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Manifestações de junho: pesquisador mapeia mobilização popular no Twitter

Criado em 30/01/14 22h21 e atualizado em 31/01/14 08h46
Por Luanda Lima Fonte:Portal EBC

Em junho do ano passado, uma onda de insatisfação ganhou força entre milhares de brasileiros e culminou nas manifestações que ocuparam as ruas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e muitas outras cidades pelo país. Muitas delas foram convocadas e disseminadas pelas redes sociais.

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Fabio Malini, coordenador do Laboratório de Pesquisa sobre Internet e Cultura (Labic) na Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes, começou a monitorar, já naquele mês, as hashtags que explodiram no Twitter, como #VemPraRua, #PasseLivre, #Protesto e #OGiganteAcordou, em um mapeamento que seguiu até 30 de outubro. Nesta quinta-feira (30), o pesquisador conversou com o Portal EBC, após falar ao público da Campus Party sobre os resultados do estudo.

"Nuvem" apresenta as expressões mais twittadas sobre as manifestações entre 15 de junho e 30 de outubro de 2013 (Fonte: Fabio Malini/Labic)

“Essas hashtags vão amadurecendo e se constituindo em outras mobilizações políticas. É um movimento que se consolidou em algumas agendas e que é difuso, mas tem pautas bastante concretas”, afirma. Segundo ele, o auge da mobilização foi no dia 17 de junho, quando 180 mil pessoas usaram a palavra “protesto” em suas postagens no microblog. “São muitas pessoas atentas, produzindo informação na rua e na rede”, avalia o docente.

“O número de tweets com a palavra ‘protesto’ no dia 17 superou os 300 mil. No dia 20, foram mais de 50 mil tweets”. Para Malini, é curioso observar que o volume de mensagens do primeiro dia seja superior ao do segundo, considerado por ele o evento mais midiático dos protestos, quando manifestantes ocuparam o Congresso. “A rua produziu muito mais comoção”, conclui.

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Ao analisar o movimento das redes, o pesquisador observa picos e oscilações. “Você tem uma queda do #VemPraRua, mas não porque a rua se tornou desmotivante e sim porque agora se precisa falar contra a polícia que mata o Amarildo, porque se precisa regionalizar essas lutas, falando de #protestoBH e #protestoCE.  Em determinados lugares, como o Rio de Janeiro, esse movimento não cessou. A cada possibilidade de aumento de passagem de transporte público, mais movimentos se constituem”, avalia.

No mapa, confira a distribuição encontrada pelos pesquisadores para os tweets de acordo com cada região (Fonte: Fabio Malini/Labic)

O entrevistado considera ainda que as pautas se tornaram mais objetivas ao longo do tempo. “Os black blocs elegeram a desmilitarização da polícia como uma pauta que unifica grupos tão distintos. Os militantes do passe livre têm muito claras as pautas, como tarifa zero, mais ciclovias e uma nova mobilidade urbana. Grupos de combate à corrupção elegem leis mais duras, controles dos gastos e transparência. As figuras que estão no poder têm que interpretar essas pautas”.

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Para Malini, entretanto, toda essa mobilização nas redes não é uniforme. Ela reúne diferentes perspectivas, de acordo com o professor. “Uma rede é uma disputa de perspectivas. Existem relações estabelecidas entre grupos, que ‘ocupam’ uma mesma hashtag, mas têm comportamentos e pontos de vista distintos”.

O docente usa como exemplo os vários sentidos dados aos internautas a “vandalismo”. Ele divide os grupos que discutem esse tema em cinco categorias:

1) Conservadores
São aqueles que estão vinculados a um pensamento capitalista e que dizem que vandalismo é um ato contra a propriedade privada.

2) Governistas
Para o grupo, um ato de vandalismo é contrário ao estado de direito. Identifica-se com o discurso de que não se faz manifestação com máscara, por exemplo.

3) Indignados
São perfis que nasceram na internet a partir das ruas e dizem que vândalo é o Estado.

4) Celebridades
Incluem artistas, políticos e outros indivíduos de grande popularidade. Discutem vandalismo de forma primitiva. Vândalo, para esses personagens, é alguém violento em geral.

5) Niilistas
Não acreditam em nenhuma dessas subjetividades e adotam o discurso de que ninguém pode dar solução à sociedade brasileira atual. Mantém-se crítica de forma geral. Nessa rede, entram os humoristas, que satirizam tudo e todos.

O pesquisador acredita que a mobilização virtual colaborou para uma mudança de mentalidade política. Outra consequência teria sido o desdobramento das pautas iniciais. “É um volume muito grande de gente que agora se transmuta em novos movimentos, como #NãoVaiTerCopa e #Catracaço”.

Assista à íntegra da entrevista com Fabio Malini

Creative Commons - CC BY 3.0 -
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