Rio de Janeiro - O presidente do Comitê Organizador Local (COL), José Maria Marin, durante lançamento do poster oficial da Copa de 2014, que foi apresentado pelos embaixadores do evento

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Romário e Ivo Herzog levarão à CBF petição contra José Maria Marin

Criado em 29/03/13 20h49 e atualizado em 29/05/15 15h16
Por Leandro Melito - Portal EBC

Comissão da Verdade de SP investiga relação de presidente da CBF com a ditadura
José Maria Marin se tornou vice-governador de São Paulo em 1978 (Agência Pública)

Na  segunda-feira (1º), o deputado federal Romário (PSB-RJ) e Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelos agentes da ditadura, entregarão na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a petição pública pela saída de José Maria Marin da presidência da instituição [2]. O documento já conta com quase 55 mil assinaturas. 

Ivo Herzog , autor da petição, defende que Marin não pode representar a instituição brasileira que estará à  frente da Copa do Mundo de 2014 devido às evidências que o ligam ao regime de exceção que dominou o Brasil entre 1964 e 1985 . No texto em que justifica a petição, Ivo afirma que Marin ajudou a dar sustentação política à ditadura. "Ter Marin à frente da CBF agora, que estamos nas vésperas da Copa do Mundo no Brasil, é como se a Alemanha tivesse permitido que um membro do antigo partido nazista tivesse organizado a Copa de 2006", afirma. 

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A petição será entregue à CBF no 49º aniversário do golpe civil-militar que instaurou a ditadura no Brasil em 1964. Entre as figuras públicas que assinaram o documento estão Chico Buarque de Hollanda e Fernando Gabeira. Cópias da petição serão enviadas à direção dos 20 principais clubes que participam do Campeonato Brasileiro e a todas as federações estaduais de futebol.

Discursos durante o regime militar

Vladimir Herzog foi assassinado em 1975, quando estava ilegalmente detido nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Informações de Defesa Interna (DOI-Codi), controlado pelo Exército, em São Paulo. José Maria Marin era deputado estadual à época,  filiado ao antigo Arena, partido que garantia fachada legal e sustentação política ao regime na época do assassinato. Em 9 de outubro de 1975, Marin usou um aparte durante uma sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo para pedir  providências às autoridades contra a atuação de supostos militantes de esquerda na TV Cultura, emissora em que Herzog trabalhava como diretor de jornalismo.

O discurso está registrado no Diário Oficial de São Paulo. Dezesseis dias depois, em 25 do mesmo mês, Herzog foi ilegalmente detido e assassinado, após apresentar-se voluntariamente no DOI-Codi. A jornalista Rose Nogueira que trabalhava no jornal Última Hora da TV Cultura em 1975, sob a direção de Herzog,  afirma que os discursos de Marin na Assembleia intimidavam a equipe de jornalismo da emissora.

Confira o depoimento em vídeo:

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Cerca de um ano após a morte de Herzog, em 7 de Outubro de 1976, Marin fez um discurso de elogio ao delegado Sérgio Fleury, personagem ativo da repressão e violência durante a ditadura. No pronunciamento Marin considera que Fleury “deveria ser uma fonte de orgulho para a população de nossa cidade.”  “Sérgio Fleury se dedica ao máximo, sem medir esforços nem sacrifícios para honrar não apenas a polícia de São Paulo, mas acima de tudo seu título de delegado de polícia”, disse o então deputado em discurso também reproduzido pelo Diário Oficial.

Em circulação desde 19 de fevereiro, a petição está no site Avaaz, uma plataforma online que permite iniciativas em nível local, nacional e internacional. O movimento ganhou força ainda maior nos últimos20 dias, depois que José Maria Marin usou o site da CBF para se defender das acusações feitas contra ele.

Creative Commons - CC BY 3.0

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