de polêmica entre profissionais da saúde, o Ato Médico foi aprovado no dia 18 de junho no Senado, mas teve alguns pontos vetados pela presidenta Dilma Rousseff nesta quinta (11). O projeto vinha gerando preocupações em enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos, nutricionistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais e outras categorias que temiam ter algumas de suas funções limitadas pela nova legislação.

O Ato Médico é o nome dado ao Projeto de Lei do Senado (PLS) 268/2002 [2] e ao Projeto de Lei (PL) 7703/2006 [3]. Eles buscam regulamentar o trabalho do médico que, embora seja uma profissão milenar, não possui na legislação brasileira uma enumeração de suas atribuições. Como o tema de ambos os projetos é exatamente o mesmo, a tramitação foi realizada de forma conjunta.

- Dilma sanciona Ato Médico, mas veta pontos polêmicos [4]

LEIA TAMBÉM:
- Dilma veta item que permitia somente a médicos aplicar injeções [5]
- CFM diz que vetos são agressão e traição aos médicos [6]
- Vetos são vitória do SUS e da população, avaliam profissionais de saúde [7]
- Ato Médico não altera prática da odontologia, diz presidente do CFO [8]

Autonomia

O ponto mais polêmico do Ato Médio é o artigo 4º, que teve nove pontos vetados por Dilma. Ele define as atividades privativas do médico. Entre elas está a "formulação de diagnóstico nosológico e respectiva prescrição terapêutica". O Conselho Federal de Medicina (CFM) entende que o texto não feria a autonomia dos demais profissionais, que podem realizar diagnósticos nas suas áreas de atuação.

No entanto, outras categorias que atuam na saúde teceram críticas, argumentando que a redação não é clara o suficiente e deixa brechas. Em uma entrevista para o portal do Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais (Cress-MG) [9], a psicóloga Lourdes Machado ressaltou que a nova lei seria um risco para a ideia de saúde multiprofissional, uma vez que a prescrição de tratamento se torna prerrogativa do médico.

"Se um usuário do sistema de saúde apresentar um quadro psicológico relacionado a um problema de obesidade e um psicólogo considera que deve encaminhá-lo a um nutricionista, ele não terá essa autonomia. Precisa primeiro encaminhá-lo a um médico, que avaliará a necessidade e a pertinência da indicação", exemplifica Lourdes.

Já Raimunda Ferreira, do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), também critica uma possível redução que a Lei causaria no exercício profissional dos assistentes sociais. Isso porque outra função que seria privativa aos médicos é a "indicação de internação e alta médica nos serviços de atenção à saúde". "A decisão de conceder alta a um paciente deve levar em conta as suas condições de vida e moradia, seu histórico familiar, etc. Um assistente social que realiza visitas domiciliares pode dizer se o ambiente doméstico favorece ou não a recuperação do paciente. Mas se não há diálogo e a palavra do médico é decisiva, o trabalho perde o sentido”, explica Raimunda.

Segurança

O Portal do CFM chegou a expor em sua página principal uma nota mencionando a importância da aprovação no Senado [10]. Segundo o CFM, "a identificação e o tratamento de doenças exigem conhecimentos específicos e preparação que são conferidos apenas pelos cursos de medicina". Além disso, a categoria defende que a regulamentação oferece à população mais segurança, uma vez que terá ciência de quais são as atribuições dos médicos.

Contudo, diversos profissionais acreditam que o texto poderia confundir em vez de dar segurança. O artigo 4º define que os procedimentos invasivos dependem de indicação médica e o artigo 5º reforça que injeções subcutâneas, intradérmicas, intramusculares e intravenosas não precisam ser realizadas por médicos, desde que tenham uma prescrição. O Conselho Federal de Enfermagem (CFE) chegou a questionar se a categoria poderia participar das campanhas de vacinação do SUS e se os enfermeiros deveriam exigir prescrição médica de todos os usuários que se apresentarem para receber a injeção.

Também os tatuadores levantaram a preocupação com o mesmo artigo, uma vez que realizam uma atividade invasiva o que, segundo o Ato Médico, depende de prescrição. No rol da polêmica, movimentos em favor de terapias alternativas como a homeopatia e a acumputura receberam o apoio do senador Aloysio Nunes (PSDB/SP) [11], para quem o texto se apega em excesso aos detalhes da medicina ocidental e desconsidera a influência cada vez maior de outras tradições.

Edição: Leyberson Pedrosa

Creative Commons - CC BY 3.0

Dê sua opinião sobre a qualidade do conteúdo que você acessou.

Para registrar sua opinião, copie o link ou o título do conteúdo e clique na barra de manifestação.

Você será direcionado para o "Fale com a Ouvidoria" da EBC e poderá nos ajudar a melhorar nossos serviços, sugerindo, denunciando, reclamando, solicitando e, também, elogiando.

Fazer uma Denúncia [40] Fazer uma Reclamação [40] Fazer uma Elogio [40] Fazer uma Sugestão [40] Fazer uma Solicitação [40] Fazer uma Simplifique [40]

Deixe seu comentário